Harry

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Bati a porta quando entrei em casa. Fui até a cozinha, esperando ver minha mãe, mas ela não estava lá. Subi os degraus e abri a porta do quarto dela devagar. Minha mãe estava adormecida em sua cama. Ela parecia estar tão cansada. Dormiu até com o avental que usava sempre que lavava a louça. O corpo dela estava encolhido, com frio. Abri o guarda-roupa e tirei um confortável edredom. A cobri e lhe dei um beijo na testa.

Subi as escadas da faculdade. Louis estava na sala de estudos, me esperando para terminar o trabalho finalmente, e ficarmos de férias da faculdade por um mês- aleluia. Abri a porta e o vi lá. Os redfones na cabeça enquanto ele estudava estavam tão altos que eu ouvia da porta. Me aproximei dele e coloquei a mochila na mesa. Louis me olhou e desligou a música. A sala estava vazia, talvez tenham ido por conta da barulheira que os fones de Louis faziam. 

—Eu já terminei.
—O quê? Já? Você nem me esperou!
—Você demorou.– ele mexeu na pasta– Onde estava?
—Na cantina. Hoje tinha promoção, "compre um cupcake e ganhe outro." Você sabe, são cupcakes.
—É, são cupcakes.

Sentei na cadeira. Olhei para Louis. O roxo do seu olho já tinha baixado muito, mas hoje de manhã estava horrível, parecia que tinha acabado de apanhar assim que cheguei.

—Posso te perguntar uma coisa?–não esperei a resposta–O que foi isso na sua cara? Se quiser, não precisa falar.
—Eu prefiro não.
—Só diga quem foi. Não precisa me contar o motivo.

Louis pareceu um pouco evasivo. Suspirou e pegou seu caderno. Ele escreveu alguma coisa numa folha e logo a arrancou. Louis dobrou a folha até que ela coubesse na palma da minha mão. Ele pegou minha mão, abriu meus dedos e colocou o papel lá.

—Abra somente quando estiver em casa, de preferência, quando for dormir.
—Que mistério.
—E que graça teria se não tivesse?

Louis pegou sua mochila e se foi. Abri minha mão e vi o papel lá. Pensei em abri-lo e saber logo quem foi o ordinário que fez isso com o pequeno Louis. Mas esperei. Guardei o papel no bolso e esperei Ed.
Depois de muito tempo, Ed chega na faculdade. Ele apareceu em sua moto. Subi atrás e coloquei o capacete. Paramos em um sinal e vi em um beco, Louis, fumando um cigarro, encostado na parede.

—E então, Hazzy? Como tem sido esses dias?
—Foram...
—Sabe o que eu estava pensando?–Ed me interrompeu– Em viajarmos. Minha mãe tem uma casa de campo aqui perto. Podíamos ir daqui a duas semanas. O que você acha?

Semana que vem seria a festa da senhora Tomlinson. Louis pediu para que eu fosse. E depois do aniversário, eu e Louis iríamos ver o show da banda dele. Eu estava com a "agenda cheia", mas como dizer isso para Ed?

—Eu... Não posso, Ed.– falei

Ele se virou para olhar o meu rosto.

—Como assim "não pode", Harold?
—Eu... Vou viajar com Louis.

Os carros atrás da nossa moto começaram a  buzinar desesperadamente. O sinal estava verde, mas Ed parecia não se incomodar com o barulho. Eu comecei a ficar com medo do olhar enfurecido de Ed, pensava que, à qualquer minuto, ele iria me dar um tapa na cara, assim como Gemma fez com seu namorado um dia desses.

—Você está se envolvendo demais com esse trabalho, não é?
—Ed... O sinal abr...
—Eu não estou nem aí para a porra do sinal!

Abaixei a cabeça como um cachorro assustado. Ele desceu da moto e puxava os cabelos para trás. Ed tirou o meu capacete com agressividade. Ele levantou meu queixo, apertando minhas bochechas com seus dedos.

—Você está comendo ele?

Empurrei a mão dele. Ed me olhava como se seus olhos falassem: "Olhe bem o que fala".

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora