Capítulo 19

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NOVA YORK, OUTUBRO DE 1944.

Edward Ludlow entrou pela porta da enfermaria do hospital de Ellis Island... agarrou a mão de Tatiana e a puxou para o corredor. − É verdade o que eu vi Tatiana? − Eu não sei. O que você viu? Edward estava muito pálido e nervoso. − Eu vi o nome de Jane Barrington na lista de enfermeiros selecionados para a Cruz Vermelha em Nova York para viajar para a Europa. Diga-me que é apenas uma coincidência que esta é uma outra Jane Barrington. Tatiana não disse nada. − Não vá, eu imploro! − Edward... − Você já disse a alguém? - Edward perguntou, agarrando as mãos. − Claro que não. − O que aconteceu? Os americanos já estão na Europa, Hitler está encurralado em ambas as frentes, a guerra está quase no fim... Não há nenhuma razão para você ir para a Europa. − Nos campos de prisioneiros são necessários alimentos, remédios e assistência médica. − Já há enfermeiros para os seus cuidados, Tatiana. − Então, por que a Cruz Vermelha pediu voluntários? − Eles precisam de mais pessoas, mas não você. Tatiana não disse nada. − Por Deus, Tatiana! − Edward insistiu nervosamente. − O que você vai fazer com Anthony? − Eu pensei que deixá-lo em Massachusetts, mas acho que sua tia é incapaz de lidar com uma criança tão pequena. − Tatiana levou as mãos ao ver a expressão no Edward. − Esther diz que não importa, pois Rosa, sua governanta, é quem cuidará dele, mas eu não acho que eu deveria. − Ah, não? Indiferente ao seu tom sarcástico, Tatiana continuou: − Eu acho que eu vou deixá-lo com Isabella. − Isabella? É uma completa estranha! − Não é uma estranha. E se ofereceu para... − Tania, Isabella não sabe o que eu sei ou o que você sabe. Eu, no entanto sei coisas que mesmo você ignora! Diga-me a verdade, você está indo para a Europa para encontrar o seu marido? Tatiana não respondeu. − Ah, Tatiana... − Edward suspirou, balançando a cabeça. − Você disse que ele estava morto! − O que o preocupa, Edward? Edward passou a mão em sua testa para controlar sua ansiedade e nervosismo. − O governo alemão fez Heinrich Himmler no comando dos campos de prisioneiros, disse com a voz trêmula, e a primeira coisa que fez foi proibir o envio de correspondência e muita comida para os americanos e bloquear a ação da Cruz Vermelha Internacional. Himmler disse que soldados aliados estão recebendo um tratamento justo, mas a situação não se estende aos soviéticos. Neste momento, a Cruz Vermelha não tem permissão para entrar nos campos de prisioneiros, o que só mostra o quão desesperados estão os alemães. Eles sabem que estão prestes a perder a guerra e não se importam com a situação de seus próprios prisioneiros. Provavelmente esse embargo contra a Cruz Vermelha vai acabar, mas mesmo assim, quantos campos você acha que existem? Dois, três? Há centenas. E existem dezenas de campos de italianos, franceses, ingleses ou norte-americanos. No total, pode haver centenas de milhares de pessoas, fazendo um cálculo sob sua respiração. − Himmler mudará de ideia. Decidiram o mesmo em 1943 e retificaram ao perceber que os prisioneiros alemães não iriam receber um bom tratamento. − Foi quando ainda pensavam que iriam ganhar a guerra. A partir do desembarque na Normandia perceberam que tem os dias contados e abdicaram de seus soldados. Eu sei porque desde 43 não voltaram a solicitar que a Cruz Vermelha inspecione campos de prisioneiros instalados nos Estados Unidos. − E por que iriam solicitar? Eles sabem que tratamos adequadamente aos alemães. − Não. É porque eles sabem que a guerra está perdida. − Himmler acabará por autorizar inspeções da Cruz Vermelha − Tatiana insistiu teimosamente. − Mas serão centenas de campos, com centenas de milhares de prisioneiros. Um acampamento por semana, demorará duzentas semanas para ver tudo, sem contar o tempo que você precisa para ir de uma para outra. Você vai precisar de quatro anos! Em que você está pensando? − Tatiana não respondeu. Não tinha pensado a longo prazo. − Não vá, Tatiana. Eu te imploro − Edward insistiu. Edward estava levando para o lado pessoal e Tatiana não sabia o que dizer. − O que vai ser de seu filho? − Isabella cuidará dele. − Sempre? Mesmo quando sua mãe morrer por causa de uma doença ou de feridas de guerra? − Edward, eu não vou para a Europa para morrer. − Ah, não? E como você pode evitá-lo? A frente é nada dentro da Alemanha. Polônia está nas mãos dos soviéticos. E se os russos estiverem te procurando e te encontrarem? Jane Barrington, Tatiana Metanova... O que você acha que farão contigo?

Tatiana &  AlexanderOnde histórias criam vida. Descubra agora