Capítulo 15

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Boa leitura!! 


— Você conseguiu falar com o Ethan ontem? — Mare perguntou assim que eu entrei na cozinha. Hoje era o ultimo dia que íamos trabalhar no café e logo começaríamos a arrumar as malas pra nossa viagem, eu estava ansiosa.

— Sim, falei com ele e logo depois encerramos a ligação. Segundo ele, tinha alguma movimentação no acampamento. Por quê? — Perguntei sem entender.

— Eu não consegui falar com o Collen, acordei me sentindo mal, sabe? Uma angustia tomando conta de mim, mas, espero que não seja nada. Afinal, notícia ruim chega rápido, não é?

— Sim, Ethan disse que o sinal lá é sempre ruim, e você sabe como o Collen é com tecnologia, uma aberração.

— Sim, seu irmão é. — Ela falou rindo e saindo da cozinha, mas, parou na porta e olhou pra trás — Nos vemos daqui a pouco lindinha, te amo.

— Te amo mais.

Enquanto eu me arrumava pra ir pro trabalho, um aperto no peito tomou conta de mim, e eu apenas respirei fundo e torci pra que tudo estivesse bem com os meninos. Como Mare disse, noticia ruim chegava rápido. Mandei uma mensagem pra Ethan dizendo que o amava e que estava ansiosa pra falar com ele de novo.

— Está tudo bem... Ele está bem... — Falei me olhando no espelho, tentando acreditar nas minhas próprias palavras. — Ethan e Collen estão bem.

Peguei minha bolsa e as chaves de casa e sai torcendo para que o dia passasse rápido.

Assim que cheguei ao trabalho, Sr. Afonso pediu que eu fosse até o balcão cobrir a funcionária que tinha faltado.

— Eu não sei o que essas meninas pensam da vida, trabalho é responsabilidade. Por isso tenho sorte em ter você e a doce Marisa. Minhas preciosidades. — Ele falou com o seu sotaque Frances e alisando seu grosso bigode branco.

Sr. Afonso era um bom patrão e um grande amigo. Assim que nos mudamos e procuramos um emprego, ele fez questão de nos ajudar, e tínhamos total liberdade no café. Eu sinceramente amava o meu trabalho, e amava ainda mais as pessoas que eu conhecia ali, e as histórias que ouvia.

— Deixe comigo Sr. Afonso, o seu pedido é uma ordem.

Merci, ma chérie — Ele falou sorrindo e sumiu dentro da cozinha.

As horas passavam e o café ficava cada vez mais cheio, e como de costumo duas senhoras se sentaram na mesinha de canto e ficaram conversando. Não que eu prestasse atenção, mas, era impossível não ouvir as fofocas que elas faziam.

— Sabia que a minha vizinha está dormindo o carteiro? Sempre que o marido sai pro trabalho, ela espera cinco minutinhos e o homem entra pela janela. Eu fico só imaginando o que o pobre coitado fará quando descobrir. Será uma confusão sem tamanho — A mulher falou em tom de censura e eu apenas sorri.

— Que sem vergonha. Mulheres deviam se dar o respeito. — A outra respondeu revirando os olhos.

Trabalhar em café tinha seus momentos bons e ruins. Os bons eram as lindas histórias que você ouvia, ou até mesmo os momentos bons que você presenciava. Assim que comecei a trabalhar aqui um casal de estudantes de intercambio ficaram noivos na mesma mesinha que as senhoras fofocam. Ouvi também uma mulher se lamentar por saber que o marido estava dormindo com a secretária. Ri ao saber que uma senhora fugia de casa todos os dias pra comer pequenos cookies escondidos dos filhos, pois ela era proibida de comer açúcar. Aos poucos, você fazia parte da vida dessas pessoas sem nem se dar conta.

ESPOSA DE UM SOLDADOOnde histórias criam vida. Descubra agora