Gargadu

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          Muita movimentação na sala de controles da grande Barramutze. Os controladores se preparavam para entrarem em dobra.

          Na engenharia, o chefe Radash gritava ordens para os técnicos que corriam de um lado para o outro nos corredores dos processadores que estavam renascendo.

           Bilder agora estava diante dos controles principais – esperando sinal verde da engenharia! – o capitão Key observava tudo do seu acento localizado no alto perto da ponte atrás dos controladores, de frente para o para-brisa dianteiro. Estamos chegando, aguentem.

           O chefe agora gritava com os engenheiros de softwares – vamos logo com isso – os engenheiros trabalhavam manualmente nas placas de memória dos processadores, quando um a um vão erguendo as duas mãos, indicando "finalizado" para o chefe Nagore – ótimo – Radash se volta para o microfone e grita alegremente – Tenente, Bilder, estamos prontos para a dobra – disse ele sorrindo.

          Na sala de controles, o tenente Bilder informa aos gritos – sinal verde, prontos para a dobra – gritou ele acionando os controles no painel a sua frente. O capitão grita – preparem-se! – os cadetes começavam a iniciar os controles que ativam o modo Dobra.
       Tudo corria bem, os processadores respondiam com agilidade, as conexões fluíam sem deleis – senhor capitão, entraremos em dobra em 3... – gritou Bilder ligando os motores – 2... – continuou a contagem enquanto os processadores drenavam energia dos dois núcleos no coração da nave, então algo acontece. Luzes de emergência iluminam o interior da nave, as telas dos supercomputadores piscam uma moldura avermelhada com a frase "perigo, ataque de spyware a frente" – o que está acontecendo? – quis saber o capitão se erguendo do seu acento. Bilder lançava um olhar perdido sobre seu painel de controles que piscava a mesma luz de emergência – eu não faço ideia – gritou de volta erguendo as mãos. Um técnico se ergue de sua zona de controle e grita – senhor, o Spyware é um pedaço desmembrado do malware que está tentando se infiltrar novamente nos sistemas de voo, está nos impedindo de entrar em dobra e de até mesmo pilotar a nave, estamos à deriva – movimentação, os cadetes corriam de um lado para o outro, tentavam proteger os arquivos secretos antes que fossem corrompidos pelo vírus. O capitão encara o caos na sala de controles à sua frente. Temos que encontrar quem está fazendo isso – senhor, precisamos proteger os códigos de navegação – gritou uma cadete de sua zona de controle. Esses códigos em mãos errados podem levar até a localização do quartel principal dos rebeldes Lavi, para os tripulantes, era de suma importância proteger a localização de seus irmãos de guerra. 
       Bilder olhou em volta – droga, aonde está o primeiro tenente Gargadu? – gritou Bilder correndo os olhos pela sala. Ao escutar a pergunta de seu segundo tenente Bilder, o capitão então percebeu uma brecha. Gargadu.

      A área de CIÊNCIAS E TECNOLOGIA era o departamento qual Gargadu era responsável, todos os softwares que rodavam nos processadores da nave eram criados ali.   
      Sua equipe de 16 assistentes, agora, emprestados ao departamento de engenharia, ajudavam os técnicos a colocarem a nave em dobra novamente e lutavam contra um malware ao mesmo tempo, mas, o que esses assistentes não sabiam é que lutavam contra um AGENTE DESTRUTIVO que eles mesmos criaram sob ordens de seu primeiro tenente e também chefe de departamento, Gargadu.

       Quando a tripulação do seu novo capitão, Key Roul Strombiart foi escolhida, Gargadu foi nomeado primeiro tenente e, por ser graduado em tecnologia quântica, ele também ficou responsável por CIÊNCIAS E TECNOLOGIA. Gargadu selecionou seus próprios assistentes que preencheriam os cargos de "Assistente de ciências aplicadas quântico". Feito isso, todos trabalhavam em como melhorar o desempenho dos servidores, quais apresentavam problemas de conectividade constantemente, então, durante uma pane no sistema de navegação que deixou os códigos desprotegidos, Gargadu agiu em segredo com seus assistentes – vamos criar um agente de proteção virtual – os agentes de proteção eram como seguranças de shopping, não eram muito confiáveis pois tomavam decisões por conta própria, sem necessitar da aprovação de um superior, mas o primeiro tenente tinha uma ideia – vamos escrever um código de comando que vai enganar o raciocínio do Agente, fazendo-o pensar que está tomando as próprias decisões – então, após trazerem a nave de volta do pane, começaram a trabalhar nesse Agente de segurança. Dois longos anos se passaram até que um dia, eles enfim terminaram – está pronto... vamos inserir o código de comando – disse Gargadu para seus assistentes. O agente estava concluído, o programa que protegeria os servidores de qualquer ameaça que tentasse invadir a conexão estava circulando entre os dados de rede – vou inserir uma senha de ativação, não podemos deixar esse agente circulando por ai sem restrições – então, uma senha foi criada e o programa aprisionado... mas agora, ele estava à solta nas redes de dados novamente e sobre as ordens de seu criador... Gargadu.
        Vão pagar, todos vão pagar, eu te juro. O primeiro tenente caminhava a passos largos pelo corredor, em suas mãos, uma folha de vidro que para nós, os humanos, seria um tablet futurista.
         Gargadu selecionava arquivos constantemente na superfície do dispositivo móvel. SOFTWARE DE PROTEÇÃO A FRENTE. Informava um alerta na tela do tablet, o tenente sorriu. Eu criei esse software.
       Gargadu caminhava pelo corredor em direção a sala de CIÊNCIAS E TECNOLOGIA. Ao se aproximar da porta, um "bipe" soa pelo ambiente – identificação confirmada, Dr. Gargadu – disse uma voz robótica vinda do computador de identificação localizado na porta que segundos depois deslizara para dentro da parede abrindo passagem para o tenente. As luzes da sala que continham sensores de movimento se acenderam rapidamente.
         No ambiente predominava a cor branca, dando ao lugar um Q de tecnologia que jamais conseguiríamos alcançar. Vários supercomputadores enchiam o lugar. Protótipos de armas que estavam em desenvolvimento enchiam as mesas de cirurgia. Na ala de softwares e programas ficava a sala de criação, onde eram construídas todos as barreiras de proteção dos programas usados na nave. O Doutor pousa o tablet sobre a mesa e o conecta a um computador. A tela do PC se ilumina, rapidamente Gargadu começa a inserção do spyware no sistema de navegação. Não podem protege-lo, eu possuo a quinta senha de bloqueio. Pensou ele sorrindo. Seus dedos são ágeis sobre o teclado que acabara de solicitar, uma folha de vidro emergiu feito uma gaveta de dentro da mesa, agora, o tenente escrevia manualmente um código de proteção para o spyware. Um antivírus para o vírus. Ao terminar, bastava selecionar a tecla enviar na tela do PC que o vírus atacaria os dados de navegação da nave, deixando-os expostos para que qualquer um possa hackea-lo. Gargadu então seleciona a tecla, mas algo acontece, um alerta na tela de seu supercomputador surge – sistema bloqueado – disse uma voz robótica. Mas, que droga é essa? – eu bloqueei o sistema, tenente – disse uma voz masculina vinda das suas costas. Gargadu se vira rapidamente e se depara com seu capitão acompanhado por dois guardas armados – ah, capitão, que honra tê-lo aqui embaixo – disse ele sorrindo e ficando a vontade em sua poltrona – não consigo acreditar que justamente VOCÊ nos traiu... – lamentou o capitão – não jogue esse jogo comigo, capitão, eu não sou o traidor aqui – disse sorrindo o tenente – você que me traiu, você que mentiu para mim, e agora... a minha mulher está morta – na tela do PC no canto inferior esquerdo uma pequena barra de carregamento está enchendo 87%. O capitão o encara – tenente, perdemos muitos de nós naquele dia por causa de um erro, mas acredite, não tivemos nada a ver com a morte da sua esposa... – o capitão foi interrompido – mentiras, mentiras, só mentiras é o que você conta... eu vi com meus próprios olhos, sob suas ordens a sua nave abandonou a escolta para ir atrás daquela abatedoura Jiokam, se tivessem ficado, se vocês tivessem ficado, a nossa nave transportadora não teria sofrido aquele ataque, não teríamos perdido todos aqueles reféns resgatados em Cania... eu não teria perdido a Aididh – disse ele cheio de fúria. O capitão sabia que havia agido por impulso naquele dia, no resgate dos reféns em Cania, por aquela ação, Key foi a julgamento, mas tendo seu pai como defensor o capitão foi absolvido das acusações e isso fez com que um ódio nascesse no peito do tenente Gargadu que jurou se vingar a qualquer custo. Durante as negociações em Abariki a respeito da compra dos dois canhões "olhos de dragões", o Doutor marcou um encontro com o capitão Biraki em um bar no planeta pirata, lá, os dois arquitetaram um plano. Gargadu infectaria o sistema da grande Barramutze, destruindo os seus programas de invisibilidade, ai então, o capitão Biraki entraria em ação, atacaria a Barramutze, faria prisioneira a tripulação, sendo que ele, o Doutor seria libertado em Abariki, onde lá ele emitiria um sinal para as outras naves rebeldes Lavi que iriam a seu encontro, para eles o Doutor diria que a Barramutze havia sido destruída pelos Jiokans e que o capitão havia sido assassinado. Mas, nada saíra de acordo, e agora, o Doutor havia sido pego no ato.

         Na tela do Pc, a barra de carregamento informava 99% concluído – eu lamento, Doutor, mas terei que prendê-lo sob a acusação de traição, motim e tentativa de assassinato, quando colocou a sua tripulação em risco. Guardas, prenda-o! – ordenou friamente o capitão. Gargadu sorriu – sabe qual é o seu problema, Key? O seu problema é que você acha que sempre está à frente de todos – a barra de carregamento se completou 100%. Luzes azuis substituíram as brancas num flesh. Um som de retrocesso soou pelo ambiente, daí então, a gravidade sumiu, todos subiram em direção ao teto, flutuando lentamente, mesas, cadeiras, comutadores e tudo mais flutuaram dentro da sala.

       Na sala de controles a gravidade também havia caído, todos e tudo flutuava – mas, o que está acontecendo? – quis saber Bilder se segurando a seu painel de controles.

        No departamento de engenharia o chefe Radash e seus subordinados também flutuavam – fomos nós que fizemos isso? – disse ele enquanto se segurava a uma barra de segurança da passarela a cima dos processadores – não, não fomos nós, os controles de gravidade estão no departamento de CIÊNCIAS E TECNOLOGIA! – gritou um técnico que flutuava livremente para o teto da sala.
        Gargadu agarrou seu tablet sem se preocupar em desconectá-lo do Pc, depois se jogou sobre uma espécie de extintor fixado a coluna a sua direita, ele arrancou o lacre com os dedos e usou a ferramenta ant-incêndio como propulsor a jato e saiu deslizando pelo ar em direção as portas de saída. Os dois guardas usaram suas armas, os tiros atingiram as paredes da porta pouco depois de Gargadu as atravessarem.

        Pelo corredor, o Doutor flutuava com velocidade em direção a ala de evacuação da nave, as luzes azuis as acompanhavam.
        Na ala de evacuação, quatro guardas flutuavam suspensos no ar, quando de repente o Doutor/tenente passou entre eles deslizando rapidamente em direção as pequenas naves de evacuação. "botes salva-vidas". O tenente largou o extintor e flutuou até uma das naves que estava pousada sobre trilhos semelhantes a trilhos de trem. Os trilhos adentravam a escuridão de uma pequena "caverna" na parede, uma passagem que levava a pequena nave de evacuação em direção ao espaço. O Doutor abriu a escotilha da nave e se pós para dentro, a pequena nave abrigava até cinco passageiros, um piloto na frente e atrás, na área de bagagem haviam mais quatro acentos com cintos de segurança e mascaras de respirar seja lá qual substância eles respiravam. O doutor viu as luzes azuis sumirem dando lugar as luzes brancas. A baixa gravidade se foi. Ele ligou o painel de controles a pequena nave despertou. Os propulsores se acenderam e então sobre os trilhos a nave deslizou em direção a escuridão da passagem na parede.

      Uma pequena escotilha localizada no casco da grande Barramutze em meio a várias outras se abriu, e em seguida a nave de evacuação ganhou liberdade, viajando rapidamente para longe da nave mãe.
        Dentro da sala de controles, todos os tripulantes viam a pequena nave de evacuação se distanciar com velocidade – devemos... abate-lo, senhor? – perguntou Hanru de pé ao lado de seu capitão um metro mais baixo que ele. Key observou por alguns segundos até a pequena nave sumir ao longe entre as estrelas – não, está fora de alcance – respondeu seu capitão. Também de pé ao seu lado estava Bilder, ele encarou-lhe por alguns segundos até ouvir seu capitão sussurrar – Bilder, nomeio você o novo Primeiro-tenente... e a sua primeira tarefa nesse novo cargo, será cuidar para que está nave fique pronta em dez minutos, entendido? – Bilder entrou em formação – sim, senhor – e saiu aos tropeços gritando ordens para a tripulação. Key ficou ali diante do para-brisa dianteiro observando as estrelas ao lado de seu fiel escudeiro Hanru. Espero não nos encontrarmos de novo...

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