Perdida em tudo o que me tem acontecido, caminho ao longo da praia. A areia entranha-se em mim e o meu cabelo esvoaça ao sabor do vento. As lágrimas chegam em ondas enormes e não tem fim. Onde? Onde é que eu vou parar com isto? Os segundos passam e aquele rapaz nao me sai da cabeça, aliás, nada do que aconteceu entre nos se apaga da minha mente.
Ainda consigo sentir toda a intensidade com que a sua mão estalou sobre a minha pele, mas mesmo assim eu não consigo odiar aquele ser, eu não consigo.
Sento-me sobre a areia e fecho os olhos. Inspiro e expiro. Abro os olhos e fixo a minha atenção no ponto bem distante, mas algo faz o meu coração apertar.
Eu tenho a certeza que é ele. Como se o meu corpo tivesse vida própria corro pelo areal. Assim que vejo a imagem à minha frente, as lágrimas aumentam.
"Para!" - grito desesperada.
Os meus olhos doem e o meu coração está mais quebrado que qualquer coisa. Os cacos mais pequenos que os grãos de areia, tentam reconstruir uma estrutura firme, mas nada é capaz de curar tudo o que estou a sentir.
Corro mais e assim que o alcanço, dou um estalo na sua mão e o pó braco cai sobre a areia.
O seu olhar entra em contacto com o meu e toda a minha alma não passa de um pedaço de mim negro e gélido. Os seus olhos estão raiados de sangue e as suas veias são demasiado salientes.
Toda a revolta que sentia transforma em medo. Medo que o seu toque volte a destruir as ruínas, medo que as suas palavras ataquem o que já esta desfeito, medo, medo e medo.
"Tu não aprendes mesmo." - puxa o meu braço, fazendo-me bater com grande força no seu peito.
Tudo em mim estremece e por muito que tente desprender-me das marcas que este ser humano deixa em mim, eu sei que ja não será possível. Continuo perdida no seu olhar, ainda que este me consuma mais e mais.
"Porque que tinhas que aparecer na minha vida?" - grita mais uma vez e de seguida atira-me para o areal. - "porque que naquela noite vieste até mim?" - caminha de um lado para o outro.
Eu também não o queria na minha vida, eu não queria que os seus lábios ja mais tivessem tocado os meus.
Tenho tantas perguntas, mas nenhuma dela é suficientemente esclarecedora para obter alguma resposta. Tento encontrar o caminho, mas eu sei que naquela noite o labirinto começou e desde ai, o meu caminho não é mais o mesmo e mesmo que tente, sei que sair daqui já não será possível e porque? O porque eu não sei, apenas sei que nada está equilibrado dentro de mim e que aos poucos, eu vou cair e cair, mais e mais, segundo a segundo."És tão intrometida." - continua com o seu tom de voz bastante alto, despertando ainda mais raiva dentro de mim.
"Eu acabei de te salvar." - grito na sua cara, ouvindo una gargalhada vinda da sua parte.
"Enganas-te, tu acabaste de me levar ao precipício, tu estragas-te a minha salvação" - continua aos gritos comigo.
Somos apenas dois seres humanos que vivem em mundos tao distintos que se cruzam nas vias mais inesperadas. Somos apenas duas almas a lutar por algo que não vale a pena, mas que de uma forma estúpida nos completa, somos apenas duas pessoas perdidas que se cruzam a cada dia mais e mais, somos apenas dois lutadores que de derrubam mutuamente, sem que a força os vença.
"Tu usas a droga como uma salvação? Vê o quão estúpido isso soa." - falo agora mais baixo.
"Cala-te, não sabes nada de mim, então sai daqui, deixa-me sozinho." - empurra o meu corpo e começa a correr para longe, deixando- me sozinha.
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Drug {z.m}
FanfictionEle era um toxicodependente... "Se a droga me intoxica, então sai, sai daqui, porque és a droga que me vicia mais e mais" Ela era a cura