Louis

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Ver Harry dormindo ao meu lado me tirou o sono. Abracei seu corpo quente e macio. Aquela tinha sido a melhor noite de todas. Beijei o ombro de Harry e fechei os olhos. Que não seja um sonho, repeti algumas vezes na minha cabeça. Geralmente, quando eu estou feliz demais, algo ruim acontece, a minha felicidade tem minutos contados. Até o fato de pensar que Harry pudesse me deixar me fazia estremecer. Eu amava tanto aquele cara de dois metros, que eu tinha até medo de mim às vezes.
A verdade é que eu sou desastrado demais. Sou desastrado a ponto de me machucar com qualquer coisa. Quebro copos, bato o meu dedinho do pé no canto do sofá, tropeço nos meus próprios pés e de vez em quando eu me machuco com a coisa mais banal e inimaginável. Erro diariamente e sou a pessoa mais errada e torta que um dia alguém pode conhecer. Sou a pessoa mais irrelevante e, de vez em quando, mais grossa possível. Sou frio a maioria das vezes. Gosto de coisas a moda antiga e adoro receber cartas. Gosto de coisas antigas. Discos, caixinha de músicas e essas porcarias que hoje não se vende mais. Sou irritante, e algumas vezes sou insuportavelmente idiota. Já perdi coisas no ônibus, na rua, no cinema, na casa de alguém, o tempo todo. Me machuco atoa e sou uma pessoa consideravelmente delicada. Sou frágil. Sou desastrado e por mais que seja torto e insuportável, sou legal... Eu acho. Eu, que sempre quis morrer de amor, passo aos outros a maneira mais feliz e única de viver feliz. Sozinho. A verdade é que o meu desastre precisa ser corrigido. Não por minha mãe ou por um livro de autoajuda. É alguém em especial. Antes, o meu único desejo era não bater com o meu dedinho no canto do sofá. Aí eu achei esse gigante. O medo constante de perdê-lo era insuportável. Eu tinha pesadelos. Meus traumas de abandono.
O abracei com mais força e deixei uma lágrima cair de meus olhos. Harry se virou e me viu chorar. Ele se sentou e me puxou. Harry não perguntou porquê eu estava chorando, ele só me abraçou.

—Posso te contar uma piada?– perguntou
—Não.
—Por favor!– ele riu num gemido
—Tá bom.– enxuguei os olhos
—Toc, toc.– Harry começou
—Está aberta.

Harry me olhou e eu ri. As piadas dele sempre eram péssimas.
Me sentei na cama e me vesti. Harry gemeu, reclamando por eu estar saindo da cama. Se dependesse dele, passaríamos o dia inteiro deitados naquele colchão.

—Eu quero fazer um bolo pra você.– falei
—Amanhã é o jantar.– ele disse
—Aham, mas eu quero te dar um bolo. Sendo que eu não sei fazer bolo.

Harry sorriu.

Estávamos no supermercado que tinha perto da minha casa. Eu estava dentro do carrinho vendo a lista de compras e Harry pegava os ingredientes nas prateleiras.

—Sério, você está ridículo nesse carrinho.– riu ele

Dei língua pra ele entre uma risada.

—Agora acelera, Hilton!
—É Harry!
—Que seja, anda logo!

Harry correu pelo corredor com o carrinho de supermercado. Eu amava a sensação do frio na barriga. Eu amava ainda mais ter Harry ali comigo. Ele freou o carrinho e eu não conseguia conter a risada. Harry se curvou e me olhou rindo. Me ajeitei no carrinho e fiquei de joelhos, alcançando seu rosto.

—Eu amo você, Harry Styles.
—Eu amo você, Louis Tomlinson.

Os nossos narizes se tocavam, e isso fazia Harry sorrir. E de novo, eu era refém da minha própria cabeça. Eu me via de novo naquela cena. Feliz demais para ser real. Que seria a mesma coisa do meu ex. Harry um dia iria me deixar. Eu tinha sérios problemas de abandono, não conseguia sair desse buraco que eu mesmo cavei.
Mas todos os pensamentos pareceram desaparecer quando Harry beijou de leve no meu rosto. Ele sorriu para mim.

—Vamos, temos um bolo pra fazer.

—Você deixou a clara cair!– Harry gritou, rindo
—Não era pra deixar?
—Era pra separar a gema.– ele passou a mão na testa, sem perceber, cheia de farinha. Segurei a risada
—Acho que tem alguma coisa no seu rosto.– falei
—Onde?– Harry apalpou seu rosto, espalhado mais ainda a farinha
—Aqui.– apontei para uma parte do meu rosto

Strong >> l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora