Capítulo 4

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Boa leitura!!

POV ETHAN 

  — Será que ainda sou bem vindo aqui? —  Ouço a voz baixa de Rick na entrada da academia. Estou terminando de colocar a ultima garrafa térmica com chá que Louísa mandou pra nossa reunião semanal com os ex combatentes. 

— Você é sempre bem vindo, cara —  Fala me aproximando dele e vejo seu semblante preocupado. Rick raramente demonstra suas emoções. —  Porque andou sumido? Achei que tínhamos feito algo com você. 

  — Eu só precisava me afastar um pouco, será que poderíamos conversar depois da reunião? —  Ele pergunta puxando uma cadeira e se sentando e ajeita sua prótese. Confirmo com a cabeça e termino de arrumar o resto do balcão. 

Aos poucos mais homens vão chegando pra reunião, por estar viajando Collen hoje não participará, então, será uma coisa rápida, apenas pra darmos continuidades as atividades. 

Depois de todos estarem sentados respectivamente em suas cadeiras e com pratos com alguns petiscos na mão, resolvemos que é hora de começar a reunião. Como sempre começamos com uma reza rápida e dizemos nossos nomes, hoje tem um ex militar que eu ainda não conheço.

— Boa noite, meu nome é Leonardo Scottfield, tenho trinta anos e dois anos afastado da guerra—  Ele fala enquanto fica em pé e olha ao redor.

— Boa noite Leonardo, seja bem vindo ao nosso grupo —  Falamos em uníssono.  

  — Conte sua história, tudo bem? —  Eu falo e ele concorda com a cabeça.

— Bom... — Ele suspira, mexe no cabelo e volta a falar —  Eu segui a carreira no exercito por conta do meu pai ter sido um grande soldado e eu queria que ele tivesse orgulho de mim, pois eu sempre soube que ele achava que eu era uma decepção já que minha mãe morreu uma hora depois de ter me dado a luz... Eu fui um bom filho, segui seus passos e mesmo assim não parecia o suficiente pra ele — Léo dá um sorriso sem graça e continua — Defendi nosso país, até que um dia o carro que eu estava junto com a minha tropa foi bombardeado por algum filho da puta, eu não sabia o que tinha acontecido na hora... Só depois de duas semanas eu acordei e tive ideia do estrago que foi feito comigo e os meus companheiros, todos morreram e eu fui o único que saiu vivo, mas, faltando um pedaço... —  Ele tira o casaco que tava vestido e mostra o pedaço que restou do seu braço, um corte acima do ombro. —  E quando eu voltei pra casa, meu pai estava me esperando e pela primeira vez ele disse que me amava e que ficou feliz por eu ter voltado pra casa, mas, eu tinha voltado fodido, eu tenho sonhos e acordo gritando toda a noite por conta dessa guerra. — Ele se senta novamente e por um momento o galpão fica todo em silêncio.

  — Nós aqui somos um grupo de apoio, mas, acima de tudo somos uma família. Você tem seus companheiros aqui e junto enfrentaremos tudo isso. Traga seu pai um dia, e ele será muito bem vindo — Eu digo caminhando e apertando sua mão.

— Obrigado companheiros —  Ele fala batendo continência e ambos retribuímos. 

O resto dos cinquenta minutos passaram com o resto do grupo de apoio contando histórias da época do exercito, sobre os pesadelos e o que poderíamos fazer para superar isso aos poucos e juntos. Quando deu oito horas, o galpão estava praticamente vazio, tinha apenas eu, Rick e Léo que ficou pra falar comigo.

  — Eu me senti acolhido aqui como há muito tempo eu não me sentia —  Ele diz sorrindo sem graça.  Ele era um pouco mais alto que eu, com o cabelo ruivo e algumas sardas pelo rosto, seu olhar era cansado e um pouco amedrontado, um  olhar muito comum aqui na academia. 

  — Um por todos, todos por um —  Falei batendo continência para ele que apenas concordou com a cabeça e saiu em direção a saída, deixando apenas eu e Rick. 

***

  — Encontrei com David —  Rick diz  dando de ombros e tira uma pequena de garrafa de vodka do jeans. — Dianna deixou eu vê-lo, mas, ele ficou com medo de mim e preferiu o marida da mãe, você acredita? —  Ele dá uma grande golada no líquido transparente e retorce a boca. — O meu filho preferiu outro homem e não o pai, porra! — Grita ele. 

  — Irmão... Calma —  Falo me aproximando dele e toco seu ombro, sinto pena desse pobre homem que queria apenas ter um momento com o filho e isso está sendo-lhe roubado. — Leva um tempo pra tudo se ajeitar, ele é uma criança.

— Que porra você entende? Tem a sua família perfeita, seu filho, sua esposa, seus pais... Você tem a maldita família perfeita Ethan, então não vem falar pra eu ter a fodida calma, porque não vai acontecer — Ele explode e se levanta mancando. 

—   Eu não preciso passar pela coisa pra saber o que você sente. Você não acha que enquanto eu estava fora naquela fodida guerra eu não tinha medo da minha esposa me deixar? Acha que eu não tinha medo de morrer e nunca conhecer meu filho? Eu tinha esse medo a cada maldito minuto e continuo tendo, as vezes eu acordo e fico velando o sonos dos dois, porque eu acho que a qualquer momento eles vão sumir de mim, ou então eu vou acordar gritando por causa de um pesadelo e Louísa vai me deixar... Então não vem aqui dizer que eu não entendo Rick, vai se foder —  Eu grito de volta e sinto a fúria tomando conta do meu corpo. 

  —  Desculpa cara, eu não queria descontar a frustração em você e nem falar da Lou... Ela sempre me tratou muito bem e eu amo o Elliot como se fosse um filho.

— Não cara, você é um fodido ingrato, eu te abri a porta da minha casa, te levei pra minha família, te ajudei com o seu filho e você me diz essas coisas? Acho que no final das contas, Collen tinha razão. 

— Ele tinha razão no que? —  Rick pergunta se voltando pra mim e seu semblante muda. Ele começa a olhar pros lado, como se procurasse alguma coisa.

— Rick, apenas vá embora cara, eu tô cansado e quero ir pra minha casa. —  Digo me sentindo esgotado, é engraçado que por mais que a gente tenta fazer o bem, sempre acabamos nos decepcionando e sempre é com quem menos imaginamos. — A gente se vê na quinta feira que vem. — Eu pego as chaves do meu carro e minha bolsa de viagem onde guardo minhas coisas da academia.

— Foda-se Ethan —  Ele fala e sai em direção a grande porta de saída do balcão.

O que foi que acabou de acontecer? Me pergunto enquanto olho em volta. Resolvo que ficar remoendo essa discussão não me levará a lugar nenhum, preciso da minha mulher e do meu filho e sem pensar muito, fecho o galpão e sigo em direção ao carro.

Em quinze minutos faço o caminho até em casa já que o trânsito está favorável, estaciono o carro na garagem, dou a volta na casa e antes de entrar, vejo através da janela Louísa dançando com Elliot no colo que cai na risada e Brutus ao lado pulando. Meu coração bate forte e eu me sinto o cara mais sortudo do mundo por tê-los em minha vida, e eu não sei o que seria da minha vida caso Louísa me deixasse um dia. Sorrio pra cena na minha frente, olho pra cima e agradeço mentalmente a Deus, por tudo o que eu tenho.

— Meus amores, cheguei — Digo entrando em casa e os seres mais importantes do mundo vem em minha direção e me abraçam, e eu não poderia pedir mais nada. 


Recadinhos! 

Olá pessoal, tudo bom? Por aqui tá tudo bem!!! 

Será que o Rick finalmente está mostrando suas garrinhas????? Sei não hein... só lendo o próximo capítulo mesmo pra saber. Só digo uma coisa: PREPAREM O CORAÇÃO!

Comentem MUITO e votem também, preciso saber o que estão achando.

Um grande beijo e até a próxima. <3

ESPOSA DE UM SOLDADOOnde histórias criam vida. Descubra agora