Frederico Bertolini
Pandora Duncan.
Este era o nome que nunca deixava o círculo de fofocas da faculdade, pois vamos combinar, quem não gosta de uma novidade — seja uma invenção sórdida ou uma verdade contorcida — de alguém que jamais saberá o que disseram?
Ninguém gosta de mexer com uma bruxa, pergunte a Miguel Dessen.
Eu não estava lá, mas pelo jeito foi algo extremamente marcante, pois ele acabou na enfermaria com uma pressão tão baixa que pensaram que seu coração não estava mais batendo.
Quem conhecia Pandora sabia que ela não era uma péssima pessoa, apenas que ela era uma bruxa e uma bruxa que nem mesmo precisava usar sua magia para conseguir o que queria.
Não é como se Aponi não fosse bonita, pois ela era, mas algo nela, no seu jeito bipolar, não era tão atrativo quanto a confiança que Pandora exalava apenas ao entrar nos corredores da faculdade.
— Em que está pensando? — a filha do Delegado perguntou.
Eu não estava nem um pouco animado em revelar meus pensamentos para aquela garota, principalmente sabendo que Pandora Duncan estava bem longe da minha liga, afinal ela estava com Daniel Travler, ou seja estava acompanhada.
E neste caso eu também tinha, por enquanto, pois a...
Oh droga, de novo não! Ela provavelmente pegaria a arma do seu pai e atiraria em mim sem dó nem piedade se eu perguntasse seu nome mais uma vez.
Vamos lá. Ela tem cara do que?
Qual era? Qual era?
Raquel? Olívia? Gabriela? Sabrina? Jéssica?
Por que mulheres tinham que dar tanta importância a nomes?
— Em como eu gosto de ficar com você — eu respondi com uma de minhas frases tão conhecidas.
Ela sorriu completamente apaixonada.
Quem não estaria?
— Você foi convidado para a festa de hoje? Acho que é da sua faculdade... — ela me olhou sugestivamente, enquanto engatinhava pela cama até alcançar o lugar ao meu lado.
— Sério? Não sabia — mas eu sabia sim e eu iria.
— Eu bem que gostaria de ir, mas meu pai... — ela revirou os olhos e eu a beijei.
Seus lábios eram doces e puros.
Isso era divertido.
— Isso mesmo, obedeça o papai e fique em casa — eu comentei a deitando em minha cama.
— Você vai? — ela perguntou entre os beijos com a mão no meu cinto.
Uma única resposta definiria minha noite.
Uma mentira ou uma verdade.
E qual o prato mais saboroso do que o de não ser descoberto?
— Vou ficar com meus pais, eles devem estar com saudades — eu comentei e ela sorriu enquanto soltava o meu cinto — mas eu posso passar na sua casa depois, se você quiser.
Resposta certa, amigão.
.......
— Ei, pai, vou dormir fora hoje de noite, tudo bem? — perguntei assim que entrei no escritório dele, porém eu já havia percebido que aquela seria uma noite tranquila.
Meu pai e minha mãe trabalhavam em pesquisas, mas sobre o que ou para quem, eu jamais saberia, pois eles eram muito cuidadosos em falar sobre esse tipo de coisa comigo. Teoricamente eu ainda não tinha maturidade suficiente para ouvir as conversas de adultos deles.
— Pode ir, aproveite e tome cuidado — ele comentou e saiu de trás de um balcão em que estava trabalhando em um aparelho quadrado com vários fios coloridos saltando dele.
— Pode deixar e você... tente não queimar nada enquanto eu estiver fora — eu dei um sorriso inocente e ele passou a sua mão suja em meus cabelos recém lavados.
É, se eu quisesse uma boa noite, eu teria que lavar novamente meus cabelos e chegaria completamente atrasado na festa, mas quem liga? A noite só começa quando eu chego.
— Nossa filho, como pretende sair com os cabelos imundos? — minha mãe perguntou assim que passou por mim e depositou um beijo em minha testa.
— Eu pretendia sair assim, não sei, acho que fico mais másculo com o cheiro de suor e óleo lubrificante em mim — eu olhei seriamente para meu pai e ele reprimiu uma risada.
— Não foi assim que eu conquistei sua mãe — o meu pai comentou e eu revirei os olhos.
— Como se algum dia vocês fossem me contar algo sobre o passado de vocês.
— Poderíamos até contar, mas teríamos que apagar a sua memória depois — ela me deu um sorriso irônico e eu ri.
Meu pai não riu.
— Ela está falando sério — ele apontou e eu engoli a seco.
Então eles começaram a rir e eu relaxei.
— Amor, Andrew Marshall ligou, disse que era algo relacionado ao projeto 2343 — minha mãe disse beijando o rosto de meu pai.
— Algo importante ou leviano?
— Detalhes não são o meu forte — ela se desculpou e era verdade. Sua memória era péssima.
— Andrew Marshall... seria o pai de Elisabeth? A namorada de Jason? — perguntei associando os nomes.
— Primeira e única.
— Não sabia que vocês conheciam os pais dela.
— Nós os conhecemos... recentemente.
— Quantos segredos — eu resmunguei e eles riram.
— Vá tomar banho!
A/N:
Oii, o que acham de mais um pedacinho antes de eu liberar Pseudo inteirinha?
O que acham do Fred? Conquistador ou Enrolador?
hehe
Beijoos
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Pseudomágica
FantasyPandora Duncan, a tentação encarnada, é uma bruxa em treinamento que não sabe fazer uma bruxaria. Frederico Bertolini, notório por sua má fama com as mulheres, descobriu que não viveria para completar vinte anos. O que os dois têm em comum? Uma tard...