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Nota: Oi gente, a Dinah liberou uma das fotos que tem no quarto dela do Noah com 5 anos, babem pelo pequeno barboy. :)

Lauren era uma mera escrava de sua consciência, lutava contra aquilo que parecia real e os vestígios do que pareciam fantasias criadas por sua mente.

O nervosismo era nítido na expressão confusa de Lauren. Ela se lembrava de deixar Dinah e os meninos na porta de casa, receber um beijo estalado na bochecha e um abraço caloroso de Noah. Dinah sorriu para a mulher antes de beliscar carinhosamente sua barriga como ela se acostumou a fazer para cumprimentá-la. Evidentemente Lauren percebeu que Dinah estava cabisbaixa, os olhos vermelhos e pálpebras inchadas revelavam o choro recente em seu rosto, era compreensível o desejo de manter aquilo pra si, talvez isso explicasse a forma como elas se aproximaram tão rapidamente, Dinah mantinha um ar restrito, preferindo permanecer solitária quando qualquer coisa remetia seu passado ou Camila. Lauren reconhecia esse desejo, eram ares contemplativos, soluções repentinas criadas por sua própria defesa, tudo era um muro impenetrável, uma área de segurança até mesmo para a memória de Dinah. Lauren possuía as mesmas características e isso poderia significar egoísmo para alguns ou solidão para outros, mas Dinah e Lauren sabiam que em meio a tudo que restou, suas lembranças eram por muitas vezes o estímulo que precisavam diariamente para saberem que estavam seguindo apesar de tudo.

Após a conversa de Dinah com Ally e toda confissão de Camila naquela mesma noite, Lauren se mantinha alheia a tudo, seus pensamentos migravam constantemente no estado físico e mental que Dinah exalava no qual ela podia reconhecer claramente vestígios de alguém que estava restrita, presa em máscaras, mas que agora buscava sossego novamente em meio a realidade que lhe cercava. E tudo corria ao redor de suas constantes dúvidas, de seu desejo súbito de acolhimento. Tudo realmente pareceu se encaixar, era possível recordar algumas coisas boas em sua mente: Lauren pensou em sua vida nos últimos dias, lembrou-se da tarde animada que tiveram no parque quando Rachel e Noah escorregaram juntos em alguns brinquedos e o garoto ajudou a menor no balanço, de como eles estavam bem naquela tarde, e como o dia havia sido preenchido por imagens deles deitados sobre um lençol amarelo que Lauren se lembrou de pedir a Dinah antes de saírem naquela tarde.

Parecia que tudo que envolvia Lauren sempre ligava suas memórias, e a forma que a faculdade de conservar e lembrar estados de consciência passados sempre estavam relacionados ao modo que ela sentia seu coração ou seu estado físico. Não se tratava da parte científica, longe disso. Não era apenas o sistema de armazenamento ou um bombeamento de informações e estímulos, não poderia ser somente as respostas familiares dos impulsos cerebrais e a resolução do organismo com codificação, armazenamento e recuperação como ela aprendera, era muito maior que isso, eram seus sentimentos eclodindo, era o intenso e desconhecido desejo de cuidar e proteger e mesmo que fosse difícil assimilar isso, percebendo isso, sua mente entrava num turbilhão completo quando ela recordava o momento exato do encontro com Camila e toda evidenciação que tiveram naquele dia específico.

A última imagem que Lauren tivera foi da janela lateral da casa de Camila aberta, após assegurar que ficaria bem, Camila simplesmente se deixou levar pela sua zona de conforto, afastando qualquer pessoa e voltando ao seu familiar silêncio, guardando qualquer vestígio de que em algum momento permitiu a passagem de alguém. Ao contrário dela, Noah foi forte, o garoto fez questão de acompanhar Lauren até a porta com a promessa de mais um encontro acompanhado por um concordar silencioso e caloroso de Lauren. Tudo agora era um enorme borrão.

Naquela mesma madrugada Lauren estava checando a ala pediátrica da neurocirurgia quando foi alertada por um bipe que a Dra. Ally Brooke estava solicitando sua presença. O conselho do Presbyterian havia permitido que a médica iniciasse uma sessão de auxílio para alguns pacientes, alegando que seria um bem mútuo, os pacientes seriam beneficiados e Ally teria o material suficiente para manter sua bolsa de pesquisas em Columbia. Sendo assim, durante alternados dias da semana, Ally estaria peregrinando nas alas do Presbyterian com seus familiares óculos de grau, os saltos ecoando nas silenciosas madrugadas e uma caneta devidamente colocada no bolso esquerdo do jaleco.

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