Pretending

Seven days of torture seven days of bitter

Bom diia

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Sete dias. Esse foi o tempo que levou pra minha vida mudar completamente.

Na verdade tudo mudou durante esse período. E agora eu estou sentada em um quarto com o celular tocando freneticamente, um caderno velho no colo, uma caneta com a tinta pela metade, várias folhas amassadas pelo chão e algumas lágrimas lutando pra cair.

Mas acho que você merece um resumo do que aconteceu.

Dia um. Foi depois daquela tarde com os paparazzi. Harry me levou pra jantar em um restaurante mexicano. Foi muito divertido, pra falar a verdade. Nós comemos, conversamos, rimos, e a parte ruim, claro, fomos assediados pelos flashes duas vezes pior do que da última vez.

Dia dois. Foi quando o inferno começou. Eu fiz a besteira de entrar no twitter e vi que já tinha um número razoável de seguidores a mais. E então eu tomei a pior decisão possível: eu olhei as minhas mentions. As fotos da noite passada já estavam em todos os sites possíveis, junto com as fotos da loja de CDs e do abraço em frente à minha casa. E eu tinha dezenas, não, centenas, ou melhor, milhares de insultos de directioners. Insultos tão pesados e cruéis que eu não tenho nem coragem de repetir. Eu não quero nem lembrar. Eu não tuitei nada, não briguei com ninguém, não tentei me auto-defender. Eu só fechei o notebook e prometi a mim mesma que nunca choraria por insultos das fãs de Harry Styles.

Dia três. Acompanhei os meninos na gravação do novo single. Uma directioner tentou passar pela segurança e conseguiu arranhar meu rosto enquanto gritava os piores tipos de insulto já inventados pra mim. Harry me abraçou em público e ficou realmente bravo com a garota, mas foi Zayn quem mais se preocupou comigo quando já estávamos do lado de dentro do estúdio. Foi ele quem cuidou do machucado no meu rosto e nós ficamos conversando por um tempo. Ele me falou de uma vez em que rasgaram um pedaço da blusa dele e o arranharam nos braços. Disse que foi assustador, mas que ele foi forçado a se acostumar com o assédio. Eu disse que era diferente porque a menina tinha a intenção de me machucar e não me levar pra casa. Zayn riu e me abraçou, dizendo que fã nenhuma me machucaria enquanto ele pudesse impedir. A partir desse dia eu ganhei um amigo e assisti à gravação do que eu chamo de "o melhor single do mundo".

Dia quatro. Eu não saí com Harry nesse dia. Eu saí com Zayn. Pois é, é inacreditável até mesmo pra mim. Ele me levou até um clube fechado e disse que eu merecia esquecer todo o estress com as directioners por uma noite. Nós dançamos, bebemos um pouco e eu me diverti como nunca. Pelo lugar ser fechado, não tinha nada de paparazzi, nada de fãs alucinadas, ninguém pra quem eu precisasse fingir ser alguém que eu não sou. Nas horas que eu passei com Zayn, eu me senti eu mesma. Me senti mais feliz do que nunca, porque eu estava me divertindo com o meu ídolo e essa felicidade ninguém podia tirar de mim. Pelo menos eu pensava que não.

Dia cinco. Tirei várias fotos com Zayn no clube e ele insistiu em postar algumas. As legendas diziam coisas como "a melhor garota que já conheci" e mais algumas coisas fofas comuns entre amigos. Ele também insistiu em me levar nas costas na saída. Se eu não estivesse ligeiramente bêbada não teria aceitado, mas como eu estava extremamente feliz e não estava pensando direito, eu deixei que ele me carregasse. Infelizmente, dessa vez os paparazzi estavam prontos. O dia seguinte foi resumido em uma Gabriela Marqueti de ressaca em casa o dia inteiro e um computador no colo. As fotos já tinham sido vistas pelo mundo todo e mais insultos surgiram. Directioners dizendo que eu não me contentava só com o Harry e precisava ter o Zayn também. Me xingaram de puta, de vadia, me ameaçaram de morte, e tudo isso sem eu nem sequer demonstrar grande afeto por nenhum dos dois. Quando eu beijasse Harry a coisa ia ficar realmente feia. Decidi mostrar o quanto eu não queria que aquilo acontecesse. Por ser directioner, meu coração estava em pedaços. Era como se minha própria família estivesse me renegando. Eu não tinha mais ânimo nem para os meus fãs, então decidi tweetar apenas isso: "Sinto como se eu estivesse sendo expulsa da minha própria família. Me desculpem se eu não fui a directioner que vocês esperavam." À essa altura eu quase não conseguia mais segurar as lágrimas. Estava me mantendo firme apenas pela minha promessa de que não choraria por causa delas. Cinco dias. Apenas cinco dias e eu já queria desistir de tudo. A pressão era maior do que eu podia suportar. O tweet de Zayn foi o que me trouxe de volta à realidade. Ele dizia "Por que vocês estão enviando tanto ódio para alguém que é minha amiga? Ela me faz bem, eu esperava que vocês ficassem felizes por isso" Meu coração parou por um instante. Zayn nunca tinha me mencionado no twitter antes, nem na época do X Factor, quando a maior parte dos outros meninos tinha me dado parabéns ou elogiava algumas performances. E agora ele tinha dito que eu era uma amiga e que fazia bem à ele. Foi quando eu chorei. Chorei por algo um pouco mais forte que a alegria. Uma sensação tão boa que eu não conseguiria explicar nem se tentasse. Uma fã tuitou "E o que ela está fazendo conosco? Jogando na nossa cara que tem a amizade de vocês" Pra minha surpresa, Zayn a respondeu. "Ela não está jogando nada na cara de ninguém. Eu tirei as fotos e pedi pra ela subir nas minhas costas. Nós estávamos felizes, só isso" Algum tempo depois ele tuitou uma última vez "Eu amo vocês, garotas, mas também amo a Gabriela. Deixem ela em paz, por favor. Ela nunca fez nada pra vocês" Meus olhos voltaram na frase "também amo a Gabriela" milhares de vezes. Eu simplesmente não conseguia acreditar que Zayn estava me defendendo e dizendo que me amava. Algumas pessoas podiam pensar que esse amor surgiu do nada, mas a verdade é que nós nos conhecemos já faz algum tempo e Zayn sempre foi o mais carinhoso e atencioso comigo. Nós sempre conversamos como se nos conhecêssemos a décadas. Peguei o celular e disquei o número dele. Quando ouvi sua voz do outro lado da linha só consegui dizer uma palavra antes de desabar em lágrimas. Obrigada.