Capítulo 38

75 10 6
                                    


Assim que o pai da Amy ligou para o Dr. Ryan, ele disse que chegava em minutos. As coisas aconteciam assim. O Natal chegava e eu não sei como poderia descrever o que sentia, mas no fundo eu estava feliz - realmente amava essa época. Parei no meio do corredor e me dei de cara com algumas pessoas, dei espaço para elas passarem e segui o meu caminho até o refeitório onde o resto do pessoal estava. Fazia muito tempo que a gente se alimentava mal, acho que a única coisa que a gente comeu direito esses três dias foram uns biscoitos que alguém deixou logo de manhã. Essa pessoa deve ser um anjo. Isso só influenciou para que a gente decidisse ir comer algo.

Nem fiz questão de procurar eles, eram os únicos que estavam no refeitório. Estava fazendo muito frio, não sei se era por causa do ar-condicionado em cada parte daquele local ou por causa da neve que se expandia. Me aproximei deles e parecia que eles queriam uma reação horrível de minha parte, mas eu não tinha forças nem para chorar. Não sei quantas vezes orei hoje.

Me sentei ao lado deles e todos continuavam a comer calados, um clima estranho. Mas o que poderiam falar? Poderiam tirar conclusões da peça? Fazer comentários sobre alguma série? Do que adiantaria? Eles realmente não estariam com ânimo para isso. Mas precisavam se distrair.

– A peça é daqui à quatro dias. – Eu comentei e todos me encararam. – Já estão arrumando agora. A ruiva me falou.

– Não gosto dessa fingida. – Sarah comentou. – Ela é super forçada, credo.

– Foi o que eu disse. – Mel deu de ombros. Revirei os olhos. Cismou com a garota desde que a conheceu. – ela gosta de fazer escândalo com qualquer situação.

– E não é o que você faz? – Tommy arriscou dizer.

– Olha aqui, – Ela deu um tapa forte no braço dele. – você me respeita.

– Mas é só verdades. Mas também não significa que ela é uma pessoa horrível, né. Só é cínica. – Elas comentavam entre si e eu estava apenas rindo.

Um silêncio se instalou até que Tommy resolveu falar.

– A Eve virá hoje, com o Carter. Ele me mandou uma mensagem. – Falou. – A única coisa que ela falou em três semanas foi: Amy.

Mel se sentia feliz com a notícia. A amiga estaria bem.

– E eles estão vindo agora? A Eve está bem? – Sarah perguntou.

– Sim, devem estar chegando. O Carter não falou muito, mas acho que ela está do mesmo jeito que há uma semana. Ela consegue reagir ás coisas mas não quer falar muito. – Tommy respondeu.

Ninguém falou nada por um bom tempo.

– Vai dar tudo certo, gente, vai que acontece igual naqueles filmes em que desligam a máquina e ela acorda. – Mel falou e a gente a repreendeu com o olhar. – Se a Amy estivesse aqui ela concordaria. Belos amigos eu tenho.

– Vocês querem algo? – Sarah levantou-se.

– Chocolate quente. – Falei e ela assentiu indo ao balcão.

– Vamos fazer alguma coisa? Não aguento mais. Está nevando, certo? Vamos lá. – Mel falou como uma forma de distração. Eu suspirei e olhei para fora, realmente não estava com vontade de ir, mas isso a deixaria triste. Me levantei e Tommy fez o mesmo.

Mel começou a andar estranhamente alargando as pernas até a outra porta que levava até a saída do refeitório, indo em direção à frente do hospital, que era um lugar enorme com alguns postes, estacionamento ao lado e lugares para apoio. Quando chegamos na porta ela se apoiou em mim e pulou para o lado fazendo um giro, comecei a rir, ela estava com um humor melhor do que o de alguns dias atrás. Me apoiei no poste enquanto ela arrastava os pés juntando um montinho de neve. Resolvi pegar um pouco de neve com as mãos e me surpreendi no quão podia ser gelada, nem luvas eu estava usando. Apertei a minha mão e a neve desaparecia aos poucos. Olhei para eles e vi que ficavam empurrando um ao outro na neve.

Talvez o pensamento da Mel fosse verdade, quando forem desligar as máquinas ela possa acordar. Ou não. Tudo é possível. Mas eu não deixaria que encostassem na máquina. Será que apesar de tudo, vai ficar tudo bem? Se a Eve estivesse aqui ela falaria isso à cada segundo, eu realmente preciso ouvir isso da boca dela.

Me abaixei para pegar mais neve e Mel semicerrou os olhos segurando um pouco de neve em suas mãos, ela estava pensando em jogar em mim ou...? Resolvi agir mais rápido e joguei um montinho de neve nela e ouvi um grito de sua parte antes de escorregar e cair na neve. Minhas risadas saíam com dificuldade por causa do ar que eu puxava e ela veio correndo em minha direção e chutou a minha canela - automaticamente senti uma pontada -, me empurrou na neve fazendo minha roupa toda encharcar de neve. Ela começou a dar uma de suas risadas escandalosas e Tommy se escondia atrás do poste. Ele é burro ou fez cursinho?

Enquanto os dois gritavam resolvi voltar para dentro, eu precisava de mais casacos. Vi Sarah na cadeira comendo um bolo enquanto o meu chocolate quente estava no centro, fui até a mesa e me sentei do seu lado o pegando para tomar, minha garganta estava doendo por causa do ar que puxei desesperadamente.

– Parece que temos alguém que se divertiu aqui. – Ela disse com ironia dando uma risada.

– Por que você não vai até lá? – Perguntei.

– Eu tenho um problema chamado pego resfriado rápido. – Respondeu suspirando dramaticamente.

– Aah. – Apenas emiti um som.

– Triste, realmente gostaria de enfiar a cara deles na neve.

Comecei a rir mas logo senti minha garganta doer.

Ouvimos um barulho na entrada e nos entre-olhamos antes de levantar e ir ver o que estava acontecendo. Era Ryan, e fiquei surpreso quando vi que o Carter e a Eve estavam ali também. Só que minha surpresa não era só porque eles estavam ali. A Eve estava completamente diferente. Seu cabelo estava curto e loiro e suas feições eram as mais cansadas possíveis. Ela logo veio me abraçar e fez o mesmo com a Sarah. Risadas ecoaram o local e logo vimos que Tommy e Mel estavam ali também. Eles não tinham visto ela ainda, mas ela foi até eles do o abraçou assim mesmo.

– Eu senti saudade de vocês. – Ela falou com dificuldade.

– A gente também, Eve. Você não sabe o quanto. – Abracei ela novamente. – Como você está se sentindo?

– Como uma montanha-russa enferrujada. – Ela fez uma comparação totalmente indiferente e começamos a rir.  Realmente sentia saudades dela. Acho que todos sentimos. – Como vocês estão?

– Eu estou bem por saber que você está bem. – Tommy falou.

– Eu também. – Mel sorriu enquanto admirava a Eve.

– Aah, eu amo vocês. – Ela fez uma carinha fofa antes de enxugar algumas lágrimas.

– Não chora! Vamos ver a neve. – Sarah falou e rimos. – Tá, péssima ideia.

– Ryan, o que vai acontecer agora? – Eu respirei com ansiedade antes de perguntar.

– É algo diferente, Josh. Eu não sei como falar isso. – Ele disse com dificuldade. – São duas opções, e elas não são legais. É uma vida ali, não estamos decidindo se ela vive ou não, não somos capazes disso.

– O que está querendo dizer? – Carter perguntou.

– Se desligarmos a máquina a Amy pode viver.

Hey DarlingOnde histórias criam vida. Descubra agora