❌Capítulo 14❌

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A aula decorre com normalidade, enquanto os meus pensamentos são, mais uma vez, assaltados pelo ser que se encontra ao meu lado. A sua cabeça posiciona-se contra os seus braços que descansam sobre a velha secretária e os seus dedos imitem um som ao entrarem em contacto com o tampo da mesa.

"Senhor Malik, encontra-se bem?" - a velhota com os óculos no meio do seu nariz, olha por cima destes em direção aquele ser.

Ele levanta a face e os meus olhos arregalam-se. A sua cara é pálida como a neve, fazendo a cor dos seus olhos raidos de vermelhos sobressaír. O seu corpo parece tremer e a sua aura encontra-se completamente perdida.

"Eu preciso de ir lá fora." - a sua voz não passa de um simples sussurro, rouco e sem forças.

Sem que a velha diga alguma palavra, o seu corpo levanta-se e diambula pela sala, saindo desta em poucos segundos, sem me conseguir conter, levanto-me e corro atrás dele. Vejo-o entrar pela porta da casa de banho e corro ainda mais, entrando também.
O seu corpo encontra-se vergado sobre o lavatório e o meu apressa-se a posicionar-se ao lado dele.

"O que é que estás aqui a fazer?" - pergunta, sem desviar o seu olhar do mármore.

Decido não responder. Ligo a água, molho as mãos e com cuidado humedeço a sua face. Por muito incrível que pareça, ele não foge do meu toque e os seus olhos fecham-se ao sabor do mesmo. Solto um pequeno sorriso.

"Porque que estás a fazer isto?" - pergunta, apanhando-me desprevenida.

"Não sei!" - respondo sincera.

Realmente não sei, não sei mesmo. Depois de tudo, das suas palavras, da sua frieza, depois do estalo que me deu, eu continuo aqui, como se de alguma forma o meu bem dependesse deste ser que só me traz o mal. Talvez eu esteja apenas a enlouquecer e já não saiba distinguir o bem e o mal, talvez me tenha perdido na brumas do ser ao meu lado. Talvez, talvez, talvez.

Sinto o meu corpo ser encostado à pedra fria e logo o corpo dele se encosta ao meu. Os seus dedos afastam o cabelo da minha face, prendendo-o atrás da minha orelha. Os seus olhos perfuram os meus e as suas mãos agarram a minha cintura firmemente. Sem me controlar, levo as minhas mãos a envolver o seu pescoço e deixo leves carícias no seu cabelo. O seu rosto aproxima-se do meu e quando dou conta os nossos lábios já se encontram presos. A sua língua roça no meu lábio inferior e logo lhe cedo passagem, fazendo com que o beijo se torne mais intenso. Chupo o seu lábio com alguma forma e por fim, os nossos lábios deixam de estar conectados.

"És tão linda." - a sua palavras fazem o meu coração disparar.

Sorrio e acabo por ficar nos seus braços. Nos braços da destruição que ainda agora começou.

Drug {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora