II - Olho de gato, unha de cão

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Olho de gato, unha de cão

SEIS ANOS

— Mas, vovó, por que eu não consigo acender aquela vela?

— Ah, Pandora, já disse que magia não é como nos filmes. Não será o que tu quiseres, apenas o que é.

— Mas...

— Criança, magia é algo poderoso e muito perigoso, na hora errada tu podes acabar machucando até mesmo as pessoas que tu amas.

— E eu? Por que você nunca me fala coisas como isso?

— Ah, Aponi, tu...

— Você não é bruxa.

— Pandora!

— O que foi? Ouvi você e a mamãe falando que ela não é como eu.

— É verdade? É por isso que...?

— Chega, meninas, vovó está cansada e precisa dormir.

— Sua mentirosa! Eu sou uma bruxa sim!

— Não é não! Você não é!

— Sou sim!

— Você é só mais uma humana!

 Mamãe!

 

OITO ANOS

— Aponi! Você está me machucando! Abre a porta!

— Faz uma bruxaria para abrir! Se você é bruxa, tente se soltar.

— Aponi! Meu dedo! A porta prendeu meu dedo!

— Bruxa!

— Por favor!

— Você não merece ser Duncan!

Aponi!

— O que está acontecendo?

— Mamãe, a Aponi...

— Ai Pan, você quase me matou do coração! Ainda bem que eu ouvi você chamar, senão nunca suspeitaria que tinha prendido seu dedo na porta.

— Sua mentirosa!

— Pandora, você está bem? O que aconteceu?

— Meu dedo, a Aponi...

— Ela deve ter prendido o dedo na porta mamãe...

— Vamos, vou curar seu machucadinho.

— Mas mãe... a Aponi...

 — Ai Pan, você reclama de tudo.

 

DEZ ANOS

— Nove. Dez. Aqui vou eu.

...

— Achei!

— Não vale! Você olhou.

— Não olhei!

— Olhou!

— Crianças!

— Vovó, a Pandora é uma trapaceira, ela olhou.

PseudomágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora