A alienígena

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A vista de cima era impressionante, a avenida paulista está em ruínas. Os bombeiros socorriam os populares como podiam, alguns soldados do exército e paramédicos atendiam os feridos ao ar livre.


De dentro do grande helicóptero de guerra EC-725, Niah encara a destruição causada pelo monstro Android e por si mesma. Eu fiz isso!
Dentro do helicóptero estavam o capitão do exército Armando Braga, Niah, Will, Thalia, dois soldados e os dois pilotos. Will encara a decepção nos olhos verdes e tristes da garota gótica, ele sabia que ela se culpava por todas aquelas vítimas, por toda aquela destruição, mas o que Niah não conseguia enxergar era que se ela não tivesse lutado, haveria mais mortos, mais destruição e mais lamentos. Porque me sinto assim? Isso de novo... essa... dor no meu peito, essa sensação de aperto, o que está acontecendo comigo? A primeira vez que Niah teve esses sentimentos foi quando seu pai estava no leito de morte no hospital. A alguns meses atrás, Joaquim respirava com dificuldade através de uma máquina em um hospital particular do interior de São Paulo. O velho de 80 anos delirava deitado na cama hospitalar – era grande e branco... destruiu tudo ao redor... a minha filha o matou... ela o matou... – sussurrava com dificuldade o velho Joaquim de olhos fechados, com as mãos abertas e tremendo sobre o tórax. Niah está debruçada sobre a cama encarando seu pai definhar – e depois... o que fizeram depois? – sussurrou ela com o queixo pousado sobre os braços cruzados em cima da cama. Os olhos de Niah pareciam cansados, olhos de alguém que passou a noite inteira acordada. Seu pai sussurra – nos... nos fomos morar no interior... minha filha... eu a amo tanto... tanto... – a respiração de Joaquim acelera por alguns segundos, em um último suspiro, ele enche os pulmões e expira lentamente. Niah ergue a cabeça para seu pai, ele está imóvel. Um bipe continuo ecoa pelo quarto vindo da máquina que mede os batimentos cardíacos. Joaquim estava morto. Niah encara o corpo de seu pai sem piscar os olhos, ela sente algo escorrer pelo seu rosto, algo quente, ela leva a mão aos olhos e sente algo liquido. Mas... o que é isso?... que sensação horrível... dói!... dói tanto!... o meu peito dói tanto, tanto...

O helicóptero sobrevoa o corpo do Android estirado ao longo da avenida paulista, seus olhos grandes, antes amarelos, agora jaziam sem cor alguma, encaravam o céu e a aeronave deslizar sobre ele.

De dentro do EC-725, a garota dos olhos verdes olhava para baixo, o monstro lhe olhava de volta. De onde você veio? A aeronave desliza por entre as nuvens. Foram para o extremo norte saindo da cidade, passaram por uma pequena floresta e continuaram. Já haviam se passado quase duas
horas de viagem e nada de chegarem em lugar nenhum.

Os olhos verdes de Niah encaravam o horizonte. O sol brilhava forte, estava no topo do céu, indicava meio dia ou uma hora da tarde. O silêncio dentro da aeronave era mútuo. Thalia já havia adormecido com a testa pousada no ombro de Will. Ele não havia dito nada durante duas horas de voo. O piloto ao lado copiloto se vira olhando por cima do ombro esquerdo e informa a todos – chegamos, se preparem, vamos pousar! – todos erguem os olhos, uma movimentação toma conta do interior da aeronave. Will tenta acordar Thalia – hei, chegamos, hora de acordar! – sussurrou Will. Thalia lentamente ergue os olhos – já era hora – disse ela se espreguiçando. Niah olha através da pequena janela de vidro na porta da aeronave e vê uma instalação pequena no meio de uma floresta. Will e Thalia se esticam para olhar através da janelinha – isso ai ta parecendo um acampamento dos escoteiros – disse ela em tom de brincadeira. O capitão Armando Braga se vira – não diga isso, mocinha, porque você está indo pra lá – retrucou o capitão com um sorrisinho. A instalação era bem equipada, haviam vários blindados VBMT-LR 4x4 pelos arredores, dois helicópteros menores pousado ao lado de uma pequena pista de pouso redonda. Haviam também alguns alojamentos. O lugar estava movimentado, muitos soldados corriam de um lado para o outro. Mais para esquerda, haviam os alojamentos
de comunicações, com várias antenas sobre eles.

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