Truly, Madly, Deeply

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POV Harry

A claridade da manhã incomodou meus olhos até que eu decidisse que era a hora de abri-los. Quando o fiz me arrependi amargamente e pisquei até que minha vista conseguisse focar alguma coisa. E o que entrou em foco foi o rosto dela. Calmo e sereno como se ela não tivesse nenhuma preocupação no mundo. O peito, coberto pelo sutiã preto de renda, subia e descia calmamente no ritmo de sua respiração. Meu braço se encontrava abraçando sua cintura e sua perna esquerda estava enroscada em meus quadris por cima. Eu estava acostumado a acordar com garotas naquela exata posição e sempre costumava empurrá-las quando percebia tal coisa, mas não me importava que ela estivesse daquele jeito. Porque não era vulgar ou possessivo. Era apenas o jeito Gabriela Marqueti de ser e de me conquistar cada dia mais nas coisas mais estúpidas possíveis.

E eu estou agindo como um bobo apaixonado, mas não se iluda. Eu ainda não consigo amá-la nem um quarto do que ela realmente merece. É verdade que sou louco por ela e que sinto como se tudo fosse dar certo quando estamos juntos, mas amor é sempre uma palavra forte pra se usar. Amor é com certeza o que ela continua nutrindo por mim e isso me assusta cada vez mais. Porque ela se magoa mais e mais todas as vezes que eu faço algo ruim, mas não consegue fugir toda vez que eu a procuro. E eu me odeio por isso. Porque minha necessidade de tê-la ao meu lado sempre grita mais alto que os sentimentos dela. Eu não me importo se ficar afastada de mim vai fazê-la melhor porque eu preciso me sentir bem. E eu sei que ela também não aguentaria muito tempo longe porque, mesmo que isso tenha mudado nos últimos meses, ela me ama. E é nisso que estou viciado desde o momento em que nos beijamos pela primeira vez naquele bar, mesmo que tenha sido algo apenas para me acalmar. No amor dela por mim que pode ultrapassar qualquer barreira, mas que a mata cada vez mais e só me torna mais estúpido.

Eu não tenho como protegê-la de mim mesmo porque eu sou a única coisa que a faz mal, mas também sou a única coisa que não pode se afastar. Por ser tão egoísta.

Gabriela respirou fundo e se mexeu, chegando mais perto e passando um braço pelo meu tronco, enquanto sua perna se apertava mais por cima da minha. Ela não acordou, mas afundou mais a cabeça no travesseiro.

Permaneci imóvel, apenas tentando decidir o que fazer a partir dali. Em circunstâncias normais eu me afastaria com cuidado para não acordar a garota, me vestiria e daria um beijo em sua testa. Depois sumiria sem dar satisfações. Mas eu não podia fazer isso agora.

Não é exatamente porque eu não podia, o fato era que eu não queria. E isso me assustou por um momento porque a sensação era completamente nova. Eu estava acostumado a ir embora pra não ter que me sentir mais vazio e perdido do que já me sentia. Respirei fundo esperando a sensação de vazio me acometer, mas ela não veio. Eu não estava me sentindo estranho ou com vontade de ir embora. Eu queria ficar ali abraçado com ela, queria esperar pra vê-la acordando e saber qual seria sua reação. Provavelmente não das melhores, mas eu queria mesmo assim. Porque ela conseguia completar a parte de mim que faltava pelo simples fato de estar presente, pelo simples fato de me tocar. Às vezes só um olhar bastava. Eu não sabia o que era isso, mas agradecia por ser assim. Ela me dera a chance de sentir alguma coisa.

Decidi aproveitar os poucos minutos que tinha antes que ela acordasse. Puxei o lençol pra cobrir suas costas, descendo minhas mãos pelas mesmas em seguida. Só parei ao chegar em sua coxa que estava sobre o meu quadril, puxando pra mais perto e ficando mais confortável pra que eu pudesse abraçá-la logo em seguida. Ter alguém ao meu lado de manhã nunca tinha parecido tão bom.

Gabriela suspirou novamente, enquanto me abraçava um pouco mais involuntariamente. Me perguntei se teria sido assim se eu tivesse decidido ficar com alguma das outras garotas das quais eu havia fugido, mas eu sabia que não seria. Era algo inexplicável, mas eu apenas sentia como se Gabriela tivesse sido feita especialmente pra completar a parte de mim que faltava.

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