Ghosts of the Past

A casa assombrada

Ele está diferente. Antes ele era gordinho, baixo, com o cabelo rapado, mas agora ele está alto, musculado e com um penteado que lhe ficava muito bem. Resumidamente, ele está lindo.

"Eu sabia que um dia me virias visitar. Eu sabia que eu conseguia ver o teu fantasma." – exclamei entusiasmada.

"Fantasma? De que é que estás a falar Bella?" – perguntou o rapaz confuso.

Aproximei-me do Theo e toquei-lhe na mão. Ele estava mesmo ali. Ele está vivo. Abracei-o com muito força e ele retribuiu o abraço. Finalmente uma boa notícia.

"Eu tive tantas saudades tuas. O que é que te aconteceu?" – perguntei mais feliz do que nunca.

No dia do acidente, ele acordou antes de mim e pensou que estávamos todos mortos e assustado saiu dali. Andou durante muito tempo pela estrada até que um casal australiano o viu por ali e o adotou. Como estava com amnesia não sabia quem eram os pais. Voltaram para a Austrália no dia seguinte e a notícia do seu desaparecimento não foi dada. Durante estes últimos 4 anos o Theo não se lembrou de nada e só nos últimos 2 meses começou a ter lembranças da sua antiga vida.

"Que história é essa dos fantasmas?"

"É uma longa história!" – contei-lhe tudo. – "Os teus pais sabem que estás vivo?"

"Sim. Já falei com eles e fui visitá-los. A eles e ao resto da minha família e já sei que fomos os únicos que sobrevivemos. É triste!"

...

"O teu amigo é giro!"- comentou a Mack.

"A casa assombrada está quase a abrir. Mas a festa anual do dia das bruxas de Ludgate Hill é no mesmo dia da abertura da casa assombrada. A qual evento é que vamos?" – perguntou a Rachel.

"Falamos nisso depois vou apresentar o Theo ao Toby." – informei.

Agarrei na mão do Theo e fui até à mesa onde o Toby estava sentado a estudar.

"Toby este é o Theo. Um amigo!" – apresentei-os.

Ficámos a falar durante um bocado e enquanto o Theo estava a ajudar o Toby com matemática, a Rachel arrastou-me da mesa.

"Eu não acredito que apresentaste o Theo ao Toby. Quantas vezes é que é preciso dizer-te que o Toby não é de confiança?!" – disse Rachel chateada.

"Vocês não o conhecem. Parem de falar assim dele."

Voltei para a mesa, mas não prestei atenção à conversa. Perigoso. Toda a gente diz que o Toby é perigoso e se ele for mesmo? Eu não sei nada sobre o passado dele. Mas vou descobrir!

...

"Decidam-se! Casa assombrada ou festa do dia das bruxas?" – perguntou a Rachel pela milésima vez.

"Escolham vocês. Eu não vou!" – informei os meus amigos.

"Bella, sem ti não vai ser a mesma coisa. Vem lá!" – tentou convencer-me Mack.

"Não. Eu tenho medo de máscaras do dia das bruxas." – menti.

"Eu prometo que não te acontece nada. Ficamos sempre juntos!" – propôs Shawn.

"Está bem. Mas vamos à casa assombrada. A festa tem demasiada gente mascarada num só espaço." – disse por fim.

...

"Estás muito sexy!" – comentaram Theo e Patrick ao verem a minha máscara. A Rachel obrigou-me a mascarar-me de diabinha sexy.

"Tu também estás giro." – disse pouco motivada. Ele estava vestido de marinheiro.

"Então Bella que se passa?" – perguntou Theo docemente.

"Não quero mesmo ir. Eu não tenho medo de mascaras do dia das bruxas, mas tenho medo do que possa acontecer. A minha vida é uma confusão." – admiti.

"Eu estou lá e nada te vai acontecer. Não te preocupes!" – sorriu para mim e levou-me para fora de minha casa.

...

"Nós vamos mesmo entrar ali?" – perguntou uma menina de mais ou menos 8 anos ao pai.

"Faço a mesma pergunta." – comentei.

O Shawn agarrou na minha mão e entramos na casa onde a entrada é uma caveira. Esta casa assombrada é muito parecida com a que fazem em Dublin, mas esta é maior e mais assustadora. Havia cabeças de bebés por todos os lados.

"Eu vou matar-vos a todos! Ahahah!" – disse uma voz através do altifalante. Como não estava à espera gritei.

A hora que se seguiu foi igualmente assustadora. Havia mascarados por todos o lado, portas que iam dar a salas cheias de facas ou com sangue falso.

"Eu quero ir embora!" – disse a Mack depois de ter gritado imenso.

Ela apenas se ria de mim. Fiz uma promessa a mim mesma, não iria gritar mais. Porém tive de quebrar a minha promessa. Quando já estava no segundo andar da casa cai por um buraco que logo se fechou.

Fui parar a uma sala com o teto baixo e escura. Era tudo insuflável e colorido, parecia um circo. Detesto circos. Em Dublin eu também fui parar a uma sala como esta na casa assombrada. Era só preciso esperar que umas luzes vermelhas se ligassem e era só abrir uma porta. Esperei uns minutos e a tal luz acendeu-se e veio acompanhada por um riso assustador. Fui até à porta, mas estava trancada. Voltei a tentar, mas continuava trancada. Gritei, mas ninguém me ouviu.

"Não precisas de gritar Bella. Eu estou aqui!" – era o "assassino".

"Deixa-me ir embora! Por favor!" – pedi desesperadamente.

"A Mary deu-te alguma informação. Já sabes quem eu sou Bella!" – perguntou ironicamente a voz.

Olhei para a minha esquerda e do lado oposto da sala estava outra porta. Fui a correr até lá, com um pouco de dificuldade tendo em conta que o chão era insuflável, mas a porta também estava trancada.

"Eu só quero falar contigo Bella. Eu nunca te faria mal." – continuou. Eu só desejava sair dali.

"Mas eu não quero falar contigo. Ajudem-me!" – berrei dando socos na porta.

"Ninguém te vai ouvir, mas os teus amigos já estão à tua procura. Bons amigos. Nunca pensei que o Theo estivesse vivo. Erro meu." – eu estava cada vez mais assustada. Melhor dizendo eu estava aterrorizada.

"Deixa o Theo em paz." – exigi. – " Ele não tem nada a ver com isto! Porque é que não mostras quem és e acabas com os teus joguinhos."

"Bella, Bella, Bella. Tu saberás quem eu sou, na altura certa." – afirmou o "assassino".

Voltei para a porta, berrei, dei socos e pontapés sempre a ouvir as gargalhadas do "assassino". Depois de algum tempo senti a porta ser aberta e vi o Toby do outro lado. Nunca fiquei tão feliz por ver alguém na vida. Abracei-o fortemente.

"O que é que se passou?" – perguntou o rapaz preocupado.

"Eu caí e como tenho claustrofobia não consegui abrir a porta." – menti ainda com a respiração ofegante. – "Não vamos dizer-lhe que tenho claustrofobia!"

...

Depois de avisar os outros que o Toby me encontrou e dirigimo-nos para fora da casa assombrada. Olhei em volta e reparei que faltava alguém no nosso grupo.

"Pessoal, onde é que está o Shawn?" – perguntei.

"Não sei. Ele foi procurar-te sozinho e nunca mais voltou. Se calhar perdeu-se." – respondeu Logan. – "Eu vou lá dentro ver se o encontro."