❌Capítulo 19❌

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Passaram exatamente 3 dias desde a última vez que sai de casa. O meu telemóvel não é mais que um pequeno banco receptor de chamadas e mensagens que não reconhecem qualquer tipo de resposta da minha parte.

Preciso deste tempo para mim, preciso de estar sozinha e sem ninguém a guiar a minha vida, preciso de ser eu a guia-la. Estou cada vez mais cansada e sem um rumo definido, o que me faz perder a cada esquina que vire. Eu tentei ser salvação para mim e para os outros, mas a única coisa que consegui foi caus. O meu coração não bate de forma constante e a chuva lá fora, parece ser o único ponto correto.

Será que algum dia eu serei feliz? Será que algum dia eu serei normal, não sei, mas mais que nunca eu preciso de uma garantia, de um caminho a trilhar.

A campainha toca mais uma vez, causando arrepios na minha espinha. Será que não me podem deixar em paz? Mas que porra.
Caminho ao longo de toda a casa e quando abro a porta encontro a minha melhor amiga com um rapaz qualquer.

"Amor, meu Deus, estava tão preocupada." - grita e salta para cima de mim.

Aperto o seu corpo contra o meu e deixo-me ficar nos seus braços. É bom sentir que no meio de tanta solidão ainda existe alguém.

"Não precisavas, eu estou bem." saio do seu aperto e olho o rapaz que se mantém atrás de nós.

"Ah hum olá." - ele acena atrapalhado.

"Olá." - sorrio e olho a minha melhor amiga.

"Ah amor. Lembras-te do Justin? O rapaz que te tinha falado? Bem é este." - as suas bochechas ficam vermelhas e o seu olhar cai sobre os seus dedos que se enredam uns nos outros a uma velocidade alucinante.

"Prazer." - deixo dois beijos sobre a minha face.

"Prazer." - sorrio - "Então? Namoram não é?"

A mão da Ellen dirige-se rapidamente à minha boca, como se esta proferisse o maior erro já existente.
O rapaz gargalha e acaba por a agarrar, deixando um leve beijos seus lábios.

"Ahhhhh parabéns." - salto para cima da minha menina e aperto-a muito.

Várias gargalhadas são ouvidas por todos e o meu coração ganhou uma nova luz. A felicidade da minha melhor amiga.

(...)

"Nós vamos indo." - a Ellen levanta-se do sofá e sinto um pedaço do meu coração fugir para longe.

"Tudo bem." - sorrio levemente.

Sinto o meu corpo ser, novamente, abraçado por si. Não queria ficar mais sozinha, queria ter uma família para gritar, para amar e acima de tudo para ser amada.

Que mais poderei eu fazer para ser feliz? Para que tudo volte ao sítio onde nunca esteve, mas sempre devia ter estado. Queria tanto que tudo isto fosse uma grande alucinação, maior que aquilo que o mundo é. Se a vida fosse fácil não teria piada, mas a vida sendo extremamente difícil é apenas uma guerra, sem a batalha. Não quero continuar nesta vida, não quero continuar nesta alma que a cada dia que passa se destrói mais e mais. Queria tanto mudar, queria tanto amanhã acordar e ver que por fim, tudo esteve bem desde o início.

Drug {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora