Annabelle dormiu durante o voo de volta a São Paulo, enquanto Anthony bebia uísque e fazia anotações em umas dezenas de folhas presas a uma pasta.
Hora e outra ele olhava Annabelle, sacudia a cabeça e voltava ater-se aos documentos em mãos.
O tempo e todos os acontecimentos que o tornaram o homem ambicioso e sádico, não teve o mesmo efeito no que ele sentia por ela quando ainda era apenas um jovem.
Eu era um babaca! Ele resmungou, voltando a ler o conteúdo dos documentos. Mas sua mente, repleta de lembranças, ainda o atormentava.
— Lá vem à santinha. — ironizou Julia, abraçada ao Anthony.
Em volta deles, um grande grupo de jovens gargalhava.
— Olha só a testa dela! — outra garota da turma disse, abafando suas risadinhas debochadas.
Annabelle tinha um grande curativo na testa, devido ao recente tombo na escola, e havia levado cerca de seis pontos no local.
— O que aconteceu com ela? — Anthony perguntou, sendo apenas curioso.
— Ouvi dizer que ela rolou escadaria abaixo na semana passada. — Pietro Bardini, primo de Anthony respondeu com deboche. — Deve ter tropeçado na própria saia. Olha o tamanho daquela saia, parece que ela está usando a saia da avó dela!
— Ou da Madre Superiora. — Julia Tedesco caçoou, e todos gargalhavam. Incluindo o próprio Anthony Bardini.
Annabelle passou pelo grupo de jovens de cabeça baixa, ouvindo calada a todas as provocações.
Ele desistiu de trabalhar e levantou-se, retirou o paletó e caminhou até o assento confortável ao lado de Annabelle. Ela ainda dormia profundamente, seus longos cabelos castanhos estavam espalhados para todos os lados, ainda assim ela estava linda.
Alguns fios longos do cabelo castanho cobriam a cicatriz quase imperceptível na testa de Annabelle. Anthony sentou-se ao seu lado e acarinhou de leve a cicatriz. Ele nunca soube ao certo o que aconteceu com ela, como havia se acidentado gravemente na testa naquela época... Só lembrava-se de ter ficado encantado pela garota sexy de vestido vermelho, que em nada se parecia com a garota que usava terríveis saias cumpridas azul escuro do colégio de freiras.
Quando finalmente o jato pousou em São Paulo, um helicóptero esperava por eles. Ele acordou Annabelle com um sorriso, e quando estavam no helicóptero, segurou sua mão todo o tempo até chegarem à torre do prédio da empresa Bardini.
— Eu gostaria de ir direto para casa. — Annabelle disse baixo. Desceram as escadas do terraço e pararam em frente ao elevador.
— Acredite, eu também gostaria que fosse direto para casa.
Ele estava preocupado com ela. Ela parecia fraca, vulnerável.
— Mas não vou te deixar sozinha. — disse. Virou-se de frente para Annabelle e puxou-a pela cintura. — Eu salvei sua vida, me deve no mínimo uma vida de escravidão. — disse de ótimo humor.
— Já lhe devia antes de salvar a minha vida... — ela sussurrou, encarando os vibrantes olhos azuis de Anthony.
Anthony tentou parecer descontraído, mas não funcionou, decidiu agir da única forma que ele tinha certeza em ser bom... Sendo o sedutor.
— Lembra-se do que te disse no carro, ontem? — ele puxou-a totalmente, colando o seu corpo ao dela. — Enquanto te tocava?
Annabelle negou com a cabeça... Ela não conseguia dizer qualquer palavra. Perto demais! Ela pensou, apavorada.
— Eu disse que queria te beijar... — ele aproximou os lábios e Annabelle fechou os olhos, completamente rendida. Mas ele beijou apenas seu queixo e se afastou sorrindo. — Eu ainda quero muito.
Annabelle abriu os olhos e sentiu-se constrangida.
O que ele quer afinal, me enlouquecer? Ela pensou com raiva.
— E está esperando o que? — ela perguntou ríspida. — Quer que eu implore? – ela afastou as mãos dele de sua cintura e colou seu corpo contra a fria parede de aço do elevador.
Ele sacudiu a cabeça e torceu o lábio inferior entre os dedos indicador e polegar da mão esquerda, colocando a mão direita em seu bolso.
— Você parece que nunca vai entender. — Anthony falou baixo, sem olhar para Annabelle.
— Talvez você tenha razão... Nunca vou entender um cara que compra uma noiva, obriga-a assinar um contrato ridículo e simplesmente decide brincar com a mente dela. — ela estava enfurecida.
— Acha ridículo sua segurança e minha privacidade? — ele rosnou baixou.
Annabelle gargalhou e isso enfureceu Anthony.
— Ah, por essa eu não esperava. Minha segurança? — ela apontou para o próprio peito. — Naquela merda de contrato, descreve suas taras sexuais doentias, diz que você pode me amarrar e surrar quando quiser, que irá me vestir como seu eu fosse sua bonequinha de pano. — Annabelle não percebeu que gritava.
— Pare de gritar. — ele pediu, em voz baixa.
Estavam dentro do elevador, existiam câmeras de segurança e mesmo que elas não captassem o som, qualquer um poderia ver o quanto Annabelle estava exaltada.
— E se eu não quiser? — ela berrou de volta. — Vai me amordaçar?
— Até que não seria uma má ideia. — Ele falava sério. Seus olhos estavam escuros. Nublados.
— Talvez você não queira apenas me amordaçar... — Annabelle tinha um sorriso anormal, estava irritada, parecia estar tendo uma crise nervosa. — Talvez queira me surrar para massagear o seu ego machista, egocêntrico e sádico... E talvez...
Ela poderia ter continuado a gritar e xingar, se não tivesse sido atacada por Anthony... Com os lábios duros, ferozes e mãos de aço sobre seus quadris... Apertando-a contra a parede do elevador e sufocando-a com seu beijo abrasador.
Impiedoso, Anthony suspendeu Annabelle, apertando as coxas femininas, deixaria a marca de seus dedos, ele sabia, enquanto beijava-a de forma animalesca.
Annabelle sentiu seu corpo aquecer instantaneamente, em poucos segundos, Anthony havia dominado sua mente, seu corpo, e tudo a sua volta parecia não mais existir. Nem mesmo o sentimento de fúria que a dominava momentos atrás, ou até mesmo a mágoa que sentia dele...
Por hora, nada mais importava que não fosse Anthony Bardini dominando seu corpo e mente. Porém, tão rápido quanto seu corpo se aquecendo nas mãos de Anthony, sua mente escureceu... E ela desmaiava nos braços dele.
Anthony então segurou firme Annabelle, antes que ela pudesse cair no chão do elevador. Ele estava com olhos alucinados, a respiração ofegante e um crescente volume em suas calças, e fodidamente confuso.
— Não pode ser verdade... — ele resmungou e sacudiu Annabelle. — Acorde, vamos. Não pode desmaiar só porque eu te beijei.
Mas ela estava tão flácida quando um espaguete cozido. Molenga e escorregadia.
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Ódio & Luxúria - Degustação
RomanceO patriarca Rócio Mattes morre misteriosamente em uma suíte de seu Hotel em São Paulo, deixando órfãs suas filhas Belinda e Annabelle Mattes, ambas que já sofreram anos atrás com a morte de sua jovem e amada mãe. Mas será a filha mais velha, Annabel...