O sacrifício

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POV Narrador

Exaustos, todos agora haviam retornado a tumba e teriam comemorado, se não fosse pelo rei. Nem precisou-se contar a noticia a Lucy e Susana, elas descobriram sozinhas. Soluçavam e se abraçavam sem parar. Edmund ainda estava em choque, mas não tanto quanto antes. Agora, chorava sozinho em um canto encarando as irmãs. Era tudo culpa minha, se eu não tivesse aberto minha boca nada disso teria acontecido. Queria poder fazer alguma coisa para diminuir o sofrimento deles, mas não podia. Podia ter parado a flecha antes de atingir Pedro, mas não o fiz, porque estava tao chocada quanto os demais. Foi difícil para mim, por mais que tenhamos tido nossas diferenças , ele ainda era um dos meus personagens favoritos de todos os tempos e eu o amava como um irmão, mas agora se foi e a culpa é minha.

-Gente, me desculpem. - eu disse .

-Te desculpar porque? - pergunta Susana chorosa.

-Porque foi culpa minha. Podem falar, eu sei que foi! Se eu não tivesse aberto a boca nada disso teria acontecido e eu podia ter impedido aquela flecha, mas não o fiz. Se quiserem que eu vá embora eu entendo.

-Do que você esta falando? Você não pode se culpar por isso! - diz Lucy. Eu começo a chorar. Corri para a minha mochila e peguei o livro de feitiços. Folhei- o desesperada, quase arrancando as páginas tentando achar alguma saída:

-Você tem razão, se não fosse por você, Pedro estaria bem aqui, do nosso lado comemorando a vitória do reino. É tudo culpa sua! - diz Ed

-Eu sei, me desculpe! - eu respondo.

-Você acha mesmo que alguma coisa que você diser vai melhorar a situação?!

-Não, eu sei que não, sinto muito!

-Parem, isso é ridículo! - disse Susana - A culpa foi de Sosperian, e não sua. E além disso, nada pode mudar o que aconteceu.

Meus olhos corriam pelas páginas quando de repente pararam em um feitiço.

-Cade o Aslam? - eu pergunto com desespero na minha voz

-La fora, porque? - pergunta Ed

-Já volto.

Uns 15 minutos depois estava de volta com o leão e todos se voltaram para nós para nos ouvir:

-É o seguinte, acho que podemos trazer Pedro de volta. - todos se levantaram e começaram a fazer perguntas - Mas -elevo minha voz para cessar o burburinho - tem um problema. Para o feitiço funcionar, eu preciso de alguém que..... esteja disposto a se sacrificar pelo Pedro.

-Como assim? - pergunta Lucy

-Uma vida pela outra, é assim que funciona.

Todos ficaram se olhando por um tempo esperando alguém se voluntariar quando Ed disse:

-Eu vou.

-Não vai não! - Susana disse elevando sua voz - Acha mesmo que é isso que Pedro ia querer?! Nenhum de nós vai se sacrificar, é loucura, não é a ordem natural das coisas!

-A morte de Pedro não faz parte da ordem natural! Eu VI ele morrer Susana! Não deixei ele se despedir de mim, e agora ele se foi! Eu não aguento isso... - ele se despedaçou em lágrimas cobrindo o rosto com as mãos

-Eu vou. - diz Philip, o centauro - Obviamente, Narnia precisa muito mais do rei Pedro do que de mim.

-Não diga isso - diz Susana

-Vossa majestade, agradeço sua preocupação, mas quando entrei para o exército do rei Pedro, jurei devoção a ele e ao reino, até a morte. É uma escolha minha, eu me voluntario. - sua esposa Angela, lhe deu um abraço apertado e chorava de saudade antecipada, mas entendia as razões do marido e lhe disse que o iria apoiar seja qual fosse sua decisão.

-Tem certeza de sua escolha meu caro? - pergunta Aslam

-Absoluta senhor. Por Narnia, para sempre. - deu um beijo longo em sua esposa e se direcionou a Aslam.

-O que tenho que fazer? - perguntou ele

-Segure a mão de Pedro, e deixe o resto conosco. - eu respondo.

Antes de segurar a mão de Pedro, o centauro fez uma reverência.

-Seu sacrifício nunca será esquecido. Está pronto? - eu pergunto e ele assente com a cabeça.

-Muito bem, vamos la.

Recitei o feitiço em latim de olhos fechados com as mãos abertas na direção deles. O recinto começou a tremer como se estivesse acontecendo um terremoto e disse:

-Agora! - essa foi a deixa para Aslam rugir tão alto quanto nunca. De repente, o recinto parou de tremer e houve um silêncio, Philip cai no chão. Todos chegam mais perto dos dois para ver o que aconteceria a seguir. Abrimos espaço para Aslam até Pedro e ele coloca sua pata no peito do rei. Pedro acorda de súbito se sentando e respirando com dificuldade, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo.

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