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Nota: Oi, eu percebi que demorei um pouco mais da outra vez, então dessa vez eu tentei ser mais rápida. Se vocês encontrarem erros, avisem!


Algumas vezes, o mundo não te prepara completamente para as coisas que estão acontecendo, para tudo que eventualmente acontece para o ritmo que elas te acompanham e o impacto que isso pode trazer pra você. Falar sobre a violência sofrida por Camila com a ausência dela trouxe uma sentimento de alívio momentâneo para Ally, imediatamente ela percebeu que precisaria começar a pensar em todos os envolvidos e relacionar o trauma recente de Lauren com a notícia, e sua reação, a relação que ela estava criando com Camila e Noah, além do que ela já apresenta socialmente.

O olhar de Ally migrou para o lado esquerdo da sala. Um silêncio pairou por ali e isso se manteve por quase dez minutos, ninguém era capaz de emitir qualquer som, ninguém era capaz de falar, de gritar. Lauren estava no parapeito da sala, seu rosto virado completamente para janela impedia que fosse possível visualizar qualquer emoção, reação ou fisionomia. Lauren estava completamente em choque e Ally sabia disso, mesmo sendo uma profissional do lado racional e emotivo, Ally entendia o básico do funcionamento comportamental do cérebro humano e sabia instintivamente identificar o estado de Lauren.

- Lauren? - Ally finalmente pronunciou qualquer coisa numa tentativa de entrar na área de defesa pessoal construída por Lauren. Dinah permanecia de pé, as mãos migravam dos olhos - numa tentativa falha de amenizar os vestígios do choro recente - para as têmporas, demonstrando total desequilíbrio naquele momento. - Lauren, por favor!

- Talvez essa não fosse a melhor ideia. - Dinah alegou quase num sussurro chamando atenção de Lauren para sua direção.

- Melhor ideia? - Lauren indagou limpando parte do rosto. - É sobre isso que você acha que é? É sobre isso que se trata para vocês? Sobre uma ideia? Não. Não é isso, as pessoas precisam falar sobre isso para que esses monstros que vivem escondidos em máscaras, farsas, jalecos e ternos sejam descobertos. Para que eles sejam punidos! - Lauren esbravejou de uma só vez arrancando um olhar surpreso de ambas às mulheres. - Será que vocês percebem como isso aconteceu? Vocês percebem que ela foi uma vítima, que ela está sendo ainda, porque a partir do momento que ninguém toma nenhuma iniciativa realmente sobre o assunto, que ninguém aborde isso será sempre um caso não resolvido com uma vítima? - Lauren limpou rapidamente o rosto, antes de engolir a seco, deixando seu peito inflar. - Eu não posso aceitar isso! -Esbravejou com a voz ainda mais grave.

- Lauren, não se trata disso! Nós tentamos, nós sempre... Nós tentamos realmente, eu ouvi muitas coisas e a Mila também, principalmente um pressuposto idiota de que a declaração dela seria falsa.

- O problema é esse Dinah! O problema é que ninguém fala isso, os nomes que damos às coisas não necessariamente afetam o que as coisas realmente são. Não vale a pensa saber que existem tantas leis, tantas pesquisas, mas nada funciona... nada funciona...

- Lauren, você precisa se acalmar querida. - Ally comentou num breve sussurro.

- Eu não preciso, eu não posso. Não se trata de me acalmar, se trata dessa dor maldita que está cortando meu peito. Eu não consigo colocar esse mesclar de sentimentos em palavras, não consigo nem expressar, nem posso tentar, eu estou tão enojada e com raiva, raiva por tudo que a Camila era, por quem ela se obrigou a ser, por toda confusão que ela teve que conviver, por toda falta de consideração que existiu. Eu não posso nem imaginar a vastidão de coisas que passou por sua mente. Você entende que a gente não pode nem mensurar isso? Eu estou desesperada sim, e eu preciso ficar Allyson, isso é uma violência, e eu vou me desesperar cada vez que alguém agir como se isso fosse normal, eu vou me desesperar sempre, porque isso não é certo. Eu vou me desesperar pra lutar pelo fim disso, do silêncio.

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