No telhado de uma casa próxima, surgiu a garota de um salto vindo do chão. Ela aterrissou sobre a laje da casa, olhou para trás sobre
seu ombro esquerdo, seus olhos estavam em chamas, depois de alguns segundos ela desapareceu novamente em um salto para cima.
O rapaz recuperou-se depois de alguns minutos, ajeitou o casaco
e voltou a andar olhando para a sua silhueta estampada no cimento da
calçada a frente, pensava nos últimos momentos com a garota. Nunca
mais a verei de novo. Fechou ligeiramente os olhos e tentou visualizá-la. Viu seus olhos verdes o encarando de volta antes de desaparecer em um salto. Seu cabelo se agitou sobre o rosto pálido, seu casaco se enrugou e então sumiu, sumiu para sempre.
Os olhos do garoto se abriram, o jovem parou subitamente de
andar. Seus olhos arregalados tatearam o chão, ergueu-os para frente novamente, em seguida, um sorriso nasceu em seu rosto como um raio de sol. Esse não é o fim ainda.
O sol brilhava fraco escondido atrás de algumas nuvens que
iam e vinham pelo céu. A trilha sonora de urbanização soava pelos
cantos da cidade, viajando pelo ar através do vendo. Os centros de
comercialização estavam lotados de gente procurando novidades para
seus pequenos empreendimentos. Em uma rua chamada Santa Efigênia, localizada em São Paulo, no centro da cidade, havia uma loja de CDs escondida num espaço entre dois prédios de cinco e seis andares. A loja era bem compacta e decorada. Paredes de cores escuras. Vários pôsteres de astros do rock. No fundo da loja, havia um balcão de atendimento, atrás dele estava a garota gótica, recostada em uma poltrona de estofado vermelho desbotado com os dois pés cruzados em cima do segundo apoio do balcão, onde estava o computador. A jovem de olhos fechados escutava música em seus fones de ouvido. Ela estava em transe, sentindo o ritmo da melodia
quando alguém acertou a campainha sobre o balcão com a palma da
mão. Um som estridente ecoou por toda a loja. Sem abrir os olhos, a
garota sussurrou em resposta – achei que tinha dito pra não me procurar de novo?! – Will tentou segurar o sorriso – foi pura coincidência te encontrar aqui – respondeu escancarando os dentes. A jovem tirou os fones de ouvido, se levantou da poltrona confortável, pousou as mãos sobre o balcão e o olhou nos olhos – o que você quer? – seu tom de voz era de impaciência com um leve tom de
condescendência. O jovem editor olhou para toda a loja e respondeu
ainda sorrindo – eu queria o novo CD do Breaking Benjamin – a garota o
fulminava com seus olhos verdes e apertados – no balcão a sua
esquerda – disse sem tirar os olhos do rapaz. Will olhou para a esquerda e viu um porta CDs com várias capas de bandas diferentes.
Desceu os olhos lendo mentalmente cada título até chegar em “Breaking Benjamin” – ah, bem na minha cara – disse rindo. Ergueu a mão direita e
pegou o CD. Voltou a olhar para a garota que o encarava – Ah, sim,
eu também queria saber seu nome – seu rosto corou ao perguntar. A
garota dos cabelos esverdeados juntou as sobrancelhas, suspirou e
respondeu – eu me chamo Niah – disse ela de um jeito ríspida e
debochada. O rapaz se animou em responder – Niah, meu nome é
Will, prazer em conhecê-la – estendeu a mão sobre o balcão, mas a jovem nem se quer olhou para ela, seu olhar viajou até o relógio sobre um pôster do evanescence, localizado no alto das prateleiras fixadas a parede do lado esquerdo da loja – já são meio-dia, vou fechar para o almoço – disse ela guardando seu headphone na gaveta em baixo do balcão. O jovem editor de decupagem se animou novamente – ótimo, vamos almoçar juntos, te espero lá fora – disse sorrindo como se já tivesse ganhado um “sim” e saiu andando até a porta. A garota gótica
o seguiu com os olhos, pensou em repreendê-lo novamente como
tinha feito no beco noite passada, mas não o fez, apenas respirou
fundo, o mais fundo que pôde e soltou o ar lentamente. Que cara
insistente.
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Lavínia
FantasyLavínia conta a história de uma garota que é extremamente poderosa, ela luta contra criaturas enormes que surgem pelo mundo desde criança. Niah não sabe de onde veio, porque é tão forte e nem quem são seus pais verdadeiros. Essas questões acabam per...