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Vou destravar o engarrafamento de capítulosEssa é como a Lauren se parece na fanfic.

Eu tenho quatro boas músicas para vocês, elas são como trilhas oficiais de tudo que compõe a estória:

Nude - Radiohead
Weird Fishes/ Arpeggi - Radiohead
Man of War - Radiohead
Suspirium - Thom Yorke


Algumas vozes ganhavam uma intensidade maior na medida em que Camila se aproximava da sala. Ally a havia convidado para uma reunião com outras pessoas. Apesar de não ser alguém "festeiro" Camila aceitou ir. Todas as partes racionais falando por si.

Não tão distante, Lauren finalizava os relatórios que seriam apresentados para a congregação de neurologia, a cada semestre o hospital apresentava relatórios com os dados mensais, Lauren odiava pensar que a medicina se restringia a menos que a vida para todas aquelas pessoas.

Ally incentivou as outras pessoas a se sentarem, desse modo todas partilharam olhares amigáveis e um conhecimento mútuo, aquilo de algum modo incomodou Camila, logicamente que ela sabia do esforço de alguns ali, e ela não queria diminuir qualquer que fosse a caminhada que cada um deles teve para obter um resultado tão gratificante quanto se sentir pronto para falar sobre aquilo. Camila sentou-se um pouco distante de Allyson, ela tentaria apenas assistir às pessoas de qualquer maneira. Camila não estava nervosa, ela estava desanimada. Tudo aquilo que não é falado ao tratar de alguém com depressão é vivido diariamente por aquele que sofre, ou pelas pessoas que estão ao seu redor. A depressão não vai embora, ela não é um estado de espírito que vêm em um dia e vai embora no momento seguinte, ela permanece ali, às vezes invisível e por outras apagada. A mente se torna um lugar intenso, transmite situações adversas, e altera os sentidos de tudo numa tentativa completa de sabotar a si mesmo.

Camila sabia detalhadamente como era se sentir assim: como uma sensação no meio da noite quando você dorme e pensa que está simplesmente caindo de algum ponto. O sentimento de queda é tão verdadeiro, ele vem do mais profundo, envolve e cria incertezas sobre sua realidade, porém o problema é que ele não se configura como uma queda, não exatamente, você não chega a um "chão" pois esse não existe. Quando você cai mentalmente é muito pior porque o concreto não existe, você está diante de múltiplas realidades, e não há absolutamente nada que você possa fazer sobre isso. É assustador como todo seu corpo reage, seja internamente ou externamente, no fim você acaba vagando, mas aquilo acontecia com Camila enquanto ela estava desperta. Ela se via constantemente caindo mentalmente. Camila não escolheu está constantemente caindo, mas aquilo era sua parte mais real.

Lauren desarrumava os cabelos mais uma vez, sua voz sufocada por um suspiro de cansaço, não apenas do hospital, mas da hipocrisia de estar ali. Lauren não se enxergava como médica de um setor particular, ela não entendia como a escolha que fizera estivesse relacionada à sua posição atual. A medicina era sobre ser caridosa, abdicar de suas vontades para cuidar, para amparar, Lauren sabia que mais da metade dos médicos ali não haviam escolhido por isso. Ela se lamentava internamente quando percebia que tudo era um jogo político. Caminhou pra fora da sala cansada de toda pressão psicológica, sua mente não descansava entre Noah, Camila, Rachel, Dinah, seus pais, Robin - O peixe, e o hospital. Lauren era uma bagunça que se disfarçava quando o assunto era arruma-la. Ela sabia que era uma maldita hipócrita, uma vez que ela se doava inteiramente pra Camila, e não se permitia o mesmo.

O sol estava escondido diante de poucas nuvens - altas e quase escuras, o vento balançava os cabelos de Lauren sobre seu rosto, a chuva marcando cair sobre a superfície, o céu parecia avisar que logo logo ela chegaria. O ar no entanto parecia quente. Lauren adorava assistir os ensaios de arte que a natureza oferecia, era seu escape pessoal, pelo menos ela assim gostava de pensar. A chuva logo caiu pesadamente, Lauren continuou a olhar para o horizonte talvez apenas deixando-se molhar por alguns instantes, algumas pessoas corriam ao redor do hospital tentando escapar do banho, outros carregavam guarda-chuvas e andavam vagarosamente evitando um único pingo d'agua. Sentindo-se mais livre, a médica caminhou de volta pra dentro arrastando os pés cobertos pelo simples calçado. Ela sentiu seu corpo reclamar de tudo, mas não se permitia pensar sobre isso, sua mente vagava por vários ambientes, pensando no que faria, no rumo da sua vida, sobre as pessoas que a cercava, tudo em baixo de seus olhos.

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