Capítulo Quatro

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April

Na rua do colégio haviam centenas de pessoas aglomeradas por toda parte.

Entrei no estacionamento, atropelando alguns homens que não paravam de dançar e fui em direção à entrada principal, que por acaso estava trancada e cheia de gente se esfregando na parede.

Olhei para Dylan em busca de resposta.

- E agora?

- Ligue para alguém! Provavelmente ainda estão aí, afinal essa merda está trancada por dentro. - Observou ele enquanto eu tentava desbloquear meu smartphone, totalmente sem sucesso.

- Você tem o número de alguém? - Ele fez careta, enquanto observava alguns 'carinhas' se aproximando do carro.

O encarei.

- Só tenho o número daquela garota, a presidente da turma e tal.

- Rachel?

Assenti, discando o número dela, e torcendo para que a mesma não ignorasse o telefonema de uma mera mortal tão necessitada.

Caixa postal.

- Fala sério. - Resmunguei quando um dos idiotas dançantes esmurraram o vidro mandando beijinhos para o Dylan, que ameaçou vomitar. Se eles não fossem isso... Eu até shipparia.

Ele tomou o smartphone das minhas mãos e discou outro número, enquanto eu dirigia/gritava.
(Sério, esses caras me assustavam).

- Oi, você lembra de mim? Isso. Dylan Ross. Hahahaha.

Foi o máximo que consegui entender daquela conversa, quando na verdade eu queria dizer "Dylan, tem uns caras que não param de dançar correndo atrás da gente aqui, tem como fazer alguma coisa?".

Uns dez minutos se passaram e eu continuava a dar voltas no estacionamento, desviando de postes e carros, e algumas vezes atropelando idiotas que se colocavam na frente.

Eu já estava enjoada.

- O Ben está dizendo que poderíamos entrar pela janela do banheiro das garotas.

Ah, estava explicado o mimimi daquela conversa. Ele estava simplesmente falando com Ben Thomas. O garoto mais bonito segundo Dylan. Aquele com quem ele não se importaria nem um pouco de passar uma noite cercado por zumbis que dançam funk, ou o quer que eles sejam.

- O da ala leste? - Perguntei contendo uma risadinha.

Ele assentiu, e deu um murro em meu braço.

Chegamos no muro que nos dividia do interior do banheiro, e por enquanto não havia nenhum louco por perto (eu ainda não sei como chamá-los).

Descemos do carro rapidamente e corremos até o batente onde podia-se alcançar a janela de vidro.

Dylan jogou uma pedra na mesma, que se partiu em milhares de pedaços, fazendo um barulho ensurdecedor.

Segundos depois, Ben, Rachel e Ki apareceram na janela, e indicaram que um de nós subisse primeiro e depois puxasse o outro.

E assim foi. Dylan subiu no batente cinza e acabado e logo foi puxado por Ki e Ben para dentro, fazendo meu coração ser invadido por um enorme alívio. Afinal, ele estaria seguro ali.

- Agora você, April. - Disse Rachel estendendo a mão. Olhei para trás e lembrei que talvez precisasse da minha mochila. Não saberia quanto tempo passaríamos trancados ali, muito menos quando teria a chance de voltar com calma até meu carro.

- Só um segundo. - Sussurrei e corri até o bubble, deixando-a confusa.

Abri o carro e entrei, juntando as coisas que me pareciam importantes. Sanduíche velho, casaco, carregador, caderno de cálculo...? É, aquilo era importante. Joguei tudo na bolsa e dei mais uma olhada nos cantos a procura de algo sem o qual não viveria, logo ouvindo um grito da Rachel.

Virei-me para sua direção, e notei que ela apontava para algo atrás de mim. Seria um deles?

Olhei para atrás e vi dois homens gorduchos correndo em direção ao carro.

Uma onda de pânico invadiu-me rapidamente, e me controlei para não vomitar ou apagar ali mesmo.

Qual seria minha chance contra eles? Eu era uma garota pálida, magrela e sedentária de no máximo 1,70 de altura. Eu já estava morta.

Calculei.

Eles estavam a quase dez metros de mim, e a distância do carro até a janela era de menos da metade. Considerando minha velocidade, e a deles, eu teria menos de dois minutos para correr e entrar antes que chegassem até mim.
Talvez eu tivesse uma chance.

Fechei os olhos, respirei fundo e fui.

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