Capítulo Doze

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April

Aquele grito angustiante não saia de minha cabeça, e agora soava mais como um alarme, avisando por todos os lados que estávamos em perigo.

Fui até o Henry que chorava sozinho em um canto e me agachei ao seu lado, tentando parecer forte.

- Seria ridículo demais eu querer te abraçar agora? - Perguntei sendo sincera.

Ele virou para mim rapidamente, e pude ver um esboço de sorriso se formando em seus lábios.

- Acho que um abraço seria legal. - Henry disse enxugando algumas lágrimas.

O abracei por alguns minutos e depois nos soltamos em silêncio. Não que eu fosse uma pessoa super sociável e cheia de facilidade em interagir com pessoas, mas com Henry era diferente.
Como se eu o conhece a um tempo ou precisasse protegê-lo, cuidar dele de alguma forma.

Aquilo era bizarro.

Me levantei fazendo careta e ofereci uma mão para ajudá-lo, que aceitou e levantou pondo-se em meu lado.

Carter apareceu do nada e fez uma carinha de lua, olhando para nós dois.

O encarei com uma careta. O que ele queria dizer com aquilo?

- Hum, vamos? - Chamou ele contendo umas risadinhas estranhas.

Henry andou até ele e o socou, voltando a sala de estar onde chamou a atenção de todos.

- Alguém mais precisa ir até sua casa? Ou já podemos voltar? - Ele perguntou baixo e encarou-me. Às vezes eu notava que ele fazia isso.

- Se não se importarem, eu gostaria de ir até minha casa. - Disse e sentei-me no pequeno sofá que havia ali. Todos concordaram e seguimos até o Bubble. Mas dessa vez só havia o silêncio. Dei uma olhada em Henry, que carregava um olhar vago enquanto observava as casinhas sendo deixadas para trás e o cutuquei.

- Eu sei o que está pensando.

- O que? - Ele virou-se para encarar-me.

- Você não está sozinho, Henry. Sei que nem todos aqui são grandes amigos, muito menos colegas. Mas você tem a todos nós. Você tem a mim. - Falei olhando para a frente e pelo canto do olho pude notar sua expressão um pouco surpresa.

Eu não era o tipo de pessoa que virava amigo de outra assim, de uma hora para a outra. Mas naquele segundo eu decidi que, não importava o que acontecesse, eu ficaria ao lado de Henry.

- Obrigado, April. - Disse ele com um sorriso.

***

Parecia que eu não via minha casa a séculos.

Estava impecável, nada havia acontecido ali. O que deixou-me preocupada, afinal, meu pai havia sumido. Simplesmente não estava ali nem tinha nenhum tipo de mensagem.

Eu sabia que provavelmente teria de lidar com uma perda assim, mas eu não estava pronta para isso. Não assim, nem agora. Eu não conseguiria lidar com essa dúvida de jamais saber o que lhe ouve, mas não podia demorar. Outras pessoas dependiam de mim.

Corri até meu quarto, e ao entrar fui preenchida por toda a paz que era possível se ter no mundo. Como se simplesmente nada nunca tivesse acontecido e fosse mais uma noite de pizza e livros no meu quarto. Mais uma noite normal.

Henry logo apareceu junto com Andrew e os dois entraram, dando uma olhada em quase tudo, o que me deixou nervosa e constrangida.

Juntei algumas coisas que me pareciam importantes e que nunca poderia esquecer. Peguei algumas fotos de família e presentes importantes de meus pais, mesmo que eu não lembrasse como deveria da minha mãe.

Balancei a cabeça para esquecer aquilo e desci com os garotos, rumo ao carro.

Finalmente iríamos embora.

Dirigi por entre as ruas compridas e estreitas pensando em tudo o que estava acontecendo em tão pouco tempo e como lidaria com aquilo. Nunca fui muito boa em aceitar mudanças.

Porém aquela era diferente. Afinal, aceitando ou não, nada daquilo mudaria.

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