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Este livro foi lançado na Bienal SP de 2016, um sonho realizado.Obrigada por fazerem este sonho, virar realidade.
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Ainda que aquele sepultamento a minha frente fosse real. Uma parte em minha recusava-se a aceitar. Meus pés estavam formigando, dormentes, era como se eu não estivesse ali de fato.
O enorme caixão de mogno com bordas arredondadas e vários filetes de metal dourado, estava coberto por flores e entre elas eu podia ver o dorso de meu pai. Dentro daquela caixa fúnebre.
Meu pai estava Morto. A realidade me sufocava.
Ele tinha com uma careta de dor; Mas não poderia estar sofrendo, não é? Ele estava morto afinal. Talvez cadáveres tivessem aquele horror em suas faces... Não lembro de minha mãe dentro do caixão. Ao contrário de nosso pai, mamãe sempre possuiu feições leves... Parecia carregar com ela a felicidade eterna. Puro fingimento!
Deus... Meu pai está morto!
Um soluço rompeu minha garganta, mas a ausência de uma única lágrima fazia com que, tudo se tornasse ainda mais insuportável. Eu tinha a sensação de ter um osso de galinha atravessado em minha garganta. Sem dúvidas, a ausência de lágrimas transformava a ferida invisível em meu peito ainda mais lancinante.
Minha irmã Belinda chorava escandalosamente agarrada ao namorado, até que em certo momento, notei a aproximação de um homem a minha frente, que me disse educadamente:
— Minhas sinceras condolências, senhorita Mattes.
Sua voz carregava uma rouquidão máscula e uma arrogância que não me passava verdade alguma.
Não me importava suas palavras, eu estava em choque e não me dei ao trabalho de erguer o rosto para encarar o desconhecido. Agradeci e continuei de cabeça baixa, mas pude ver os seus sapatos pretos de grife que, de tão limpos e lustrados, contrastavam com a grama verde do cemitério.
Meu pai se fora. Um vazio já existente em meu peito ficara ainda maior... Senti-me como uma pequena criança esquecida em uma sala sem móveis, sem carpetes, sem um único objeto. Sem acalento. Essa criança poderia gritar por "socorro" e sua voz ecoaria de volta para ela e ninguém viria para ampará-la.
Pouco depois, o mesmo homem que falsamente falara comigo, agora estava à frente de minha irmã. Não pude ouvir bem e compreender o conteúdo da conversa entre eles, mas também não tive interesse em saber. Com tantas pessoas presentes, ele era apenas mais um. Assim conclui. Que tola!
Dia 23 de janeiro de 2010, a data ficaria marcada em minha memória, marcando o desrespeito que a mídia anunciou a morte misteriosa de meu pai.
Encontrado pelos funcionários do nosso Hotel, caído próximo à cama, seminu, com ferimentos nos braços. Mesmo com tantos indícios criminosos, a polícia encerrou o caso após a autópsia afirmar que a causa da morte de meu pai fora um enfarte.
No dia seguinte ao enterro, sentei-me à mesa do café da manhã e notei que minha irmã me observava de forma estranha como se escondesse um segredo.
Permanecemos em silêncio e somente o tilintar dos talheres eram ouvidos durante as refeições, únicos momentos em que nos encontrávamos pela casa.
Nosso silêncio continuou por mais de uma semana. Respeitamos isso, estávamos em luto, e nem eu quanto ela demonstrava interesse em falar sobre tudo. Como, por exemplo: O que seria de nossas vidas dali em diante.
Inesperadamente, Belinda pôs fim ao nosso silêncio uma noite, quando entrou em meu quarto e deitou-se ao meu lado como quando era criança e se refugiava dos trovões em minha cama, agarrada a mim. Ela me informou de quem se tratava o homem que conversou com ela no funeral de nosso pai e o pior de tudo, o que ele pretendia.
Minha fúria, minha repulsa e meu ódio por Anthony Bardini só aumentou quando Belinda concluiu, revelando as intenções dele.
Até aquele dia, eu não imaginava que um homem pudesse ser tão arrogante, ao ponto de demonstrar tal desdém a memória de meu pai. Ódio... Foi tudo que senti.
E, este ódio me impulsionou a vingar-me daquele ser. Em silêncio no meu quarto, eu jurei pela memória do meu pai que iria fazê-lo engolir de cada palavra.
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Ódio & Luxúria - Degustação
Roman d'amourO patriarca Rócio Mattes morre misteriosamente em uma suíte de seu Hotel em São Paulo, deixando órfãs suas filhas Belinda e Annabelle Mattes, ambas que já sofreram anos atrás com a morte de sua jovem e amada mãe. Mas será a filha mais velha, Annabel...