Aviso: Na imagem o NewYork-Presbyterian Hospital
Lauren nunca saberia explicar toda explosão de sentimentos que eclodia de seu corpo apenas por estar com Noah. Ela buscava métodos que explicassem essa identificação tão repentina, porém, forte o bastante para fazê-la colocar a causa nas semelhanças entre os dois, principalmente na infância de Noah trazer tantos momentos parecidos com a sua.
Após uma noite inteira observando Camila, elas não trocaram mais nenhuma palavra e Lauren podia identificar em seu rosto traços de confusão e talvez repressão de sentimentos, ou tudo isso podia ser medo. As mesmas características eram observadas em Noah, os olhos apagados fitavam o lanche na sua frente, as mãos juntas sobre a mesa, os cabelos - sem nenhuma surpresa- estavam desgrenhados. Ao lado dele, Rachel segurava um cupcake, admirada com as cores e a movimentação constante da lanchonete, alheia a todos os acontecimentos daquele dia.
Dinah apareceu limpando o rosto, Lauren reconheceria uma falta de sono há quilômetros, ninguém melhor que ela pra saber identificar um cansaço físico e mental de qualquer pessoa. Rachel correu na direção da sua mãe, os cabelos longos e cacheados ganhando vida com seus movimentos, Dinah abriu os braços para recebê-la, e elas ficaram juntas por um tempo trocando carícias. Dinah deixando algumas lágrimas escaparem, junto a um sorriso de orgulho da filha, e Rachel tentando limpar todas as lágrimas com beijos por todo rosto da mãe. Aquela cena aqueceu completamente o coração de Lauren, ela soube que poderia existir realmente um sentimento tão bonito, sentia uma felicidade apenas por poder olhar Dinah e Rachel, e como o acaso era um evento tão incrível a ponto de fazê-la grata por pessoas que ela conhecera de modo tão aleatório.
Sua expressão de compaixão foi se perdendo na medida em que encontrou o rosto de Noah fitando aquele momento entre as duas. Ele não parecia com raiva, inveja ou algo parecido, Noah era muito bom pra pensar qualquer coisa desse tipo, seu rosto era ameno, não era possível saber o que se passava em sua mente, mas sua expressão era conhecida por Lauren, era o mesmo sentimento expresso por ela na sua infância, quando todos os pais estavam presentes nos festejos familiares, e ela não encontrava o seu. O sentimento de Noah é o mesmo que Lauren sentia ao olhar seus amigos sendo abraçados e amparados, recebendo tanto apoio e atenção. Não era inveja, não era raiva... Apenas uma vontade de poder ter aquilo. Um desejo bom.
Noah esperou por mais alguns minutos e Lauren seguia inerte a tudo, então o garoto correu, passando por toda extensão do salão interno principal do hospital, ele estava chorando, Lauren sabia disso, pois ao segui-lo, conseguia ver suas mãos limpando o rosto numa tentativa falha. Ao chegar à saída, perto do estacionamento, Noah parou tentando situar sua localização, olhava de um lado pro outro até desistir e sentar ali mesmo, no chão.
Lauren alcançou o garoto logo em seguida, deu passos curtos e silenciosos até estar completamente do seu lado com alguma dificuldade por carregar a bolsa no ombro, ela sentou ao lado do garoto.
— Você corre muito pra um pequeno garoto.– ela começou tentando uma conversa amigável. — Isso é muito legal tendo em vista que a maioria de nós não é tão rápido assim.
Então, uma família saiu do estacionamento. Um homem alto e corpulento carregava o filho no ombro, enquanto a mulher segurava nas mãos de uma garotinha com longos cachos loiros. Lauren sentiu o olhar de Noah migrar para aquele lado e se surpreendeu quando ouviu o garoto.
— Você acha que eu sou um garoto ruim, Lauren? – ele comentou sem tirar os olhos da família, que agora estava fechando o carro e ativando o alarme.
— Noah! Eu não... – Lauren pensou sobre seus conselhos, pensou no pedido dos amigos para ser madrinha do pequeno Aaron, pensou sobre sua infância, sobre Rachel e Dinah. Mas, Lauren pensou principalmente em todas as vezes que Noah pareceu ser responsável por Camila: — Claro que não, você é muito, muito legal Noah!
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Silver Linings Playbook ♣
FanfictionLauren é uma mulher que aprende sobre sentir e amar ao encontrar um doce menino, Noah, que precisou crescer cedo e que mesmo transbordando bondade, não recebe atenção da sua mãe. As coisas se tornam proporcionalmente intensas quando a vida de Laure...