Ghosts of the Past

Ninguém queria acreditar

"Bella, o que é que te aconteceu?" – perguntou Ethan assim que me viu chegar de bengala e óculos de sol.

Enquanto eu andava pela escola reparei que todos olhavam para mim espantados e com pena. Todos pensam que eu estou cega.

Contei aos meus amigos que fui dar um passeio pela floresta quando um lunático qualquer me atirou umas bombinhas e quando me tentei salvar fiquei cega. Se houvesse um prémio para as melhores mentirosas eu ficavam eu primeiro lugar.

Todos ficaram tristes por mim e quiseram acompanhar-me à aula do Sr. O'Neil. Mas como isso não me dava jeito nenhum recusei e disse agressivamente que não precisava da ajuda de ninguém.

Entrei na sala e logo o Patrick veio a correr até mim preocupadíssimo. Fechou a porta (se bem que não fez muita diferença a porta tem uma grande janela!) e agarrou no meu braço para me conduzir.

"Patrick, eu não estou cega. Tem calma!" – informei.

"Qual é a tua ideia? Assustaste-me!" – repreendeu o professor de biologia. Sou boa atriz!

"Tenho de explicar tudo? Se as pessoas pensarem que eu não vejo, vão cometer erros à minha frente e assim é mais fácil encontrar o "assassino". Acho que é óbvio!" – respondi como se ele conhecesse o meu plano e fosse muito esquecido.

"A minha mãe sempre me disse: 'Filho, tem cuidado com as companhias!', mas eu não lhe dei ouvidos. Preferi arranjar uma amiga que finge uma coisa que não é." – quase gritou. – "Foi uma infelicidade o que te aconteceu. Lamento imenso!"

"Obrigada Sr. O'Neil." – disse. Percebi que estava alguém a passar no corredor. – "Vamos deixar-nos de coisas e passar ao importante. Estive a pensar no que a Sr.ª Chapman disse. Talvez o "assassino" seja o Toby. toda a gente diz que ele é perigoso. Sabes o que ele fez no passado?" – perguntei.

Patrick negou. Ele só veio viver para Ludgate Hill há cerca de 2 anos e segundo sei o que aconteceu, seja lá o que for, foi feito há 4 anos. O que talvez possa coincidir com o assassinato dos meus amigos.

Não quis perguntar à Rachel o que aconteceu com o Toby. quero ouvir da boca dele. Sentei-me num banco perto de onde ele estava, esperando que ele viesse ter comigo. O que aconteceu.

"Quem está ai?" – representei.

"Toby. Como é que estás a lidar com toda esta situação?" – perguntou.

"Mais ou menos. É um bocado difícil acordar de manhã e perceber que não vemos nada, mas eu vou superar." – fingi. Ouve um momento de silêncio. Durante esse momento tive a ganhar coragem para fazer a pergunta. – "Toby, o que é que tu fizeste assim de tão grave para toda a gente te olhar de lado?"

Ele engoliu em seco e não respondeu. Percebi que o assunto o deixava profundamente desconfortável. Durante uns instantes ele mexia nas mãos como umas criança que sabe que errou.

"Eu fiz uma coisa muito grave e arrependo-me disso todos os dias. Tu vais querer afastar-te de mim, mas tu é que quiseste saber." – ele fez uma longa pausa até me dar a resposta à minha pergunta. – "Eu matei 7 estudantes desta escola." – eu devo ter feito um ar bastante chocado, porque o rapaz se apressou a acrescentar. – "Eu não queria. Eu tenho uma doença. Eu sofro de transtorno bipolar. Eu estava na fase depressiva, ninguém sabia que eu sofria de bipolaridade. Eu andava cheio de raiva e aqueles estudantes dirigiram-se a mim e eu matei-os. Eu vivo com a culpa de os ter matado desde esse dia. Mas não te preocupes, eu estou medicado e completamente controlado." – lágrimas escorriam pela face do rapaz.

...

"A sério?" – exclamaram em uníssono Theo e Patrick depois de lhes contar o que Toby me revelou. Nenhum de nós queria acreditar. Toby sempre foi querido, simpático e boa pessoa. Aparentemente!

Depois do que o rapaz me revelou eu fiquei a pensar. Se ele foi capaz de matar 7 alunos lá da escola, ele também pode ter matado os meus amigos. Eu não sabia o que havia de pensar. Era tudo um grande borram na minha mente.

Pesquisei sobre o homicídio dos 7 alunos. Os seus nomes eram: Caitlin, Eveline, Eleanor, David, Cameron, Ben e Jace. Todos tinham 14 anos. Morreram sufocados. Eu preciso de respostas e simples notícias sobre os assassinatos não me vão ajudar em nada. Eu tenho de fazer alguma coisa. E sei exatamente o que é.

Falei com Tom, o hacker da escola, e ele conseguiu saber onde Toby vive. Ele mora numa rua estreita e deserta. Apenas ele e mais duas famílias vivem lá.

Sem que ninguém soubesse fui ter àquela rua. Ele reside no número 7, uma vivenda grande e com as paredes cor-de-rosa. Sem pensar toquei à campainha e quem abriu foi uma mulher loira com uns 40 anos.

"Eu já comprei uma enciclopédia ao seu colega. Não estamos interessados em comprar o resto da colecção." – informou tentado fechar a porta. Porém eu coloquei o pé entre a porta e a ombreira da mesma.

"Eu não vendo enciclopédias. Eu preciso de falar consigo e com o seu marido. É muito importante." – pedi.

A Sr.ª Collins deu-me passagem e eu entrei. A casa era deveras estranha. Tinha bonecas de porcelana por todo o lado. Faz-me lembrar a casa da minha falecida avó. Devo dizer que eu detestava entrar em casa dela.

"Quer tomar alguma coisa? Um café, um chá, nós também temos sumo de abacate se apreciar." – ofereceu amigavelmente o Sr. Collins.

"Não obrigada. Eu estou bem assim. Eu só peço que não contei ao Toby que eu estive aqui. Quando chegar a altura certa eu contarei." – pedi. Eles entreolharam-se e murmuraram um fraco "está bem." – "O vosso filho alguma vez viajou ou até fugiu de casa?" – perguntei lentamente. Desconfiar do Toby estava a destruir-me por dentro.

"Sim. Viajamos para Paris há cerca de 3 anos. Mas ele nunca fugiu de casa. Provavelmente já sabe do que o Toby fez, mas ele está controlado e ele nunca faria mal a ninguém propositadamente." – assegurou-me a Sr.ª Collins.

Agradeci a hospitalidade e sai de casa do Toby. Liguei ao Theo e contei-lhe tudo. Ele repreendeu-me por não lhe ter dito que ia a casa do Toby sem lhe avisar, mas também concordou que o Toby não era o "assassino".

Eu nunca devia ter desconfiado dele. Fui uma péssima amiga! Eu fiz com que ele revelasse uma parte do seu passado que ele preferia ter deixado oculta e no final ele não matou os meus amigos. Eu tenho de falar com ele!