O patriarca Rócio Mattes morre misteriosamente em uma suíte de seu Hotel em São Paulo, deixando órfãs suas filhas Belinda e Annabelle Mattes, ambas que já sofreram anos atrás com a morte de sua jovem e amada mãe. Mas será a filha mais velha, Annabel...
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Anthony terminou de ajeitar suas abotoaduras de ouro branco, alinhou sua gravata prata e encarou-se no espelho. Ele estava em uma suíte no mesmo andar de Annabelle. E como ela, estava inseguro, mas não admitiria nunca... O desejo que havia sentido por ela na noite passada o deixou descontrolado, desconcertado.
Ele nunca pensou que se sentiria assim novamente, ele não tinha mais vinte e dois anos, havia deixado de ser aquele rapaz que sonhava em cursar botânica. O rapaz que ficou encantado por uma garota usando um belo vestido vermelho certa vez, em uma festa de aniversário.
Ele mudou, endureceu, amadureceu, teve experiências sexuais que o fez ser o homem que era hoje. Prático e decidido. Se desejasse uma mulher, estabelecia suas regras e dava-lhes o direito de aceitar ou não suas condições. Dominava apenas aquelas que aceitavam ser dominadas; fora isso, não se envolvia com mulheres imaturas.
Sua ex-namorada, Julia , conhecia bem suas práticas sexuais, e nunca reclamara... Ao contrário, Anthony tinha absoluta certeza que ela ainda adoraria ajoelhar-se à sua frente e curvar-se diante seu ex-dono.
Contudo, Julia era passado... Ela o trouxe aborrecimentos demais quando se apaixonou e desejou ter um relacionamento, um envolvimento sério. Ela nunca ameaçou expor sua vida, mas ele tinha certeza que se continuasse com ela, mais cedo ou mais tarde tudo iria parar nas páginas de revistas, de jornais e sites de fofocas e, sua má reputação só aumentaria, talvez até seu nome fosse direto para lama... Levando junto seus negócios.
Um empresário como ele não poderia manchar sua reputação desta forma, mais do que já era... Inevitavelmente, ele não tinha sangue de barata e não conseguia ignorar as provocações de tal concorrente.
Anthony encarou a cicatriz em seu nariz, e riu. Ele até levou um soco, mas seu desafeto saiu muito mais fodido após aquela maldita briga na badalada Boate Paulista.
Enfim, passou os olhos em sua aparência no reflexo do espelho uma última vez e decidiu que estava pronto para encarar Annabelle Mattes.
Antes de deixar o quarto conferiu a hora em seu relógio – não queria esbarrar com Annabelle pelos corredores – ainda faltavam mais de vinte minutos para às oito horas da noite.
Quando saiu do elevador, ele virou à sua direita e caminhou para o bar do hotel.
No bar, ocupou um dos bancos altos, em seguida o barman já lhe servia seu scoth predileto. Entre um gole e outro, os minutos passaram rapidamente. Ele deixou seu copo sobre o balcão faltando cinco minutos para as oito e caminhou direto para o hall, posicionando-se de frente para o elevador principal.
Não precisou esperar por muito tempo, logo as portas duplas foram abertas e sua visão fora tomada pela figura elegante vestida de vermelho.
