Stalker

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Cheguei à escola e estava tudo calmo. Como nos velhos tempos, nada de agentes da polícia e nada de novidades estranhas.

Liguei ao Patrick, mas ele não atendeu. Pedi para ficar sozinha e fui bombardeada por perguntas, mas saí de ao pé deles sem responder a nenhuma.

"O Sr. O'Neil está? Preciso de falar com ele!" – perguntei a uma funcionária que estava à porta da sala dos professores.

"Não, querida. Ele avisou que hoje não vinha!" – informou a senhora.

Achei estranho, ele não me ter avisado e nem sequer atender o telemóvel. Como a minha primeira aula era de biologia, eu e o Shawn fomos para as mesas de pátio estudar.

"Bella, preciso de ajuda neste exercício de matemática." – pediu Shawn.

Levantei-me e fui ter com ele. No curto caminho tropecei numa pedra e cai no colo do rapaz. Senti a respiração dele no meu pescoço. Ele cada vez se aproximava mais e os nossos lábios estavam a milímetros.

"Bem, que exercício é esse?" – disse levantando-me.

...

O Patrick continua a não atender o telemóvel. Estou a ficar preocupada. Decidi ir até casa dele. Durante o caminho senti-me observada. Ocasionalmente olhava para trás, mas não estava lá ninguém. Estava a ficar verdadeiramente desconfortável.

Toquei à campainha múltiplas vezes, até que no dono do apartamento me recebeu em cuecas.

"Desculpa. Eu liguei-te o dia todo, porque queria falar contigo, mas já percebi que estás ocupado." – sem querer ele abriu mais a porta dando-me visão para o interior do apartamento. – "Com a Melissa. Desculpem, continuem. Depois falamos!"

Este foi o momento mais constrangedor da minha vida. E da deles também. Tenho de aprender a meter-me na minha vida!

O caminho de volta para casa foi igualmente esquisito. Eu posso jurar que está alguém a seguir-me. Apesar de não ver quem é, eu sei que está!

...

Decididamente, eu estou a ser seguida e isto está a dar comigo em doida. Estou a ficar mesmo assustada. Hoje, no caminho para a escola, a sensação de estar a ser observada voltou.

"Podemos falar?" – perguntou uma voz atrás de mim, fazendo-me saltar.

"Patrick, que susto!" – resmunguei. – "Claro que sim. Vamos para onde?"

O professor conduziu-me até à sala onde costuma dar aulas. Sentou-se a secretária e parecia inquieto e desconfortável.

"O que tu viste ontem, não é o que tu estás a pensar." – começou por dizer.

"Não penses nisso. Nós somos só amigos e eu não tenho nada a ver com o que tu e a Melissa fazem, acho que já são crescidinhos!" – ele suspirou bem fundo. Parecia aliviado. – "O que eu tenho para te dizer é muito importante!" – ele abanou a cabeça para eu continuar a falar. – "Nós temos de ir ao Bethlem Royal Hospital."

"Eu sei que eu não sou muito normal, mas não preciso de ir para um hospital psiquiátrico!" – exclamou Patrick.

"Não é isso! Eu preciso de falar com uma Mary Chapman e gostava que viesses comigo." – pedi-lhe. Se ele já estava confuso, mais confuso ficou. Expliquei tudo sobre a carta e, ainda um pouco reticente, ele concordou em levar-me lá.

...

"Que cara é essa?" – perguntou Shawn.

"Nada. É só que acho que anda alguém a perseguir-me." – admiti. Podem ser só coisas da minha cabeça, mas eu ando mesmo assustada.

"Se quiseres, podemos levar-te a casa. Assim sentes-te mais protegida!" – propôs Logan. Hoje ele está especialmente bem-disposto.

Aceitei. Apesar de não sermos amigos, o Logan preocupou-se comigo. Talvez ele não seja tão má pessoa como eu julgava.

O caminho foi pacífico e como eles me tentaram distrair não dei por nada. Eu acho que ando a ficar paranoica. Preciso de dar descanso ao meu cérebro.

...

Os meus pais voltaram e finalmente parecem minimamente felizes. Felizes e apaixonados. Acho que já estava na altura. Tentei esquecer o suposto stalker e juntei-me à felicidade dos meus pais.

O meu pai insistiu em levar-me à escola, coisa que não fazia há anos. Cheguei ao local pretendido em menos de 5 minutos. Porém preferia ter demorado mais. No portão estava Oliver, o bully da minha antiga escola. Estava ali com o seu habitual sorriso maldoso. Dirigi-me até onde ele estava e rapidamente deu pela minha presença.

"O que é que estás aqui a fazer?" – perguntei agressivamente.

"Bella. Para quê tanta hostilidade?" – perguntou com escárnio na voz. Ele costumava gozar comigo por falar sozinha. – "Vamos deixar o passado para trás!"

"Ainda não me respondeste à pergunta. O que é que estás aqui a fazer?"

"Vim visitar-te!" – ironizou. – "Eu percebi que fui muito mau contigo e injusto também e vim cá pedir-te desculpa. Já vi que tens amigos. O Shawn e o Logan parecem bons rapazes."

"Tu gozavas comigo todos os dias. Puseste toda a gente a gozar comigo. Eu tinha acabado de perder os meus amigos, sabes como eu me sentia? Sabes como é perder alguém de quem tu gostas?" – perguntei irritada.

"Sei e foi por isso que vim cá pedir-te d..."

"Como é que tu conheces os meus amigos?" – interrompi. Ele ia dizer qualquer coisa, mas eu não deixei. – "Eras tu! Tu andaste a perseguir-me. Eu sabia! Tu não estás mudado. O que é que tu queres de mim?"

"És mais esperta do que eu pensava! Vamos diretos ao assunto!" – começou por dizer Oliver com um sorriso maldoso no rosto.

"Eu não quero saber. Eu não te vou ajudar." – avisei. Ia sair dali, porém ele agarrou-me no braço com força.

"Podes não saber, mas vais ajudar-me!" – informou friamente. – "Tu sabes do que eu sou capaz, Bella. Aqui, depois das aulas ou quem sofre são os teus amigos."

O problema das adolescentes normais é pintar as unhas, mas eu tenho um "assassino" para apanhar, tenho de ir a um hospital psiquiátrico e tenho que proteger os meus amigos de um rapaz que voltou para me atormentar. Eu preciso de umas férias da minha própria vida!

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora