O patriarca Rócio Mattes morre misteriosamente em uma suíte de seu Hotel em São Paulo, deixando órfãs suas filhas Belinda e Annabelle Mattes, ambas que já sofreram anos atrás com a morte de sua jovem e amada mãe. Mas será a filha mais velha, Annabel...
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"Seremos da mesma família em breve, senhorita Mattes. Não devia me desprezar."
A voz ecoou no pesadelo de Annabelle, ela acordou assustada e com os cabelos suados colados na pele pálida e úmida.
Sentou-se na cama, sentiu sua boca seca, consequência de toda bebida alcoólica que ingeriu naquele bar.
A casa estava às escuras quando Annabelle passou pelo corredor de quartos no segundo andar da mansão onde mora desde que nasceu. Ela parou por alguns segundos quando chegou à escadaria que descia por quarenta e dois degraus fazia uma curva no canto da grande sala principal, e lembrou-se com carinho de sua mãe.
O metal do corrimão, banhado a ouro que sua falecida mãe fazia questão de que estivesse sempre brilhando, atormentando os empregados da casa.
Pensou com tristeza que dentro de alguns dias, não estaria mais morando naquela mansão. Tinha a certeza que seria o primeiro imóvel a ser confiscado. Seria obrigada a deixar para trás um lar de ótimas lembranças. Ela desceu as escadas em silêncio, não queria acordar nenhum dos empregados da casa, foi direto para a cozinha.
Abriu a geladeira com portas duplas de aço, pegou uma garrafinha de água e escorregou o corpo até estar sentada no chão da cozinha iluminada apenas pela luz interna da geladeira que ela manteve de portas abertas.
Bebeu um gole da água, e suspirou. Estava realmente com sua boca seca. Voltou a beber de todo o conteúdo da garrafinha.
— Desde quando deu para assaltar a geladeira? — Annabelle saltou de susto.
— Ah! Que susto, Bel.
— Posso sentar aí com você?
— É claro. — Annabelle sorriu carinhosa.
Belinda sentou-se frente à geladeira aberta e observou a irmã com cautela, percebendo o quanto ela estava atormentada com o assunto sobre a proposta de Anthony Bardini.
— Não está levando a sério aquele papo do Sr. Bardini, não é? Annabelle não respondeu, apenas sorriu sem vontades e continuava a fitar o escuro a sua frente, sem conseguir encarar a irmã nos olhos.
