Louis

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Estava no meu quarto, sentado na cama. Peguei uma pequena caixa que deixava ao lado da cama e a abri. A minha velha amiga: a navalha. Fazia tempo que não conversávamos. A segurei e a encarei mais de perto. Ainda era possível ver umas gotículas de sangue minhas presas no ferro afiado. Suspirei e puxei a manga da blusa. Até ouvir um barulho. Era a campainha. Ignorei e aproximei a navalha da minha pele. A campainha foi tocada. Mais uma vez. Mais uma. De repente, não era o momento certo para que eu e ela conversássemos. O barulho da chuva me incomodava lá fora.
Desci as escadas irritado e abri a porta. Vi Harry com um olho roxo. As palavras não conseguiram sair da minha boca de uma vez, até que consegui falar:

—O que aconteceu?
—Absolutamente tudo que minha mãe fala, acontece.– Harry começou, ignorando a minha pergunta. Ele sorriu, fazendo o olho roxo desaparecer no inchaço– As vezes demora uns dias, as vezes uns meses, mas sempre acontece do mesmo jeitinho dito por ela. Do aviso de levar um agasalho por causa do frio, à amizade que não presta. E hoje, ela fez de novo. Ela previu que eu amaria você mais do que tudo nesse mundo.

Os dentes dele batiam de frio, mas ainda assim, Harry não quis entrar. O sobretudo encharcado e os cabelos enrolados e longos pingavam no chão.

—Você é a única pessoa, Louis.

Apertei os lábios contra os outros e me apoiei na porta de casa.

—Não tem outro alguém que carregue no olhar o brilho de um sorriso sincero, como você faz. É o cantinho dos seus olhos que se dobram quando você ri sem medo pra mim.– ele pareceu me ver sorrindo na sua mente

Não sabia se Harry estava chorando, se estivesse, a chuva se misturava com suas lágrimas.

—Eu não sou... alguém que te merece. Claro que não. – Harry desviou os olhos do chão e me olhou, me fazendo arquear as sobrancelhas– Você é a minha pessoa, Louis. Minha única pessoa. É a sua boca que forma uma linha fina e um curvar tímido quando você tenta resistir as minhas piadas.

Nunca achei que passaria por isso de novo. Foi como uma paulada na cabeça desprevenida.

—É a tua testa que se vinca, tuas sobrancelhas que se estendem e é a tua voz que fica rouca quando algo te tira do sério. E como fica rouca.– ele soltou uma risada rápida– Eu sei que... Ninguém vai sentir como você sente, Louis. Eu sei muito bem que não. Mas se serve de consolo,  ninguém vai te amar como eu amo. E...
—Dá para você parar de falar?– o interrompi

Harry olhou para mim surpreso, como se eu tivesse dito isso, era algo fora de seus planos.

—E-eu não entendo.– Harry disse, com uma voz chorosa

O abracei, o empurrando para fora, me molhando também. Aquele abraço... Aquele abraço era a paz que eu precisava. Harry era minha paz, minha calma, melhor que qualquer remédio.

—Eu te amo tanto, Harry Styles.

Harry e eu nos olhamos e passei meu dedão pelo seu rosto molhado. A boca dele estava levemente aberta e seus olhos verdes olhavam para os meus lábios. Eu gostava do modo em que ele olhava pros meus olhos e depois pra minha boca. Me fazia ter a sensação de ser desejado. Eu sorria ao ver aquilo e ele ficava todo vermelho porque, mesmo flertando na cara de pau, ainda era tímido.
Harry e eu sentamos no chão do quintal debaixo da chuva. Aquilo era completamente estranho. Fiquei entre as longas pernas dele, deitando a minha cabeça no peito dele. Finalmente, eu poderia dizer, que estava feliz de novo. O olhei.

—O que aconteceu com o seu olho?
—Terminei com o meu namorado.
—E ele te bateu?– o encarei
—Deixa...– ele fechou os olhos– Não tem importância.
—Claro que tem, aquele puto precisa pagar na mesma moeda. Só que pior.
—Pra um baixinho, você tem muita raiva.
—Eu não sou baixinho!– reclamei e Harry riu

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora