Vítimas do Coração

Capítulo 68 (Último)

       Estamos todos sentados em volta de uma fogueira na praia, assim como há tempos atrás... Mas dessa vez não é um lual, é apenas uma forma de nos unirmos mais. O mar esta um pouco agitado, e não está tão frio, fizemos uma fogueira por que achamos legal, não por necessidade. O som das ondas quebrando, o calor do fogo e a luz da lua torna esse o cenario perfeito para qualquer situação. Alice saiu do hospital há três semanas, mas ainda se encontra com um gesso no pé e reclama até hoje da cicatriz que ficou na sobrancelha, diferente de Avril que já se recuperou totalmente. Depois do susto, estamos dando muito mais valor aos momentos que passamos, vivendo como se fosse o último e posso dizer que estamos todos bem mais felizes com isso, a julgar pelo sorriso estampado no rosto de cada um dos meus amigos diarimente.
     Agora já deve se passar da 1h00 da manhã, e ficamos aqui a noite toda, cantando, contando histórias, piadas e falando sobre algumas matérias da faculdade, filmes e séries. Cada um gosta de um tipo diferente de cada coisa e isso só deixa a conversa mais interessante. Eu e o Alex continuamos firmes e fortes, eu sei que a vida não é um conto de fadas, mas se fosse, ele com certeza seria o meu príncipe. A faculdade está indo muito bem e os planos de abrir um restaurante futuramente me deixa mais empolgada a cada dia. Alice e Diego estão num "grude" terrível, a cada dois minutos são beijos, abraços e apelidos carinhosos (os piores que você pode imaginar). Diego voltou a estudar depois de umas boas broncas da Alice, que logo mais também retornará à faculdade. Luke e Avril estão juntos. POIS É. Finalmente assumiram que se amam e estão felizes, claro que estão indo devagar, mas o importante é que estão indo, não é? Avril se faz de durona, mas sempre demonstra o quanto Luke é importante pra ela, e quando a tal Gisele contou que ele não era o pai do bebê, nossa, ela só faltou pular de alegria, apesar de se sentir um pouco culpada por ter ficado tão feliz com a notícia de que Luke não teria mais o bebê... Ela já voltou aos estudos e anda sempre muito focada. Manu está namorando um carinha aí da faculdade que eu não lembro o nome, e se diz muito feliz, então estou feliz por ela... E Henry? Ah, "tá na pista" como sempre esteve.

— Clichê né? — Henry diz e todos direcionamos o olhar para ele. — Parece até uma novela... Ou um conto de fadas. Cada um com sua princesa. — Ele sorri para a fogueira.

— Mas e você? — Alex pergunta.

— Ah, sem princesas, eu prefiro as mais devassas. — Ele sorri de lado e todos rimos. — Fazer o quê, se o garoto aqui é garanhão?!

— Você tá mais pra um jumento, querido. — Manu implica, como sempre.

— Não vem não, Manuzinha, todo mundo sabe que isso aí é amor reprimido. — Ele a abraça.

— Tão iludido, tadinho.

— Iludido, é? Cadê o teu sapo então, que não está aqui com a gente?

— Marcos é tão príncipe quanto qualquer um aqui, a diferença é que ele não se sujeita à esse reino, por que o bobo-da-corte aqui tem ciuminho. — Ela aperta as bochechas dele e ri, enquanto ele faz cara feia.

Ele e o tal Marcos se falavam, agora só brigam, porque como Manu disse, Henry tem ciúme e não esconde de ninguém, porém, ele diz que é porque Manu é uma das poucas amigas que ele tem e ele sente na obrigação de protegê-la contra tudo, e ela obviamente acha isso ridículo (na frente dele), porque na real, todos sabemos que ela gosta... Ela só fica triste de vez em quando porque chegou a desenvolver um pequeno sentimento por ele durante o tempo em que as meninas ficaram no hospital, e ele sabe disso, mas deixou claro que não vai se prender à ninguém.

— Henry tem razão, isso é bem clichê. — Luke se pronuncia.

— Mas a vida é clichê... — Alex começa. — Todos nascemos, crescemos, deixamos as fraldas e as mamadeiras para lidar com espinhas, partes do corpo crescendo, sentimentos aparecendo... Sem contar com a respondabilidade. Daí nos apaixonamos, temos uma desilusão amorosa, nos privamos de qualquer coisa parecida com amor para não nos machucarmos novamente... E no fim encontramos outra pessoa, aquela que a gente esperava conhecer lá no começo, mesmo que o começo não tenha sido legal. A diferença é que em alguns casos, essa pessoa fica pra vida inteira, e em outros, ela fica só de passagem.

— Nossa, que tocante... — Avril diz.

— Palmas para o nosso poeta. — Henry brinca.

— Aconteceu tanta coisa esse ano... Tudo tão rápido que não sabemos nem como passou. — Alice diz.

— Fico feliz por termos sobrevivido à tudo isso e continuarmos unidos. — Digo.

— É, eu também fico muito feliz por ter sobrevivido. — Brinca Alice.

— Eu também. — Avril grita e levanta uma mão, fazendo todos rirem.

       Eu sei que o que aconteceu com elas foi algo sério e que não devia ser levado como uma piada, mas a vida é tão melhor quando rimos dos nossos problemas... Ela passa a ser mais colorida, mais animada. Rir, por mais terrível que a coisa tenha sido, só nos dá mais força e mostra o quanto superamos tudo e que vamos enfrentar de peito estufado tudo o que vier pela frente, sem medo de errar ou de se machucar, nós todos temos uma história diferente, mas nunca deixaram de ser ligadas, não acredito em destino, mas se acreditasse, diria que isso seria uma completa ironia da parte dele. Eu conheci o Alex no meio do shopping quando ele me derrubou e me sujou de sorvete. Algumas semanas depois, sem nem notarmos, já estávamos todos juntos, graças ao Lucca, e então pessoas distintas foram acrescentadas na história pouco a pouco, e que no fim, também tem uma ligação um com o outro, e se isso não é engraçado, eu vou rir mesmo não tenho graça, porque rir dos momentos e das histórias mais bobas, é o que faz a vida valer a pena.

— Então esse é o nosso "Felizes para sempre"? — Pergunta Avril sendo abraçada por Luke.

— Não... — Digo com um sorriso no rosto. — Esse é o nosso "felizes", porque já estamos cansados de saber que...

— O para sempre, sempre acaba... — Dissemos todos em uníssono, como se tivesse sido ensaiado e sorrimos, voltando a ver a fogueira queimar.

                         ☆FIM☆