Drug {z.m}

❌Capítulo 4❌

Acordo com o som da campainha, resmungo e acabo por me levantar. Quem será que me veio acordar a um sábado de manhã? Caminho lentamente até á porta e abro-a, vendo a minha melhor amiga com um grande sorriso na sua cara.

"Bom dia alegria." - beija a minha testa e entra, sentando-se no sofá.

Esfrego os olhos e depois de fechar a porta, sento-me ao seu lado.

Sinto-me cansada e preferia passar este dia sozinha, ainda que ame a sua companhia, mas tudo na minha cabeça continua demasiado confuso e sei que acabarei por descarregar toda a furia que estou a sentir, nela, na pessoa que mais amo e que está sempre do meu lado.

"Podes começar já a contar o que se passou." - declara, fazendo a minha irritação tapar cada poro do meu corpo.

Suspiro longamente e indireito-me no sofá.

"Sabes aquele rapaz da nossa turma, aquele que ontem chegou atrasado e está na secretária ao lado da nossa? Ele beijou-me." - sussurro a última parte.

"Ele o que?" - grita.

Decido não falar mais e perder-me apenas nos meus pensamentos. Eu não sei o que foi pior, eu corresponder ao beijo, ou ter gostado, porque Deus, aquele foi o melhor beijo da minha vida, e eu? Eu continuo perdida no sabor dos lábios daquele anormal.

Sinto o meu corpo ser abraçado pelo meu único suporte e logo sinto as lágrimas apertarem. Eu não posso chorar, porque alguém como eu não pode chorar, mas eu sei, sei que nos seus braços está o meu porto seguro. Deixo que as lágrimas escorram pelo meu rosto e logo sinto o meu corpo ser mais e mais reconfortado entre os seus braços. Sinto que algo está mal desde a primeira vez que cruzei aquele rapaz no meu caminho e mesmo que queira controlar tudo o que estou a sentir, eu não consigo, é como se a sua alma fosse mais forte que eu e pudesse controlar a minha, apenas por um minuto e com o toque dos seus lábios, nos meus, é como se cada pedaço de mim fosse consumido por esse momento que não se apaga da minha mente.

"Então amor, não gosto nada de te ver assim, fala comigo, o que sentes?" - agarra a minha face entre as suas mãos e limpa as lágrimas da mesma.

Nego e acabo por deitar a cabeça sobre as suas pernas, recebendo leves caricias sobre o meu cabelo. 

Um sentimento de arrependimento atingue-me, eu nã deveria ter ido conhecer a cidade sozinha e muito menos aproximar-me do vulto que julguei ser a luz, mas que em segundos se revelou a escuridão, eu não devia ter deixado tudo para agora viver sem nada, eu não devia, mas foi isso que fiz. Eu errei e agora não sei como voltar atrás, não sei como apagar tudo da minha mente e muito menos como curar cada cicatriz que está presente em mim. 

A cada segundo que passa sinto que sou mais fraca e por muito que tente eu sei que a qualquer momento eu vou cair e todo o meu mundo se resumirá a ruínas e ruínas, mas eu já caí na armadilha e agora não sei como desfazer o laço que me prende a ela.

You were a thief, you stole my heart