❌ Capitulo 13❌

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Saio de casa e depois de trancar a porta guardo a chave na minha mala. Olho para a direita e depois para esquerda e por fim atravesso a estrada. Entro no carro e conduzo em direção a casa da Ellen. É segunda feira, dia de aulas e dia de encarar aquele rapaz, o rapaz que não sai dos meus pensamentos nem por um único segundo.

Respiro fundo e tento concentrar-me na estrada, mas tal tentativa revela-se um gigante fracasso. Sinto a minha alma ser mais abalada e as minhas mãos agarrarem o volante com mais força. Porque que tudo isto tem que acontecer comigo? Porque que eu não posso simplesmente ser feliz? Porque que o mundo conspira contra mim como se eu fosse a feiticeira má que merece o castigo depois de um enorme erro? Eu não sei e não consigo entender nada.

Assim que avisto a casa da minha menina, reduzo a velocidade e por fim paro em frente ao portão, onde ela se encontra. O seu corpo encaminha-se lentamente até ao carro e logo a porta deste é aberta por ela.

"Bom dia amor" - cumprimenta com a sua alegria habitual.

"Bom dia amor" - sorrio e deixo um beijo nos seus lábios e depois de uns minutos de conversa acabo por arrancar.

O caminho até à escola é realizado com muitas risadas, mas assim que a visto o enorme edifício, a minha sanidade foge, o ar corre para longe e a raiva apodera-se do meu corpo com uma força excessivamente arrebatadora. Estaciono o carro e antes de sair dele respiro fundo. Saio, olho em redor e depois de ganhar coragem, encaminho-me com a Ellen por entre os longos corredores, tão bem conhecidos por ambas.

Assim que chegamos a sala, os meus olhos enchem-se de água ao ver a imagem à minha frente.
Os seus lábios saboreiam outros lábios que não os meus, o seu toque é de outro ser e não do meu. A minha mente perde-se em em algum sítio bem longe e tudo se transforma numa realidade absurda. Tento juntar um mais um, mas o dois não faz sentido. Não sei onde estou, não sei quem sou.

Desvio o olhar e logo sinto o meu corpo ser abraçado pelo meu suporte.

"Não fiques assim amor, rapazes como ele não te merecem" - sussurra.

Eu não vou chorar. Eu não sou gritar. Eu não vou demonstrar que os seus gestos me afetam. Eu não vou, não não não.
O meu coração grita, a minha pulsação prende-se e o ar não é mais puro. As correntes magoam e os cacos no chão cortam as farpas de esperança.

Olho-o mais uma vez o cenário à minha frente e desta vez o seu olhar toca no meu. Os seus olhos estão raiados de sangue e o brilho deles é completamente morto. Ele perdeu-se, ele perdeu-se novamente no pó.

Drug {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora