Harry

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O resto da viagem foi seguida em silêncio. Eu ainda sentia o meu rosto quente e o sangue subindo pela minha cabeça. Ele disse que gostava da cor dos meus olhos.
Coloquei a mão na maçaneta.

—Espere.– disse Louis
—O que foi? Está se sentindo bem?
—Eu só... Queria dizer obrigado.
—Pelo o quê?
—Você me deixou sair. Você fez o que ninguém fez.

Podia parecer pouca coisa e besteira para mim, mas talvez para Louis significasse muito. Sorri para ele.

—De nada.

Abri a porta e vi a senhora Tomlinson sentada, tomando uma xícara de chá. Eu e Louis nos olhamos.

—Achei que tinha passado ordens a você, senhor Styles.– irritou-se ela
—Eu...– tentei falar

Louis ficou na minha frente.

—Fui eu quem sai, não ele.

Era a verdade, mas... Por que eu me sentia tão mal por ele ter assumido a culpa sozinho? A senhora Tomlinson o olhou com desaprovação. Eu certamente não iria deixar Louis levar a culpa sozinho.

—Mas eu também...
—Cale a boca, Hamish.–Louis disse, por cima do ombro
—Não era para você ter saído! Principalmente no tratamento! Além do mais, seus amiguinhos são uma péssima influência!– ela elevou a voz
—Para!– Louis colocou as mãos na cabeça– Para de me tratar como um bebê! Eu não preciso da sua ajuda! Eu não preciso de porcaria de tratamento nenhum! Não preciso de remédios! Eu preciso que você pare!

Ele rugiu tão alto que agradeci à todos os céus por não estar no lugar da senhora Tomlinson, porque teria chorado. Ela ficou tão chocada com a atitude do filho, que falou uma voz chorosa:

—Eu não trato você como um bebê.
—E por que contratou Terry?

Acho que naquele momento não seria uma boa hora para corrigi-lo, então resolvi deixar para lá.

—Precisa mesmo que eu tenha que responder?
—Por favor!– ele abriu os braços com o olhar de "por que você não me diz logo, senhora? Eu tenho mais o que fazer do que ouvir sua voz."
—Pelo seu...– a senhora Tomlinson colocou a mão na boca e se arrependeu por ter começado tudo aquilo. Ela deu uns passos para trás– Incidente com o vidro.

A coluna de Louis relaxou, e, mesmo de costas, eu conseguia sentir a tensão em sua maxilar. Louis jogou a mochila que carregava no chão e subiu as escadas rapidamente. A senhora Tomlinson sentou-se na cadeira, e, suspeito que se ela não estivesse ali, suas pernas teriam vacilado e a senhora Tomlinson teria caído. Me aproximei dela. Eu estava com a leve impressão que eu não precisaria voltar no dia seguinte. Lhe dei um lenço de papel.

—Me desculpe, senhora Tomlinson.
—Não se preocupe, querido.– ela pegou o lenço– É minha culpa. Por favor, me chame de Jay.–conseguiu rir, nostálgica –Apelido de infância de Johannah.
—Eu... Não devia ter deixado, Louis sair.– esfreguei minha testa– Mil desculpas... Jay.
—Escute, Harry... Você pode ir para casa.– arqueei as sobrancelhas– Você não está demitido. É que eu já estou aqui, e posso ficar com Louis. Eu tento me aproximar dele, sabe?– ela voltou a chorar– Mas parece que à cada passo que dou, Louis se afasta e me olha como se eu tivesse feito uma coisa errada.

A senhora Tomlinson deu de ombros e sorriu para mim. Eu certamente não sabia o que faria no lugar dela. Ter um filho como Louis não era fácil, principalmente o fato que ele não era a pessoa mais fácil do mundo de se conversar. Eu quase podia sentir a dor dela.
Jay olhou no relógio.

—Está na hora do remédio dele.
—Você quer que eu...
—É. Por favor.

Peguei os comprimidos e subi as escadas. Bati na porta do quarto de Louis e o escutei tocar a mesma música no teclado. Girei a maçaneta.

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora