Harry

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Me espreguicei na cama e Freddie miou, reclamando. Cocei sua cabeça e bocejei. Me levantei da cama e abri a porta do quarto. Charlie correu pelo meu quarto como se a casa estivesse pegando fogo. O olhei e ele estava de farda. Parecia uma farda de marinheiro. 

—Tio Harry! Hoje é o meu primeiro dia na creche!  

—Jura?– ri– Legal, Charlie. Posso ir com você? Aqui tem estado tão chato!– fiz bico e ele riu 

—Você é muito grande, tio Harry! Não pode ir pra uma creche!  

—Ué, mas você também é grande!  

—Eu sou pequenininho! Você que é maior que o poste lá fora! Um gigante.  

—Ei! Sabe o que o gigante vai fazer? Comer crianças chamadas Charlie! Você se chama Charlie?  

Ele cobriu boca com as mãos, segurando o riso. Eu adorava brincar com Charlie, crianças são incríveis.  

—Já não precisa dizer mais nada... 

Peguei ele e o coloquei no meu ombro, como uma sacola, e ele começou a gritar e rir.  

—Harry! Eu acabei de pentear o cabelo dele!– reclamou Gemma– Ponha-o no chão.  

—Você é muito chata! 

—Mamãe chata!– repetiu Charlie 

Gemma me olhou e tirou Charlie do meu ombro. Ela penteou os cabelos do filho com os dedos e deu um beijo na testa dele.  

Eu tirei o dia para tentar falar com minha mãe sobre estar noivo. Não saberia sua reação. Estávamos fazendo o almoço, eu estava fazendo a salada, cortando os tomates.  

—Mãe... 

—Ah, droga! Acabou a cenoura. Vamos no mercado, só vou me vestir. 

Ela subiu as escadas, não me deixando concluir. Olhei pela janela da cozinha o correio colocando as cartas na caixinha lá fora.  

Olhei mais ao lado com dificuldade, já que mamãe tinha pendurado os edredons no varal lá fora como se dissesse as vizinhas: lavem melhor que isso, senhoras!  

Mas eu consegui ver o que já esperava. Era a moto de Ed estacionada em frente da minha casa. Saí para a calçada e olhei na direção que vi a moto de Ed. Mas não era a moto dele. Acho que eu estava com tanto medo que Ed estragasse tudo agora, que estava tão perfeito.  

—Vamos?– minha mãe apareceu na porta, me dando um pequeno ataque fulminante 

—V-vamos.  

Eu e minha mãe costumávamos ir à feira que tinha ali perto a pé quando eu era mais novo, fazia muito tempo que eu não ia com ela. O meu novo trabalho era só pelo turno da noite, dias de terça, quinta e sexta, e eu tinha a manhã e a tarde livres, e ficava com minha mãe, que era tão sozinha o dia inteiro.  

Ela levava com ela uma sacola reciclável e um par de óculos escuros no rosto.  

—Você ia me dizer alguma coisa, Harold? 

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora