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Columbia University na imagem acima.

Naquela tarde, Lauren estivera cansada demais para se permitir pensar em qualquer outra coisa, exames e prontuários se intensificaram aos montes, chamadas e, vez ou outra uma escapada para aglomerados copos de café. O tempo, nesse quesito, não se mostrava totalmente detalhado sob os olhos de Lauren, ela mal questionava os segundos, ela mal sabia que já havia passado quase vinte horas no plantão. Uma semana havia se passado após a conversa com Camila, uma semana em que Lauren se dividia entre estar presente para Noah e Camila, o que lhe deixava completamente bem, e plantões congestionados, além de diversas reuniões com patamar de pesquisas e estudos específicos.

Ally não deixara de observar como a semana estava passando, como Lauren se via responsável por questões que de algum modo, a deixava totalmente consciente e guardiã, tanto de Noah quanto de Camila, ela não comentou por muito, essa era uma das características da Dra. Ally, ela observava tudo com comentários embutidos em sua mente, tentava se posicionar de todos os modos para não ser injusta com nenhuma das partes, até então, ela só achou que Lauren estava super carregada de responsabilidades, mas nada que uma futura conversa resolva.

Ao longo dos dias, naquela fatídica semana, Dinah cuidou de Noah apenas duas vezes, o garoto ficou na maior parte do horário oposto as aulas com sua mãe, e na terça-feira, ele encontrou Lauren na biblioteca para outra remessa de gibis. Ally seguia observando, olhando sempre por cima da armação dos óculos, que insistiam em cair quase que sob o nariz, obrigando-a a levantar com o dedo médio toda vez. O caso de Lauren não era necessariamente um "caso" estudado e acompanhado por Ally, era apenas alguém próximo ao qual - de ambos os lados - ela se perguntava todas as noites, como poderia ajudar a drenar Camila, sem que Lauren fosse totalmente irrigada, mas era meramente difícil.

— Olá!— cumprimentou Lauren quando se aproximava totalmente da varanda de Camila. A garota mais nova observava a rua, mas acenou cordialmente para o gesto de Lauren. —Você está bem?

Camila parou de encarar a rua, onde um dos garotos comemorava por ter acertado o taco na bola e feito o ponto, do outro lado, na calçada, uma garota beijava seu namorado: — Sim.

— Isso é uma afirmação?

— Não totalmente.— respondeu Camila olhando diretamente pra Lauren dessa vez. — Poderia estar melhor talvez.

Na calçada da frente alguns garotos corriam por trás do carro de Lauren, apontando para o quão legal e grande era.

— Eu estive pensando algumas coisas... — Camila começou. — Sobre essas sensações, sobre esses pensamentos, sobre as coisas do meu quarto e sobre o Noah. — Camila suspirou antes de retirar parcialmente parte do cabelo do rosto, deixando-o visível para Lauren. — Eu quero ser alguém boa para o Noah, mas é impossível doar bondade, quando dentro de você tudo é confuso, como se nada do que está acontecendo fosse real.

—Funciona se você falar sobre...

— Eu não sei ao certo. —Uma das vizinhas de Camila passou com seu bebê ao colo, acariciando o bebê com calma e mostrando pra outras pessoas, provavelmente seu filho havia nascido há pouco tempo. Camila encarou a garota por segundos, antes de entrar repentinamente.

Lauren rapidamente lembrou-se da ocasião em que Noah vira uma família no hospital, e ele teve uma reação parecida, como se aquela fosse uma realidade comum, mas que fosse distante e doloroso aos olhos dele. Para Camila era intensamente mais difícil. Lauren se preparava pra entrar quando seu celular vibrou, eram alertas de chamadas perdidas. "Ally" e "Clara", a médica deslizou o aparelho no bolso novamente e entrou disposta a ajudar Camila e esquecendo-se totalmente do seu atual estado de cansaço.

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