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Essa é como a Rachel Alyssa Hansen se parece na fanfic. 

Grandiosidade... vivacidade, viveza...

Todos os sinônimos que pudessem expressar a funcionalidade real da arte era sentido por Lauren. Como se a qualquer momento ela pudesse unificar os múltiplos sentidos que borbulham em seu corpo apenas por ter a respiração de Camila intercalada a sua, os olhos enigmáticos, curiosos, ansiosos e surpresos.

Camila era um turbilhão, um conjunto de fios interligados e enrolados, tentando alinhar-se perfeitamente, mas resultando numa energia única, algo que ela certamente não saberia como explicar, como decifrar... falar.

Nada era dito, nada era vocalizado. O som deu lugar aos outros sentidos ocultos, aqueles que sabemos que temos os pensamentos mais profundos e ao mesmo tempo em que guiam nitidamente os olhos, os lábios, as mãos...

Lauren era um dicionário científico de tudo que era o beijo, ela sabia que era apenas uma reação química comandada pelo cérebro com imensos benefícios, mas não era apenas isso quando ela encontrava o olhar de Camila. Ela sabia que existia a alteração da atividade do coração e do cérebro, que existia uma potência na transferência de hormônios, mas ao sentir o descompassado atrito da respiração de Camila em seu rosto, ela percebia que era bem mais. Ela sabia que elevava os batimentos cardíacos para 150 batidas por minuto o que aumentava nitidamente a oxidação das células, mas ao assistir Camila estudar sua boca com tanta precisão, Lauren percebeu que definição científica nenhuma explicaria e atenderia a composição espacial que devera ser sentir os lábios de Camila nos seus.

Mas era, além disso, e com toda precisão e calma que pode, Lauren se aproximou mais e mais do rosto de Camila, era possível saber que ambas se sentiam, era cada vez mais crescente. No rápido impulso, antes que os lábios de Lauren chegassem até Camila, era se virou, não por negação, inexplicavelmente ela desejaria fundir todo seu sentir aos de Lauren, era apenas o desejo de não perder nada, de certificar toda aquela imensidão.

— Camila, eu... — Lauren se afastou. — Oh, eu não... — Mas antes que pudesse completar qualquer frase ou sentir seu peito inflar, Camila descansou a mão esquerda no rosto de Lauren, e tocou o outro lado do seu rosto com seus lábios, suavemente. Com os olhos fechados, sentindo toda a parte de Lauren em si.

Lauren não recuou, ela sorriu.

Camila assistiu aquele sorriso, de olhos fechados e teve e deixou toda a parte humana em si guiar seus passos. O coração, a intenção, as mãos, o rosto, a proximidade, os olhos, os lábios, até finalmente encontrar os lábios de Lauren, não apenas no toque, mas entrelaçando-se.

Tudo era o ressuscitar de uma parada cardíaca. Primeiro, ela teve noção de que os sentidos haviam a abandonado, falta o ar, a voz não saí, mas ela grita dentro de si. Já não se tem noção de tempo, horas, dia? Não se sabe sobre cor, mas existe um misto de calor e frio, então, calmamente entre todas as danças possíveis acontece um suspiro, um choque que anestesia o coração que grita de ansiedade. As mãos lembram-se do tato, e o gelo entre elas faz transpirar, tudo é paralelo, tudo é possível. Dá um arrepio na nuca, e em meio aquele escuro de olhos fechados, vem todo um misto de desejo e euforia. Sentir com os lábios parece pouco, desenhar as formas dos lábios parece pouco, é preciso ter mais... A imaginação é muito mais do que se pode imaginar, repetidamente a mente clama por mais, então as línguas podem se tocar, se sentir, se entrelaçar, desequilibrando o que faltava para inebriar todo o resto. Cientificamente, aquilo era um beijo.

Finalizar um beijo era uma complexidade pra Lauren do mesmo modo que uma novidade pra Camila. Lauren deixou Camila guiar tudo, então à garota - ainda de olhos fechados - afastou o rosto e abriu vagarosamente os olhos para encontrar a imensidão esverdeada que era o mar aguçado de sentidos dos olhos de Lauren. Ela podia sentir um calor desértico que emanava daquele olhar, aqueles olhos, talvez a sufocassem. Mas ao encontrar os lábios - agora avermelhados de Lauren, sendo castigados por seus próprios desejos carnais - Camila esqueceu todas as coisas e sentiu esvair-se novamente. Isso era um beijo, artisticamente falando.

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