❌Capítulo 11❌

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"Ellen menos, eu sei cuidar de mim, não sou nenhuma criança, sempre vivi sozinha, nunca precisei de ninguém a lamber-me o rabo, não é agora que isso vai mudar." - sento-me com cuidado no sofá.

Os seus olhos raiam de sangue e sei que a sua raiva dentro de segundos, se transformará em lágrimas. Talvez tenha sido um pouco dura com ela, mas eu não quero ninguém a viver comigo, nunca precisei disso e ela sabe bem que não seria capaz de lhe pedir para deixar a sua família e ficar comigo, por muito sozinha que me pudesse sentir, eu não o iria fazer.

"Quando te acalmares e me decidires falar imodo liga, agora vou embora." - deixa um beijo na minha testa e sai pela porta.

Solto um longo suspiro e controlo as minhas lágrimas. Não vou chorar mais, não vou. Eu fui uma vez forte em muitas fracas e não o serei mais uma vez. Agora ser forte é o meu único objetivo. Deito-me no sofá e agarro uma almofada com força, descarregando toda a fraqueza presente em mim e por fim fecho os olhos.

Medo, medo e medo, é tudo o que consigo sentir, desde o momento em que atravessei as portas desta casa, mas mais uma vez a necessidade de ser forte abate-se sobre mim. Todo o  manto de fortaleza cai e vejo-me, agora, sozinha entre estas quartos paredes. Viajo ao longo das memórias e tento lembrar-me da última vez que senti o conforto terno de uma vida realmente feliz em torno do meu ser, mas a única coisa que conquisto são as sombras desfocadas de uma robustez hoje, ainda mais danificada que ontem. A verdade ressoa entre as células do meu cérebro e a conclusão não passa, mais de uma vez, de uma dúvida constante, que se traduz em muito pouco, apenas em porque. Continuo perdida naquilo que sou desde sempre e tento encontrar a porta de saída deste corpo onde a alma se sente perdida. 

Um dia, um dia muito longínquo eu fui alguém, tive uma história, mas as brumas dissiparam-se e a realidade escapou-se por entres os meus dedos, os sorrisos não foram mais a constante da minha vida e o amor não foi mais a minha fonte de enriquecimento. Todas as palavras foram em vão e as lutas destruídas pelas pequenas batalhas de um mundo sem fim. O tic-tac, não é mais afinado e a única melodia receptível são os gritos de socorro.

Levo a mão até à minha face e sinto as lágrimas encharcarem as pontas dos meus dedos. O escudo caí e mais uma vez tudo ficou por terra, a força, a vitória. Tento sorrir, mas perco-me no meio das mágoas. 

Levanto o meu pequeno corpo e deixo-o deambular até ao andar de cima. Entro no quarto e deito-me na cama. Fechos os olhos e em segundos a minha alma é conduzida para um mundo á parte. 

Drug {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora