Capítulo Quarenta e Cinco

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                            April

A dor e o medo pareciam com um alarme que soava por toda parte do meu corpo. Eles não me deixavam fechar os olhos, me mexer ou até mesmo piscar sem que eu fosse tomada por algo horrível como uma escuridão tão profunda que seria possível segura-lá em minhas mãos.

Já faziam algumas horas que os homens que haviam batido em mim sumiram, e a única coisa que eu conseguia fazer era gritar e chorar. Eu chorava por Henry, por Rachel, Andrew e por mim também. Não por toda a dor e o medo que eu estava sentindo no momento, mas pelo simples fato de não poder fazer nada por eles.

Juntei as forças que ainda tinha, sentindo todo o meu corpo tremer com aquele movimento, e fui até a porta, batendo-a sem parar.

- Tirem-me daqui! - Eu gritava entre as lágrimas que teimavam em sair.

Ouvi alguns gritos e fui em direção à pequena televisão que havia em uma das paredes brancas. Ali, no canto direito da pequena tela, estava Henry preso em uma cadeira, de frente para a mesma televisão que havia em meu quarto. Mas não estava passando as filmagens do que acontecia nos outros quartos. Ali, em alto e bom som, estavam aqueles dois homens batendo em mim, inúmeras vezes, e ele estava sendo obrigado a ver aquilo, preso naquela cadeira idiota.

- Henry! - Eu dizia na esperança que de alguma forma ele pudesse me ouvir. - Isso passou, eu estou bem! - Menti batendo na porta até sentir as feridas em minhas mãos. Eu não aguentava mais aquilo.

Voltei ao mesmo canto de antes, onde ainda existiam marcas de sangue por todo o chão branco e me encolhi, apenas ouvindo os gritos perturbadores de Henry que pareciam eternos. Eles ecoavam por toda minha cabeça, não me deixavam pensar ou sentir algo que não fosse dor. Mas não era a dor física. Afinal, eu não estava ligando se tinham me dado um surra. Mas, era algo pior. Era como se alguém tivesse enfiado uma faca diretamente em meu coração, e não havia nada que pudesse cura-lo, ao não ser o motivo pelo qual o mesmo sofria: Henry.

Passei as mãos pelos meus cabelos e respirei fundo, devagar. Afinal, se eu quisesse manter o pouco da sanidade que ainda tinha, eu precisava dormir, ou pelo menos tentar descansar um pouco.

Encostei minha cabeça na parede e dei uma última olhada naquela televisão, tentando segurar as lágrimas que já escorriam sem permissão. Com as mãos tremendo, passei-as pelo rosto enxugando-as e fechei os olhos.

Por um momento, realmente pensei que tudo ficaria bem. Eu não via mais sofrimento nem dor, e a única coisa que conseguia ouvir eram os pequenos ruídos da minha própria respiração.

Mas eu estava errada.

Logo um alarme ensurdecedor soou por todo canto, fazendo as paredes estremecerem, e por um breve tempo achei que minha cabeça fosse explodir. Levei as mãos aos ouvidos rapidamente e gritei, mas a minha voz era como um pequeno ruído diante daquele som.

Em um estalo, tudo ficou em silêncio novamente, ao não ser por uma voz que surgiu do nada dizendo:

- Nem pense em dormir, querida.

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