❌Capítulo 10❌

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Uma dor, um ruído, outra dor, outro ruído. Respiro fundo e abro os meus olhos, mas a dor impede-me de concretizar essa tarefa até ao fim. Sinto um peso sobre o meu braço e uma maior concentração da dor sobre a minha barriga. Mexo a mão e sinto uns fios de cabelo. Respiro fundo, só mais uma vez e abro os olhos, acabando por vencer a dor. 

"Amor? Amor? És tu?" - ouço a voz, completamente desesperada, da minha melhor amiga. 

Olho em redor e facilmente percebo que o peso até aqui sustentado pelo meu braço, era a cabeça da Ellen. As paredes brancas atingem os meus olhos fortemente e o cheiro excessivo infiltrar-se pelas minhas narinas.

O seu calor abandona o meu corpo e logo ouço os seus gritos percorrerem as paredes do que julgo ser um hospital. Em menos do que direi 10 segundos, sinto várias movimentações em torno de mim. Fecho os olhos completamente e tento abstrair-me de tudo o que se passa entre estas quatro paredes. 

Tudo o que passa pela minha cabeça é a necessidade extrema de saber o que aconteceu para eu estar neste estado e no sítio onde estou. Deixo que o meu cérebro navegue pelas minhas memórias e assim que me lembro de tudo o que aconteceu, o pequeno órgão dentro do meu peito aperta e lança o meu sangue pelas minhas veias, a uma velocidade exacerbada. Abro os olhos rapidamente e abro as mãos, visualizando apenas os traços possuídos pelas mesmas. O ar foge e os meus pulmões procuram a solução para a existência do meu ser. 

"Amor? Que tens? Calma por favor." - ouço a voz da minha melhor amiga, mas tudo é demasiado distante para a minha fraqueza poder alcançar. 

As lágrimas caem e os sons não são nítidos como à segundos atrás. Perco-me nos caminhos de um labirinto nunca descoberto por outro alguém e sinto cada dor atravessar a minha pele e estalar em setas que perfuram os meus sentidos. 

Sinto algo frio atingir a minha pele e tudo em mim relaxar. Olho o pequeno objecto e logo me sinto cair no precipício da felicidade. O ponteiro guia os meus batimentos como nunca antes e o oxigénio volta a ser o suporte da minha vida e por fim tudo faz sentido. O sentido que eu precisava. 

"Eles iam rouba-lo." - abro os olhos e encaro a Ellen, que me olha carinhosamente, enquanto as suas lágrimas escorrem ao longo do seu rosto.

"E tu não deixas-te, tu meteste a tua vida em jogo para salvar o nosso colar." - funga e logo sinto o meu corpo ser inundado pelos seus braços.

Sorrio com a sensação de fortaleça que ela estabelece no meu ser e aperto o seu corpo contra o meu. Sinto-me feliz, por fim, eu consegui uma vez na vida ser a solução da minha salvação, eu consegui ser mais forte que os fortes que me quiseram derrubar, eu consegui ser aquilo que nunca ninguém julgou que eu fosse. Eu consegui!

"Tive tanto medo de te perder, quando cheguei a tua casa e te vi, lá no chão, cheia de sangue, meu Deus, nem me quero lembrar." - as lágrimas são agora mais e eu apenas me limito, a limpa-las lentamente.

"Isso agora não importa. Já estou bem, pronta para outra, aliás." - solto uma pequena gargalha, mas logo me arrependo, ao sentir uma dor atingir toda a zona da minha barriga.

Continuo com um sorriso na minha, sem demonstrar a dor que me atinge e puxo-a para o meu lado a cama. Agora sim, tudo está bem! 

Drug {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora