Capítulo 29

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- Tem alguém aqui? - Ouvi uma voz que eu conhecia muito bem, virei minha cabeça devagar e vi o Matt apontando para o meu lado.

– Está vendo alguém aí? – Falei, sem reação de tom de voz ou emoção, enquanto balançava o meu sapato por meus dedos.

- Na verdade, sim. A sua cabeça. É sério, isso? Vai ser rude comigo até o fim da minha vida, sem deixar eu explicar? Apenas isso?

- Abaixa seu tom de voz e senta sua bunda branca nessa areia. Estou com uma mínima vontade de ouvir as merdas que eu fiz. - Falei, com a voz chorosa. Ele automaticamente se sentou, parecia preocupado.

- Aconteceu alguma coisa?

- Tudo aconteceu. Principalmente o Josh.

- Ah... Eu ouvi vocês... No ônibus. - Ele falou e automaticamente eu comecei a chorar. - Ei, não chora.

- Como eu pude fazer isso? Ele parecia tão triste. Eu quebrei o coração dele e agora eu não posso fazer nada. Olha, eu tenho culpado todo mundo sobre o que aconteceu ali, mas eles não tem nada a ver com isso! Nada, Matt. Agora me diga, eu pareço que preciso de chance para explicar?

- Amy... - Eu o olhei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas novamente. - Você ainda não entendeu que está se torturando por algo inútil?

- O quê?!

- Você... Eu não consigo acreditar que você se torturou por isso.

- Como assim? Não estou te entendendo.

- Ele te fez uma pergunta, certo? - Assenti, ele riu.

- Mas o que tem isso?

- Você não respondeu! - Disse animado. - Uma coisa tão simples, para algo tão extremamente difícil. É só você...

- Matt!? - Berrei animada.

- É isso, Amy. - Ele riu novamente. - Ele só está esperando a resposta. Como você é burrinha...

- Ei... - Bati em seu braço, me levantando. - Eu preciso falar com ele... Sabe onde ele está?

- Claro que eu sei. Está ali. - Apontou para outro ponto da praia, um pouco longe mas eu chegava em minutos.

- Eu amo você. Eu amo você. - Pulei animada, enquanto saia correndo para chegar mais rápido até o Josh.

Consegui ouvir suas risadas mesmo longe, e senti um cansaço em minhas pernas, talvez se eu não fosse uma pessoa tão sedentária não aconteceria isso. Mas eu não conseguia pensar nisso agora. Eu apenas precisava correr, achar ele. Ir até ele, dizer o que eu sinto. Dizer que... Eu o amo. Isso! Eu amo ele. Eu amo o Josh. Eu não estava confusa, só precisava achar um jeito de aceitar aquilo. Sem precisar passar por todas as minhas inseguranças e fraquezas. Eu me lembro de quando ele disse que me amava. Eu me lembro. Como pude ser tão estúpida?

Quando parei de correr e avistei seu corpo, pegando algumas pedras e jogando para o mar. Quis correr e voltar. Mas agora não poderia. Eu tinha que ir até o fim. Limpei algumas lágrimas e respirei fundo, me aproximando um pouco e sentindo todas as forças do meu corpo cederem ao cansaço. Ele não poderia querer ouvir minha voz agora. Mas ele iria ouvir.

Por quase vários meses eu estava impedindo a minha felicidade, fazendo que todas as minhas inseguranças e paranóias me consumissem, que eu não sabia o que havia em minha frente. Tudo muda. Nós mudamos. Cada pessoa, cada ser muda. Não há explicação. Podemos mudar para melhor ou pior. Mas sempre mudamos. Eu gostava de saber que eu estava sendo uma pessoa diferente da que eu era antes. Sem ser uma garota que todos teriam pena. Uma garota que todos tratariam bem, por causa de sua doença.

Hey DarlingOnde histórias criam vida. Descubra agora