Capítulo 60

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P.O.V  Veronica

Ando pelo parque central e me sento num banco qualquer de frente para uma árvore. O dia está frio, porém, ficar em casa seria pior.

É uma árvore bonita, venho tanto aqui que já sei cada detalhe. Acho que se eu não cursasse direito, faria paisagismo... É engraçado como algumas coisas têm a capacidade de nos ajudar a pensar; mesmo que às vezes pensar seja ruim.

É difícil aceitar que a sua vida não é nada parecida com o que você imaginava que seria aos 6 anos. As coisas mudam, assim como as pessoas. Eu era uma criança feliz, até minha mãe decidir ir embora levando minha irmã, e ocasionalmente me deixando sob os cuidados do meu progenitor. Ele até tentou ser bom pai, mas o trabalho e a ambição hoje em dia vale muito mais que atenção ou afeto. No fim, acabei ficando amarga, o que não me trouxe bons frutos.

Tenho dois amigos, um "crush" que me rejeita, uma familia desestruturada e estudo em uma Universidade na qual metade dos alunos não gostam de mim; eu os entendo, por que gostariam?! Já briguei com todos alí por ciúmes de algo que nem é meu.

Sabe, o Alex foi o primeiro cara por quem me apaixonei, e isso foi horrível, a julgar que ele sempre deixou claro que não queria nada comigo... Ele dizia que não gostava de namorar, e eu achei que era apenas uma defesa contra decepções e coloquei na cabeça que ia fazer ele mudar essa perspectiva... Mas aí a Maya apareceu e eles começaram a namorar; assim eu vi que o problema era em mim.

Claro que eu não gosto dela, com facilidade ela conseguiu o cara por quem eu lutei por um bom tempo, sem contar que ela é folgada e sempre arruma um motivo pra me provocar.

A Gisele, uma antiga amiga, entende os meus motivos, porém, é a unica... Creio que ela assumiu o lugar da minha irmã. Eu gosto demais dela, mesmo sabendo que ela dava em cima do Alex, porém ela nega pra não cortar o seu filme comigo. Agora que ela está grávida, estamos das vez mais próximas... Não quero deixa- la sozinha num momento como esse.

Pois é, vim para esquecer dos problemas, mas acabei lembrando de todos.

- Ta pensando no que? - Alguém fala ao meu lado e é impossível não reconhecer a voz.

- Está aqui a muito tempo? - Pergunto.

- Não... Acabei de chegar. - André fala sorrindo, arrancando um sorriso meu também.

- Flashback on -

Estava andando pelo parque e resolvi parar para descansar um pouco, fiquei perdida nos meus pensamentos, e depois de muito tempo percebi que um cara tinha sentado do meu lado. Sua bochecha estava vermelha e ele estava com a cabeça inclinada par trás, de olhos fechados.

O olhei por uns minutos, mas parei quando ele abriu os olhos e me viu... Virei o rosto com tanta rapidez, que podia ser confundida com a Emily Rose, em O exorcismo.

- Fica calma, eu não mordo. - Ele disse e sorriu de lado.

- Você está bem? - Minha curiosidade falo mais alto, então acabei perguntando.

Ele arqueou a sobrancelha direita, parecendo não entender, então indiquei a sua bochecha.

- Ah, sim... Eu não te conheço? - Pergunta.

- Não. - Suspirei e voltei a olhar para o nada, relembrando os motivos tristes de ter uma vida tão vazia.

- Bom, meu nome é André. - Sorriu.

- Eu sou Verônica...

- Pois então Verônica, por que está triste?

- Como é? - Pergunto em dúvida.

Vítimas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora