Harry

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Passei a toalha no meu rosto e me olhei no espelho. A tinta do meu corpo já havia saído, mas a memória estava na minha cabeça o tempo inteiro. O cheiro, o toque... Eu estava perdendo o juízo com Louis, e estava sedento por ele, pelo seu corpo.
Pisquei algumas vezes e enxuguei meus cabelos. Meu telefone tocou e o atendi.

—Alô?
—Harry.– era a voz de Ed. Ele parecia nervoso– Por favor, volta pra mim.
—Já desinchou o meu olho, já que você ligou para saber.– bufei
—Me desculpa, desculpa, desculpa...– ele chorou– Se você não voltar, eu não vou aguentar. Não vou.
—Edward...
—Harry!– ele me interrompeu– Sem você, eu não sou nada!– ficamos em silêncio– Eu vou me matar!

Freddie me olhou e soltou uma miada baixinha. Passei a mão pela testa e mordi o lábio.

—Edward... Eu não posso ficar mais com você. Eu não...
—Cale a boca, Harry!– ele berrou, me fazendo arquear as sobrancelhas– Você vai voltar para mim, eu sei que vai, porque...

Desliguei antes que ele continuasse e joguei o telefone na cama. Sabia que Ed não faria isso, acho que era medroso demais.
Naquela noite, eu tive que desligar o celular para que ele parasse de me ligar toda a madrugada. Quando preguei os olhos, o telefone da sala tocou. Desci bufando e batendo os pés com força no chão.

—Que merda, Edward! Me deixa em paz!– gritei
—Cala a boca, Harry!– Gemma gritou lá em cima
—Harry, por favor... Me dá mais uma chance!

Coloquei o telefone no gancho e suspirei. Tocou de novo e puxei o fio. Aquilo precisava realmente parar. Não ia dar mais uma chance para mais um murro na cara, para mais uma mão no pescoço, para um cara estúpido e violento que Ed é e percebi só agora.
Meus olhos se abriram num susto. Era a buzina da moto de Ed lá fora. Meu rosto se contorcia de raiva enquanto descia as escadas. Abri a porta e o vi na frente da minha casa. Ele tirou o capacete correu até mim. Ed me abraçou, como se não me visse há muito tempo.

—É isso que você faz para sua diversão? Encher o saco de ex?– o empurrei– São quase cinco da manhã! Vai embora!
—Harry, espera...– ele segurou minha mão– Eu amo você. Tudo que estou fazendo é por você.

E ele me beijou. Demorei uns segundo para absorver tudo isso e empurrar Ed para longe de mim.

—Eu preciso desenhar? Sai daqui.– limpei a boca com o braço
—Seu cabelo está tão grande...– ele pegou em uma mecha e aproximou de seu nariz– Cheira tão bem.
—Edward.– dei um paço para trás– Sai. Ou eu vou chamar a polícia.
—Você não faria isso...

Ele se aproximou de mim, com um ar ameaçador. Ed era um pouco mais alto que eu, mas eu me sentia muito menor, como uma pulga e um prédio. Dei mais um passo para trás e o encarei.

—Eu não quero mais ver você. Você sabe, Edward... Não sou de desistir facilmente, mas saio com a consciência tranquila, de quem abriu mão várias vezes do orgulho, de quem pediu desculpas sem realmente ter culpa, para ficar de bem, para ficar tudo bem. Cansei de apanhar pra você, de todas as formas possíveis, não só fisicamente.

Minha mãe abriu a porta da casa e olhou para nós dois.

—Posso saber o que está acontecendo aqui?– ela cruzou os braços
—Eu já estava de saída. Já consegui o que queria.– Ed colocou as mãos no bolso e foi até a moto

Eu e minha mãe entramos. Passei a mão pela testa e ela me olhou. Eu sinceramente não queria explicar nada pra ela, não queria dizer sobre o soco que levei, falei que bati a cara na porta. Foi uma desculpa esfarrapada, mas funcionou.

—Estou esperando.

Minha mãe não costumava ser uma pessoa impaciente e nervosa, mas eu podia ver nos olhos dela que se eu não dissesse nada, ela lançaria o jarro que eu a dei na minha cabeça.

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora