Pretending

Fixing cracks - II

POV Harry

O toque insuportável do alarme do celular, mais conhecido como Marimba, me fez abrir os olhos pela segunda vez naquela manhã. Não importa o quanto eu fale que odeio essa música, eu sempre vou esquecer de mudá-la.

Deixei um gemido de protesto e preguiça escapar pela minha garganta enquanto desligava o alarme e me virava para o outro lado, me deparando com Gabriela já acordada. Ela estava deitada com o braço direito sob a cabeça e encarava o teto. Parecia preocupada com algo.

- Bom dia de novo, amor – eu disse chegando mais perto e a abraçando pela cintura. Ela não se moveu.

- Hey – respondeu apenas, sem tirar os olhos do teto.

- Ei – me apoiei em um dos cotovelos e passei a mão sobre seu rosto, fazendo carinho em sua bochecha – O que houve?

Ela se ajeitou na cama, desconfortável.

- Nada.

- Hey, psiu – a sacudi levemente até seus olhos encontrarem os meus – Me fala. É por causa do Zayn? Ele te fez alguma coisa?

Ele negou com a cabeça e voltou a encarar o teto.

- Foi só algo que ele me disse e ficou na minha cabeça, só isso. Não precisa se preocupar.

Eu conhecia a garota à minha frente o bastante para me preocupar com qualquer coisa que a preocupasse. Porque normalmente essas coisas eram sobre mim.

- Olha pra mim – eu pedi. Seus olhos encontraram os meus novamente – O que ele te disse?

Eu esperei que ela desviasse os olhos novamente, como sempre faz quando está prestes a falar algo que não vai me agradar, mas seu olhar se manteve firme no meu, intimidador.

- Me perguntou se você já tinha dito que me amava.

Travei o maxilar, pressentindo o perigo. De repente, desejei que ela não tivesse dito aquilo olhando nos meus olhos, pronta para ver minha reação.

- Sabe que não é tão fácil assim.

- Sei – ela voltou os olhos pra cima – Foi o que eu disse a ele.

- E o que ficou na sua cabeça, então?

- O motivo de sermos como somos. De termos essa relação completamente bizarra e masoquista. Quer dizer, no começo nem queríamos fazer isso e olhe só onde estamos agora. Não somos namorados, mas também não fingimos mais absolutamente nada. Por que continuamos nessa depois de tudo? Eu só sofro e você não tem motivos pra estar comigo. Então por que estamos juntos? Em três meses, o que nos trouxe até aqui?

Eu pensei um pouco antes de responder. Não gostava de pensar no assunto porque as coisas entre mim e Gabriela nunca foram fáceis de compreender. Eu me apaixonei por ela tão rápido quanto decidi que a odiava, mas nunca poderia dizer que esse sentimento veio do nada. O mês que passamos juntos antes da minha última traição com Brittany, os momentos que ficaram guardados apenas para nós dois, aquilo foi decisivo.

- Você continua nessa porque me ama – respondi finalmente – Não gosto disso, mas é a verdade. Nunca vou entender como conseguiu suportar tanta coisa por minha causa, mas agradeço por ter suportado. Não sei como se sente em relação a tudo isso, mas sei por que eu quis continuar. Porque, depois de tanto tempo, você conseguiu preencher o vazio no meu coração, conseguiu fazer com que eu me lembrasse de como é se apaixonar por alguém. Tudo o que você fez por mim, cada vez que esteve ao meu lado, que me protegeu de mim mesmo, tudo isso me fez ficar. Você já é parte de mim, Gabriela. Depois desses três meses, eu não consigo imaginar outra garota ao meu lado na cama que não seja você. Eu não gostaria de acordar ao lado de mais nenhuma delas.