O Suspeito

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Não consigo dormir. Pensar que estou quase a por o "assassino" na cadeia deixa-me inquieta. Durante a noite, contei tudo à Kelly. Ela apenas me avisou para eu ter cuidado com ele e para não criar expectativas.

...

"Então, que se passa?" – Patrick entrou na sua sala onde eu já estava há algum tempo.

Contei-lhe tudo. Tudo sobre o acidente, sobre o desaparecimento do Theo, sobre os fantasmas, sobre a minha desconfiança. Tudo. Ele ouviu atentamente. Nem torceu o nariz quando eu disse que não eram visões.

"Então se existem fantasmas também existem outras criaturas sobrenaturais, como os lobisomens." – depois de tudo o que lhe contei foi isto que ele concluiu.

"Claro! Aquela professora de matemática com os óculos gigantes é uma bruxa e o professor de filosofia é um lobisomem!" – disse ironicamente. – "Vamos concentrar-nos nas coisas realmente importantes. Ele pode ser a pessoa que estava em frente ao carro!"

"O Ryan?! Ele foi meu aluno no ano passado! Ele não faria isso." – o Patrick estava mesmo convencido do que estava a dizer.

"Tu não sabes. As aparências iludem!"

"Então, o que queres fazer?" – perguntou seriamente. Entreguei-lhe um papel e ele pareceu confuso.

"Reconheces essa letra?" – ele disse que não com a cabeça. – "Tenho de saber se é do Ryan. E enquanto eu descubro isso, tu vais ligar para o castelo de Malahade para ver se ele estava lá."

Ele concordou e não pudemos falar mais, pois começaram a chegar mais alunos. Fui para a casa de banho e liguei à Rachel que não tem aulas hoje:

"Tu tens alguma coisa do teu primo escrita, de quando ele tinha mais ou menos 13 anos?"

"Acho que sim, mas porquê?"

"Porque sim. São coisas minhas, depois conto-te!" – eu vou ter que arranjar uma desculpa muito boa.

Ela prometeu-me que ia procurar um cartão de aniversário ou coisa parecida com a letra dele, na condição de eu lhe dizer o que se andava a passar. Eu prometi, mas acho que vou ter que quebrar a promessa.

Enquanto estava na aula de biologia com o Sr. O'Neil, enviei-lhe uma mensagem. 'Já ligaste para lá?'. Segundos depois ouviu-se um apito e o Patrick ficou um pouco embaraçado. Mandou-nos fazer uns exercícios e viu a mensagem. Instantes depois senti o meu telemóvel vibrar. 'Ainda não. Depois falamos!'.

...

Já era um pouco tarde, mas eu tinha mesmo de passar pela casa da Rachel. Toquei à porta e o Sr. Young veio abrir. Sei que é indelicado interromper um jantar, mas eu preciso de ter a confirmação hoje e aquilo não ia demorar nada. A Rachel deu-me um cartão de aniversário e insistiu para eu lhe contar para que o queria, mas disse que lhe contava depois.

Fui para casa e comparei a letra do cartão e do papel. Eram idênticas. Eu não acredito, só pode ser ele. Agora, para ter a certeza só preciso que o Patrick me ligue. Esperei um bocado e recebi uma chamada dele.

"Então? Ele esteve mesmo lá?" – perguntei desesperadamente.

"Esteve. Saiu por volta das 21h30."

"A essa hora o acidente ainda não tinha acontecido. A letra é compatível. Só pode ser ele, Patrick. Ele estava em frente do carro." – senti lágrimas nos meus olhos. – "Eu vou falar com ele e depois vou chamar a polícia. Tens o número dele?"

"Sim, eu vou ligar para ir ter connosco perto do Big Ben, ok?"

"Pode ser. Eu vou partir a boca a esse gajo." – avisei.

O Patrick avisou-me para ter cuidado e achou melhor vir-me buscar. Ele vai pagar pelo que fez!

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora