Frederico bertolini
De tediosa, a minha tarde conseguiu se converter a insana em poucos minutos. Quero dizer, nunca que eu poderia me imaginar em um carro — meu carro diga-se de passagem — dirigido por Pandora Duncan, após nós reencontrarmos o ex-namorado dela e eu ter apanhado dele, rumando para um lugar desconhecido por um tempo indeterminado para encontrar alguém que eu nunca havia ouvido falar.
E foi quase isso o que eu disse a minha mãe pelo telefone.
— Você vai viajar e quer trancar a faculdade? Enlouqueceu? — ela me perguntou e eu logo ouvi as suas palavras não pronunciadas sobre como Jason jamais faria isso e como eu era um irresponsável.
Pandora tomou o celular de minhas mãos em um movimento rápido e quase bateu em um poste no processo, recebendo algumas buzinadas raivosas dos carros ao nosso redor.
Para onde ela estava nos levando?
— Oi, Senhora Bertolini, tudo bem? Aqui é Pandora Duncan — ela disse já sorrindo mesmo que minha mãe não pudesse ver aquele sorriso — sim, eu estou acompanhando Fred, na verdade ele é quem está me acompanhando, eu tive alguns problemas familiares e me desencontrei de minha mãe e irmã, então estou a procura delas... Não, não sabia disso, mas levarei em consideração — ela deu seta e virou na esquina — ah sim, disso eu sabia, porém gostaria que você pedisse para ela apenas guardar o caso. Não é bom quando humanos tentam resolver casos de bruxas... Eu entendo isso, jamais o teria feito, porém as circunstâncias são... tênues.
Um segundo de silêncio depois e minha perna não conseguia ficar parada de ansiedade, pois eu sabia que se minha mãe não permitisse, Pandora jamais me levaria.
— Se estamos correndo perigo? — ela me olhou de soslaio, porém percebi que seus olhos não estavam focados em meu rosto, e sim no gato/bruxo que estava em meu colo — não, estamos bem, eu só realmente preciso resolver isso e Fred achou que não seria uma boa ideia eu andar sozinha por aí... sim, ele é um bom menino — ela deu uma risada no final e eu revirei os olhos.
Nunca ninguém havia me chamado de bom menino, e eu não tenho certeza se ouvir Pandora Duncan dizer isso a minha mãe fazia com que eu gostasse um pouco mais deste adjetivo.
— Certo, muito obrigada... quer falar com ele? Já passo... obrigada mesmo Senhora Bertolini, quero dizer, Amélia, eu sei que Fred não aparenta, mas no fundo ele tem um bom coração — Pandora me passou o telefone e acelerou quando percebeu que estava a menos de 100 km/h.
Amélia? Ela já estava chamando minha mãe pelo primeiro nome? E desde quando ela sabe ou não se eu tenho um bom coração?
— Qual o jogo desta vez? Ela é uma garota boa, não quero que você fique brincando de um lado para o outro com todas as garotas que aparecerem em seu caminho — minha mãe começou mais um de seus discursos politicamente corretos.
— Por favor, mãe, estamos falando de uma Duncan, é mais fácil que ela me use do que eu me aproveitar dela — resmunguei um pouco constrangido ao ouvir uma tosse contida vinda de minha motorista.
— Bem, menos mal desse jeito, mas agora me explique de novo, que viagem é essa? Quanto tempo ficará fora? Para onde estão indo os dois, sozinhos? — ela sibilou a última parte como um ultimato de que ela não estava acreditando em mim, e visto o meu histórico, era mesmo difícil acreditar.
— Aponi e Luna desapareceram, mas a Pan sabe onde encontrá-las, então eu a estou acompanhando para ter certeza que ela ficará bem — eu expliquei em os detalhes necessários.
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Pseudomágica
FantasyPandora Duncan, a tentação encarnada, é uma bruxa em treinamento que não sabe fazer uma bruxaria. Frederico Bertolini, notório por sua má fama com as mulheres, descobriu que não viveria para completar vinte anos. O que os dois têm em comum? Uma tard...