Delayed's

Capítulo Trinta e Cinco

                               Ben

Comecei a correr pelos corredores, desesperado. A dor em meu braço só aumentava, mas eu não podia parar de correr. Eu não conseguia achar Aaron ou Rachel e não podia gritar, pois eles iriam atrás dos dois.

- Ben! - Ouvi a Rachel gritar alto.

Parei de correr no mesmo momento. Ela não devia ter gritado. Agora, quem quer que seja, vai atrás dela. Rachel estava armada, mas eu fui esfaqueado enquanto estava armado, e isso não mudaria nada.

Comecei a correr novamente em busca da Rachel ou Aaron. Passei por todos os corredores possíveis tentando ouvir passos e segui-los. Mas isso não ajudou muito. O mercado estava completamente silencioso.

- Ben. - Ouvi um sussurro.

Rapidamente virei para ver apenas o rosto do Aaron me encarando.

- Cara, o que você está fazendo no meio das bebidas? - Perguntei sem entender.

- Esse é o melhor esconderijo. - Respondeu parecendo confortável. - E o cheiro é ótimo.

- Aaron, precisamos achar a Rachel. - Disse eu lembrando dela. - Vamos!

- Calma, calma. A Rachel sabe se virar muito bem sozinha.

- Não acredito muito nisso.

Começamos a correr o mais rápido que conseguimos. Ouvi passos agitados e os segui o mais rápido que consegui. Parei ao ouvir o grito da Rachel seguido de um tiro. Meu coração acelerou a medida que eu corria em direção a saída, afinal, era de lá que os barulhos vinham.

A cena que encontrei em seguida me deixou surpreso.

Havia um corpo no chão ao redor de uma poça de sangue. Rachel estava ao lado, ajoelhada e com as mãos ensopadas.

- Nunca pensei que diria isso, mas Rachel, você é foda! - Disse Aaron sorrindo. - Como você o matou?

Dei uma cotovelada no Aaron quando percebi a expressão assustada da Rachel. Suas mãos tremiam como eu nunca tinha visto.

- E-eu não sei. - Respondeu ela num fio de voz.

- Tudo bem. - Disse eu chegando perto dela. - Vamos para o hospital. Estaremos seguros lá.

Com o braço que não estava ferido, ajudei Rachel a se levantar.
Enquanto andávamos para o carro, Aaron não parava de elogiar a Rachel dizendo que ela parecia uma heroína de um filme de ação. Eu faria piadas desse tipo também, mas a expressão no rosto dela não permitiu. Ela parecia assustada, com medo de algo. Gostaria de perguntar o motivo, mas eu já sabia.

Matar alguém não deve ser nada fácil. Afinal, você está tirando a vida de uma pessoa, tirando a liberdade de fazer algo, de construir uma família, de ser feliz. Eu podia sentir esses pensamentos vindo da Rachel e não havia nada que eu pudesse fazer. Não com Aaron ao nosso lado fazendo piadas a cada dois segundos.

- Você está bem? - Perguntou Rachel olhando para o meu braço.

- Sim, foi apenas um corte raso. - Respondi.

Ele esboçou um sorriso e voltou a olhar para a janela.

Esses dias não seriam nada fáceis.