Pandora Duncan
— Bem vinda ao Paraíso — uma mulher ruiva me cumprimentou assim que eu emergi de um lago.
Não consegui respondê-la, apenas tomei em vista uma das paisagens mais belas que qualquer um poderia ver.
Vastos campos verdes com árvores frutíferas estavam espalhados pela imensidão ao meu redor, com poucos corpos vagando de um lado para o outro, atravessando, por vezes, alguns arcos foscos, que pareciam arcos romanos, marcando a passagem de um lugar para o outro.
— Estamos na primeira esfera do Paraíso, minha jovem — ela comentou e estendeu a mão para mim. Eu a aceitei sem perguntar muito, saindo da água.
Andamos um pouco enquanto eu tentava me lembrar de como e por que eu estava ali, contudo nada vinha a minha mente além de um clarão que poderia me cegar, se não estivesse dentro de minha mente.
— Aqui estão pessoas célebres que... — a mulher tentou me falar.
Por algum motivo, eu não queria apreciar aquelas belezas naturais infinitas, ouvindo-a como minha guia turística. Eu queria sair e desbravar o lugar — era como se algo estivesse faltando dentro de mim —, então foi isso o que eu fiz.
Saí correndo pelos campos, sentindo uma brisa bagunçar meus cabelos enquanto eu ria com a estupidez de meu gesto. O que eu estava fazendo? Porém, ainda que eu me questionasse, não queria parar de saltitar pelos campos.
Passei por muitas pessoas, porém nenhuma delas me pareceu ser a pessoa certa a ser encontrada, então parei onde eu estava e fechei meus olhos, esperando que um raio caísse em minha cabeça ou uma luz pudesse me guiar até o meu verdadeiro destino.
Um arrepio engraçado percorreu minha nuca, deixando os pelos de meus braços eriçados enquanto eu mordia meus lábios. Abri meus olhos esperando que o sol eterno tivesse sido apagado e uma lua provisória tivesse tomado o seu lugar — contudo isso não aconteceu.
A lua. Eu gostava da lua, eu acho, na verdade não conseguia me lembrar muito bem do seu formato ou de seu encanto, todavia eu sabia que ela era prata e apenas isso me bastava para amá-la.
Virei meu rosto, procurando a mulher que estava comigo quando saí da água, contudo ela não estava perto de ser encontrada. Talvez estivesse brincando de se esconder comigo, assim como a pessoa que eu supostamente estava procurando.
Por que eu estava ali mesmo?
Não sabia responder minha própria pergunta. Uma pena.
Dei de ombros internamente e continuei a caminhar, sem correr desta vez, apenas para colocar minhas mãos em uma árvore, testando sua textura e seus entalhos.
Era engraçado como algumas coisas pareciam ter mais sentido quando tocadas do que quando faladas ou vistas.
Comecei a cantarolar uma melodia e despedi-me da árvore a procura de algo.
Algo me dizia que quando eu o encontrasse, tudo faria sentido e eu saberia o que fazer com ele — e estas palavras não foram pensadas de uma maneira ingênua, como eu deveria ter pensado, afinal estava no Paraíso.
Acho que, possivelmente, eu não deveria estar ali. Por que eu estava ali, então?
— Olá? Alguém aqui? — perguntei, ainda andando pelo nada e ouvindo meus solitários passos.
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Pseudomágica
FantasiaPandora Duncan, a tentação encarnada, é uma bruxa em treinamento que não sabe fazer uma bruxaria. Frederico Bertolini, notório por sua má fama com as mulheres, descobriu que não viveria para completar vinte anos. O que os dois têm em comum? Uma tard...