Capítulo Um

138 19 11
                                    

April

No dia seguinte acordei cansada. Ou melhor, em uma mistura de sentimentos estranhos que não conseguia explicar. Era tudo complexo demais.

Levantei da cama sabendo que estava atrasada para a escola, e pensando em como havia voltado para casa na noite passada, afinal, apenas lembro do momento em que caí.

Balancei a cabeça para afastar aquelas dúvidas e me arrumei para a escola rapidamente.
Corri até o jardim e peguei meu carro, levando-o em direção a estreita rua de ladrilhos.

     ***

- Então tipo, você não beijou ninguém? - Dylan perguntou pela segunda vez em cinco minutos.

- Pela milésima vez, Dylan. Não, eu não beijei ninguém. - Falei um tanto irritada e fechei meu armário, já com o livro de cálculo em mãos.

Seguimos pelo corredor, calados, até o refeitório onde sentamos na mesa com alguns dos "amigos" de Dylan. Ou como eu os chamav... Não, isso é assunto para outro momento.

Quando finalmente sentamos na mesa, peguei meu sanduíche de pasta de amendoim e ouvi um dos garotos comentar sobre a festa sem nexo a qual fui na noite passada.

Apurei os ouvidos.

- Eu não tenho certeza... Mas disseram que quem estava naquele show se transformou em vampiro ou algo do tipo. - Sussurrou o garoto.

Não pude deixar de rir, e logo os garotos me encararam, confusos.

- Você só pode estar brincando comigo! - Falei entre leves fungadas. - Ninguém virou vampiro naquele show.

- Como você tem tanta certeza? - Um deles indagou.

Dei de ombros.

- Simples, eu estava lá.

Os dois arregalaram os olhos, e todos na mesa pareciam ter parado para ouvir o que eu tinha a dizer. Por que eles estavam tão curiosos?

- Conte-nos, sua idiota! - Disse uma garota de cabelos curtos. Se eu não me engano, o nome dela é Alex.

- Tudo bem. - Concordei revirando os olhos, e então continuei: - Foi bem estranho. Todos estavam dançando de uma forma frenética quando a banda começou a tocar. As pessoas caiam no chão, tremendo e balançando o corpo de um forma quase doentia.
"Na maioria do tempo eu não entendia o que estava acontecendo. Afinal, por que todos estavam agindo assim? Era só uma música estranha. Bom, eu não lembro de mais nada. Jogaram algo em minha cabeça e simplesmente apaguei. Foi bizarro."

Todos me encararam de forma assustada, mas eu ainda não estava entendendo o porque. Foi apenas uma festa, e agora passou.

Uma garota gordinha apareceu do nada com um jornal em mãos, parando em frente à mesa, quase apavorada.

- Eles finalmente explicaram o que está acontecendo, ou tentaram. - Falou a gordinha. Ela tinha um sotaque latino bem diferente.

- Fala, Margharita! - Gritou uma menina de trás.

A tal Margharita respirou fundo e tentou conter o medo em sua expressão.

- É uma epidemia, ou qualquer algo do tipo contagioso!

- Tem a ver com o show de ontem? - Perguntou Ben, o garoto bissexual.

Por que teria? Foi só um show, falei pra mim mesma mentalmente.

- Pelo que vi, as primeiras pessoas foram contaminadas lá.

Fiquei boquiaberta.
Aquilo parecia paródia de série de zumbies.

- Precisamos nos proteger. - Disse Ben apontando para a tevê que mostrava algumas pessoas correndo no centro da cidade.

É, aquilo parecia sério.

Naquele momento finalmente me toquei. Não era hora de brincadeira, nós realmente teríamos que nos proteger disso, seja lá o que for.

Delayed's Onde histórias criam vida. Descubra agora